sábado, 29 de dezembro de 2018

Sem graça

Depois de mais de três horas nas urgências e quase uma na farmácia, por conta de muito ranho, muita lágrima e muita dor de garganta (e em todo o resto do corpo),rendi-me. Convenci-me que este ano, o revelhão aqui da menina vai ser de pijama e pantufas bem em frente à lareira (quase lá dentro, vá). A fazer lembrar um de há alguns anos, em que fomos com os nossos amigos A e F para o Algarve na esperança de alguns dias de ramboia e acabámos o ano a jogar à sueca num dos quartos, depois de eu ter apanhado uma carraspana quase como esta que tenho agora. Acabou por ser divertido, é certo. Mais ainda, agora, à distancia de alguns anos.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Desenvolvimento sustentável

"A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico venceu o Prémio Nacional da Paisagem de 2018, uma iniciativa do Ministério do Ambiente que visa a divulgação de boas práticas territoriais que promovam a qualidade da paisagem e que aumentem a consciência cívica sobre o seu valor cultural."
"Acores 24 horas"
 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

E a tradição cumpriu-se! Mais uma vez.

No dia de natal, por aqui, os quartos estão todos ocupados. E em todos se ressona. Levanta-se um de cada vez. Despenteados. Ensonados. Enjoados dos excessos da noite anterior. Alguns ranhosos (este ano era só eu). Damos encontrões uns aos outros ou aos brinquedos aos montes por todo o lado.
Ainda antes de lavarmos os olhos, vamos penicar dos restos que ainda dormem em cima da mesa. Com muita dificuldade, por ali andamos a arrastar-nos entre a mesa e o sofá. Ao fim da tarde vê-se Sozinho em Casa pela milésima quinta vez. Cumprimos mais uma vez a tradição de ver um filme que já conquistou a nova geração cá de casa.
Dava uma unha para saber se a RTP registou em notário que passaria este filme todos os natais enquanto emitisse.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

"Magnifica Itália"

Cerca de oitenta por cento das visualizações deste blog, são de Itália.
Grazie italiani!
Veneza. Tão bom!

domingo, 16 de dezembro de 2018

Sem ironia

Confesso a minha absoluta ignorância em relação às competências do Presidente da Republica.
Logo, não sei se o nosso é um bom presidente.
Mas, se há figura publica que me encanta, é Marcelo.
Inspira-me simpatia, ternura. Apetece-me correr atrás dele (e a grande velocidade, que o homem anda sempre a mil) e traze-lo pra casa. Pô-lo a ler pra mim, a fazer-me o almoço, lavar a loiça, limpar o pó...
É que o homem tem ar de fazer tudo bem feito!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Quando nas salinas de Rio Maior...

... pequena Papoila viu um caixote cheio, não esteve com meias medidas. Largou-me a mão, arregaçou as mangas e pôs a mão.....no sal!
 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Rainbow

What a wonderful world

As cores do arco-íris, tão bonitas nos céus
E estão também nos rostos das pessoas que passam
Vejo amigos apertando as mãos, dizendo: "como você vai?"
Eles realmente dizem: "eu te amo !"
Eu ouço bebês chorando, eu os vejo crescer
Eles aprenderão muito mais que eu jamais saberei
E eu penso comigo... que mundo maravilhoso
LOUIS ARMSTRONG
 
 


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

E espaço para a paparoca, não?

Por esta altura, muito se fala, escreve e mostra "mesas de Natal" perfeitas. Para os "entendidos", a dita mesa tem de ser vestida com o melhor linho e carregada de baixelas de porcelana, bons cristais e talheres de prata. Tudo isto, à molhada com muita vela, muita bola, muito musgo, muito azevinho, muito laço, muita nhanha branca a fingir neve, muita pinha, mais uns duendes, argolas de guardanapos do tamanho de pulseiras e mais mil e quinhentos atavios.
Olhando aquela parafernália, fico aqui a pensar onde raio aquela gente põe a comida! 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Viver/existir

