Hoje vi uma lagarta. Todos os dias vejo lagartas. E, juro,
ando farta de tantas ver. Mas esta era diferente. Bonita. Muito bonita. Enorme.
Com muitas cores. Não a matei. Fiquei a olhar pra ela, a fugir de mim, parede
acima a fugir da morte certa. Imagino que dará uma borboleta linda. Como
as que havia na “Pharmacia” daqui quando eu era criança. Uma coleção enorme. É verdade que só lá ia
quando estava doente, mas era entrar e não tirava os olhos delas. Tão bonitas.
De tantas cores. Fechadas naquelas molduras. Tantas molduras. Cheias delas. Tão
perto dos olhos e tão longe das minhas mãos. E ficava ali a olhar, encantada.
Gostava tanto de borboletas. E ainda gosto. Vou esperar que esta lagarta faça o
seu casulo bem alto lá no meu beiral e que quando for uma formosa borboleta
venha pousar no meu livro. Ou, quem sabe, no meu ombro.
Sem comentários:
Enviar um comentário