A D.G. tem mais de oitenta anos. Há uns meses partiu um braço. Pouco depois, partiu o outro. Fez cirurgia e fisioterapia, mas uma das mãos não recuperou a ela não consegue "fazer a sua vida" sem ajuda.
Disse-me ela ontem "Vê lá, tão autónoma que eu era, e agora vou ficar assim, dependente para sempre. Até ao fim da minha vida". Gostei de a ouvir dizer isto. Não, não fiquei contente por a senhora ficar dependente! Fiquei contente, pelo modo como ela disse "até ao fim da minha vida". A maneira como o disse. Como se o fim da sua vida estivesse muito longe. Como se ainda tivesse para viver outra vida. Longa.
Gosto de pessoas assim. Que não vivem cada dia como se fosse o ultimo. Mas que vivem cada dia, como se fosse o primeiro de muitos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Sem título

Não tenho especial apreço pela época do Natal. Mas deixo-me contagiar. Até porque as Papoilas fazem anos por estes dias, e Natal com crianças é mesmo outra coisa. Mas, e apesar de eu gostar, é inverno. Faz frio. Chove. Hoje, a "anatalar" por aqui, já gelada e farta de bolas, pinhas, bagas e afins, pus-me aqui a pensar nas pessoas que não têm hipótese de preparar o Natal. Porque natal, não é sempre que uma pessoa quiser. Há pessoas que querem e não podem. Está frio e não têm roupa quente. Ou sequer casa. Não têm onde se abrigar da chuva. Há pessoas sem saúde. Há quem não tenha comida para pôr na mesa no natal ou nos outros dias.  Há até quem não chegue vivo ao natal.
E eu aqui de trombas, porque me piquei nas bagas, porque a tesoura não corta ou porque as gatas destruíram tudo o que eu acabei de fazer.
Já passa.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Duas margens

"Um homem não é uma margem que apenas existe de um ou de outro lado. Um homem é uma ponte ligando as diversas margens."
Mia Couto

sábado, 24 de novembro de 2018

Papoila mais crescida nos Açores

Papoila mais crescida esteve uns dias em S. Miguel e adorou. "É o máximo, avó".
O pior foi quando o avião em que deveriam vir, teve um problema e o voo foi adiado para o dia seguinte. Ela pensou que já não vinha e chorava com saudades de casa. Viajar é bom, mas como eu costumo dizer, o melhor é voltar pra casa.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Conforto e higiene, conceitos que mudaram


Nestes dias de chuvosos, de janelas fechadas, e mesmo com desumidificador ligado, “cheira a chuva”. Esquisitices minhas, eu sei, mas gosto de ter a casa bem arejada. A cheirar a sol. Por isso aproveito cada raio para abrir as janelas. Andava hoje nesta fona de dona de casa (!), quando me lembrei de como no tempo das minhas avós tudo era diferente. Higiene e conforto eram outra coisa. Bem diferente de agora. As minhas avós eram mulheres asseadas e muito organizadas em casa, mas… dentro do conforto e modos de higiene da época. Lembro-me que no verão se faziam as “limpezas grandes” e ainda consigo sentir os cheiros da ocasião. Como se fosse agora. Abriam-se portas e janelas. Mudava-se a palha de milho dos colchões, vasculhavam-se os tetos de “telha vã” com vassouras de milho painço, limpavam-se “os amarelos” com Benzina, caiavam-se as paredes com cal, que se comprava em pedra e se “caldava” em grandes potes de barro (o que eu gostava de ver isto!), lavavam-se as tábuas corridas do soalho dos quartos com sabão amarelo depois de lavado com soda cáustica e o chão de terra batida das outras divisões da casa com óxido de ferro. As arcas eram abertas para arejar os cobertores e a seguir enchiam-se de bolas de naftalina. Lavavam-se as cortinas de chita com sabão azul e branco e as flores de plástico com “cloreto” e limpavam-se os parcos móveis com óleo de cedro. Lavavam-se no regato os tapetes e passadeiras de tear, e a roupa branca que corava sobre moitas de erva. Na “casa do forno” remendava-se a fornalha com barro amassado e caiava-se. Faziam-se novas vassouras de urze e pintavam-se os “mochos” com tinta azul- turquesa. Depois de tanto trabalho, os netos sujavam, os maridos vomitavam borras de vinho, os gatos espezinhavam a cinza e marcavam tudo com pegadas, os ratos deixavam caganitas nos cantos escondidos, as galinhas deixavam “presentes” onde calhava e no ano seguinte fazia-se tudo outra vez.
Agora, tudo é diferente. Mesmo por aqui.

 

 

domingo, 18 de novembro de 2018

Do homem que "não queria ser outra coisa"


"Quando um homem tem dentro de si uma verdade que quer ouvidos, até peixes lhe servem para auditório."
Miguel Torga

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Corações ....





O mais terrível não é termos o nosso coração partido (pois corações foram feitos para serem partidos), mas sim, transformar os nossos corações em pedra.
Oscar Wilde

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Tentar apagar a História é "estória" de meninos


Na história do mundo, das nações, e até na nossa história pessoal, há sempre momentos de glória e manchas indeléveis. Vitórias e derrotas estrondosas. Avanços e recuos gigantescos. Motivos de orgulho e de hedionda vergonha. Mas não há como apagar a história. Por mais que queiramos. Isto, a propósito de em Espanha haver a intenção de fechar ao publico o mausoléu de Franco no Vale dos Caídos. Porque é uma ferida exposta na história do país, dizem. Porque se gastam dinheiros públicos a venerar um monstro. Eu já lá estive. E, digo-o com toda a certeza, não me bastaria ler sobre a barbárie daquele Vale para a compreender, se não tivesse lá ido. Quem lá vai, “vê” com outros olhos o que já sabia. “Vê” Franco. Não vale a pena fechá-lo para tentar “matar” o homem. Ele vai continuar a “viver” naquele vale com ou sem visitas. Mesmo que retirem os seus restos mortais. É verdade que até para a construção daquela obra megalómana morreram muitas pessoas. Mas ela existe e é a prova da perversidade daquele monstro. Alem de que, é uma obra arquitetónica de valor reconhecido. É a prova visível daquela mancha na história de Espanha. Que não se apagará. Nunca.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

domingo, 11 de novembro de 2018

Ricardo Ribeiro



A primeira vez que o ouvi a cantar, arrepiei-me. Estava ali um fadista. Porque ser fadista não é quem canta fado. É quem a cantar fado, emociona, toca. Numa época em que a imagem vem à frente do talento, nunca tive duvidas de que, ainda assim, apesar do peso excessivo, ia ser reconhecido. Não podia ser de outra forma. Hoje, sem querer, dei por mim a vê-lo e ouvi-lo num programa daqueles que eu não gosto porque explora demasiado a intimidade dos entrevistados. Mas como era ele, fiquei. E ainda bem. Que pessoa extraordinária! Que homem inteligente e culto. Que se instruiu porque é inteligente o suficiente para absorver tudo o que o rodeia. Que cedo percebeu que essa é a melhor forma de aprender. Que soube fazer escolhas. Ouvi-o embevecida e emocionada. Inevitável. Teve um percurso de vida difícil, denso, mas que ao longo do caminho ele foi aprendendo a suavizar. Uma pessoa daquelas que vale a pena conhecer. Um testemunho emocionante sem ser lamechas. Uma pessoa com quem eu conversaria horas a fio sem dar por isso. E que alem de tudo, está um bonito homem. A auto estima também se conquista.  

Já agora, o programa era o Alta Definição na SIC.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Uma bruxa linda no Halloween

Mais uma importação parva que acabou com uma tradição antiga, o Pão por deus.
Desde que chegou que me falava que queria festejar o dia das bruxas, mas como estava sempre a chover, pensei que me escapava. Só que o S. ´Pedro foi amigo e eu percebi que ela queria tanto que num instante a transformei numa bruxinha linda. Um chapéu e uma mascarilha emprestados, uma vassoura que tinha feito para a eventualidade de ser usada, uma abóbora de plástico que tinha comprado numa ida às compras, cheia de figos secos (ela achava que era para dar e não para receber doces) e uma gabardina minha. E foi um gosto vê-la tão contente a distribuir "doçuras" e abraços à vizinhança. Disse-me que estava muito feliz e eu fui tirando umas fotos para ela mais tarde se lembrar. "Nunca mais vou esquecer este dia, avó. Nunca mais. O meu primeiro Halloween!"
É preciso tão pouco para fazer uma criança feliz!

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

AR/Bolhão

Há uns anos, no icónico mercado do Bolhão no Porto, eu e uma das minhas filhas apreciávamos o movimento daquele espaço tão peculiar, as cores, o buliço, aquela atmosfera de cenário cinematográfico, quando as duas quase ao mesmo tempo dissemos uma à outra que, para ficar perfeito, só faltava tirar-lhe o som (nenhuma das duas aprecia o linguajar tripeiro).
Hoje, perdi uns minutos a ver na tv um debate na AR sobre o novo OE (o que sempre suscita grandes atuações artísticas) e lembrei-me daquela cena no Bolhão. Tirei o som e fartei-me de rir.
Vinte pontos para o Bulão e zero para a AR.
Mesmo sem som!
É provável que aquele mercado não volte a ser o que era, mas deixou história. Marca.
Viva o Bolhão, carago!!!!!!
E o palavreado do Porto, goste-se ou não.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Papoila mais crescida nas Portas do Sol em Santarem


Não sei porquê, mas esta miúda adora este lugar. Está no top das escolhas sempre que há férias em casa da vó.

sábado, 3 de novembro de 2018

Mea culpa mea maxima culpa


Nasci num tempo em que os pais tinham um estatuto de grande superioridade em relação aos filhos. Eram austeros e até um pouco rudes no trato, não por falta de amor mas para impor “respeito” e marcar a cada um o seu lugar. Aos meus olhos, os meus pais não tinham fragilidades e estavam envoltos numa aura de invulnerabilidade tal, que, até há bem pouco tempo, eu não os via a precisar de mim. Que ser filha era uma responsabilidade, um dever, que tinha obrigações. Ser filha, era uma circunstância. A hipótese de eles precisarem de mim afigurava-se-me de tal maneira remota que quando, finalmente, me caiu a realidade em cima, eu não soube (não sei ) o que fazer. Como fazer. Não sei ser eu a mais forte. A que cuida. Porque cuidar de um idoso não é só dar carinho, compreensão, companhia. Há o lado prático das necessidades básicas. A realidade em paralelo com a teoria. Estou a prestar provas. Mas sinto que vou chumbar. Não por falta de empenho, mas por absoluta falta de capacidade. Não sei ser filha. A filha que eu gostaria de ser. E isso angustia-me!

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Papoila artista

O que é isso?-perguntei eu


Então avó, é arte!
E como se chama o teu trabalho artístico?
Chama-se "recinto desportivo". Não vês que tem muitos obstáculos?

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Amadeu Sousa Cardoso

No dia do centésimo aniversário da sua morte, é importante que se lembre a vida e a obra deste extraordinário artista.

Resultado de imagem para amadeu sousa cardoso

terça-feira, 23 de outubro de 2018

sábado, 20 de outubro de 2018

Quarteto de cordas da Guarda Nacional Republicana

Cineteatro de Rio Maior
19 de Outubro de 2018
 
Espetáculo integrado no programa das cerimónias comemorativas do aniversário da Unidade do Comando Territorial de Santarem. Serão muito agradável.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

De lavar??????


Os eletrodomésticos, esses monos tão indispensáveis mas que eu tanto abomino, são cada vez mais ecológicos e quantos mais +++++ tiverem, mais amigos do ambiente eles são, como nós sabemos. Pois sabemos! Se forem máquinas de lavar, têm de gastar pouca (íssima)  água  e pouco, mas tão pouco detergente, que se colocarmos mais um milésimo de grama a bicha já  fica baralhada, desata a lavar sem parar e volta ao principio quando lhe apetece voltando a “lavar”  tudo de novo, contrariando a sua função ecológica e a gastar água à fartazana. Aconteceu-me há pouco com a máquina de lavar roupa. Chamei o técnico e ele disse-me logo que era detergente a mais. Assim. Na lata. Que tinha que voltar a “lavar”  a  minha roupa toda sem detergente, já que ela própria já estava saturada do dito cujo, das lavagens anteriores. Mais me disse, que, depois de toda a roupa “lavadinha” sem um grama daquela coisa que lava, aí sim, poderia começar a usar detergente nas lavagens e mostrou-me a quantidade que me recomendava para não baralhar a “lavadeira”( e não ter de o incomodar). Ridículo! Era (é) quase nada.
Eu também tenho preocupações ambientais. Tenho! Mas se as máquinas de lavar não gastam agua nem detergente, não lavam. Então não lhes chamem máquinas de lavar, porra! Chamem-lhes outra coisa qualquer!

 

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Borboletas


Hoje vi uma lagarta. Todos os dias vejo lagartas. E, juro, ando farta de tantas ver. Mas esta era diferente. Bonita. Muito bonita. Enorme. Com muitas cores. Não a matei. Fiquei a olhar pra ela, a fugir de mim, parede acima a fugir da morte certa. Imagino que dará uma borboleta linda. Como as que havia na “Pharmacia” daqui quando eu era criança. Uma coleção enorme. É verdade que só lá ia quando estava doente, mas era entrar e não tirava os olhos delas. Tão bonitas. De tantas cores. Fechadas naquelas molduras. Tantas molduras. Cheias delas. Tão perto dos olhos e tão longe das minhas mãos. E ficava ali a olhar, encantada. Gostava tanto de borboletas. E ainda gosto. Vou esperar que esta lagarta faça o seu casulo bem alto lá no meu beiral e que quando for uma formosa borboleta venha pousar no meu livro. Ou, quem sabe, no meu ombro.

 

domingo, 30 de setembro de 2018

Antagonismos

Mas se uns chegavam e se sentiam em casa nesta aldeia, outros havia que não se ambientavam e sempre se sentiam forasteiros.
Era o caso de um casal com um rancho de filhos que veio nos anos sessenta de uma remota aldeia beirã e por aqui se instalou. Quando chegaram sentiram que tinham encontrado um outro Portugal. Se para a mãe e os filhos, haver casa de banho, as mulheres usarem o cabelo curto sem lenço e outras "modernices" era sinal de progresso, essas mesmas coisas eram para o pai o pior que por aqui encontraram. E muitas vezes dizia à mulher "Mas que raio de terra esta. Olha onde viemos parar! Que gente estranha esta que até caga em casa! Porcos, é o que é!"
Uns anos depois, morreu  numa grande cheia que por aqui houve. Só nunca se soube se afogado, ou se de medo de se ver rodeado de água. É que alem de não cagar em casa, também não tomava banho.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

A coragem do Sr. P


Os lisboetas – ou alfacinhas, como gostam que se lhes chame – sempre  pensaram que tudo o que não é Lisboa é apenas paisagem. Agora, não pra todos mas ainda para alguns, somos ignorantes, inferiores, saloios (no pior sentido que a palavra possa ter) e que eles sim, são o oposto e muito mais. Há muitos anos, o Sr. P., por razões do coração, veio “esconder-se” aqui na aldeia. Depressa se adaptou, fez amigos, criou afetos. Quando amigos ou familiares o visitavam, não entendiam como o amor por uma mulher o tinha afastado da vida mundana, onde podia ter quantas quisesse e do mar, onde tanto gostava de pescar, para vir enfiar-se no fim do mundo rodeado de campónios. Farto de tanto os ouvir, o Sr. P. pensou numa maneira de lhes mostrar que estavam enganados e que eles sim, eram ignorantes.  Esperou pela melhor ocasião e quando os cá apanhou não se cansou de enumerar as virtudes de morar numa aldeia. Segundo ele, esta era tão boa que até no mato se podia pescar. Admirados e ao mesmo tempo maravilhados, logo eles quiseram experimentar tão curiosa pesca. Solicito, o Sr. P. emprestou-lhes canas e isco, colocou-os bem atrás de um carrasco e avisou-os que estivessem com atenção porque não tardaria que o peixe começasse a picar. Que ficassem ali bem sentadinhos enquanto ele ia a casa buscar um grande cabaz para guardar a pescaria. O resto, imagina-se.

Um dia, ainda vou ter a coragem do Sr. P.!

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Outono


O outono instalou-se à laia de verão. Mas não há volta a dar. Acabaram-se as longas tardes de verão, as férias de verão, e muitos dos amores de verão. Pra quem gosta, soube a pouco, a irreal, a sonho, de tão efémero. Pra mim, que não gosto, está quase a terminar a chatice. Quem mora na cidade, não dá conta porque o calor continua e ainda se pode dar uma escapadinha até à praia, mas no campo, apesar do calor, os ciclos da natureza são mais percetíveis. Por aqui, já cheira a vindimas, a mosto e a engaço, a maçãs maduras e a marmelada acabada de fazer. Os figos e as nozes estão a secar para gaudio das gatas cá de casa. Daqui a pouco já começam a aparecer as tangerinas, as laranjas, as romãs e os diospiros. E não há- de faltar muito, para que o feno seco dê lugar a erva verde. E que cheire a lareira, a chá quente e a aconchego. O outono não é apenas o cair da folha, como se fosse um fim. É  também um principio, uma regeneração. E é o fim da minha “meia vida” e o principio da minha vida em pleno. Até ao próximo verão.

 

"Pancrepe" de beterraba com maçã e canela

De lamber o beiço!

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

(quase) Fim de verão

Os dias ainda estão quentes mas as manhãs já arrefecem bastante. Já cheira a fim de verão. A recomeço. A férias!
Sim, férias. Quando os outros já foram, vieram e estão a pensar nas férias do ano que vem, esta menina lá vai. Gosto disto!

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Sorrisos "de retrato"


Há pessoas que se riem com a boca toda, com os olhos e com as amígdalas. Que se riem de tudo e de ninguém. Que dão sonoras gargalhadas sem se importarem se é ou não elegante. Que não querem saber se rir é uma terapia, mas que sabem o bem que faz uma gargalhada.
E depois há aquelas que não riem porque ainda acham que muito riso é pouco ciso, que têm medo de ficar com rugas de expressão, que apenas sorriem se lhes parecer conveniente e que não riem para ninguém mas riem de todos.
Há também os intelectuais que não se riem porque estão muito ocupados com coisas sérias e pensamentos profundos, os distraídos que riem sozinhos sem darem conta, os totós que riem sem saber porquê e os cínicos que fazem apenas meio riso.
Que me desculpem os que, por razões várias não têm motivos para rir e os que, infelizmente, apenas têm vontade de chorar.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A gigantesca arte menor

Quando há uns anos estive em Blanes-Catalunha, na altura considerada o "santuário" da arte urbana em Espanha e vi o respeito que por lá se tinha por esta arte, intuí que, mais cedo ou mais tarde , aconteceria o mesmo por cá. E, efetivamente, já há artistas portugueses muito respeitados tanto cá como lá fora e rotas especificas para a visualização dos seus trabalhos. Já sem vergonha, muitos municípios "deixam" que os artistas mostrem a sua arte.

Aqui, em Alcobaça.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A CIDADE DAS FLORES de Augusto Abelaira

Os livros têm essa particularidade maravilhosa de serem sempre novos para quem os lê pela primeira vez. Este, é um livro editado antes da revolução ainda sob o jugo Salazarista e que só agora me chegou às mãos. E é a prova de que a censura era feia, porca e......burra!
Um grande livro.
A ler.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

É admirável...

... a quantidade de poetas e poetisas que pululam (ou poluem?) por aí! (leia-se facebook).
É um desfilar de infelicidades, desgostos, agruras, máguas, desgraças, recalcamentos, angustias, dores de cotovelo, unhas encravadas, partos difíceis,.... de encher alguidares de lágrimas.
Bibápoesia, carago!!!!!

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Resiliência

Nasceu entre o alcatrão da estrada e o cimento da valeta.
E, apesar de nunca ter levado uma gota de água e ser alvo da primeira mijadela de Black Mantorras todas as manhãs, está assim lindo bem verde e agora já com fruta madura.
Assim estivessem os da minha horta!

sábado, 8 de setembro de 2018

Relíquias

Este é um antigo saco de arroz. Depois de uma breve pesquisa, descobri que esta companhia deixou de existir em 1955. Isso quer dizer, que tem pelo menos 63 anos (podendo ter muitos mais). Já tem uns buracos, que eu tapei com uns acessórios, mas ainda é um saco. Foi-me oferecido pela minha avó há mais de trinta anos e tenho-o guardado com muito carinho. Agora, vou guarda-lo ainda com mais cuidado, já que é uma verdadeira raridade.