Nestes dias de chuvosos, de janelas fechadas, e mesmo com
desumidificador ligado, “cheira a chuva”. Esquisitices minhas, eu sei, mas
gosto de ter a casa bem arejada. A cheirar a sol. Por isso aproveito cada raio
para abrir as janelas. Andava hoje nesta fona de dona de casa (!), quando me
lembrei de como no tempo das minhas avós tudo era diferente. Higiene e conforto
eram outra coisa. Bem diferente de agora. As minhas avós eram mulheres asseadas
e muito organizadas em casa, mas… dentro do conforto e modos de higiene da
época. Lembro-me que no verão se faziam as “limpezas grandes” e ainda consigo
sentir os cheiros da ocasião. Como se fosse agora. Abriam-se portas e janelas. Mudava-se
a palha de milho dos colchões, vasculhavam-se os tetos de “telha vã” com
vassouras de milho painço, limpavam-se “os amarelos” com Benzina, caiavam-se as
paredes com cal, que se comprava em pedra e se “caldava” em grandes potes de
barro (o que eu gostava de ver isto!), lavavam-se as tábuas corridas do soalho dos
quartos com sabão amarelo depois de lavado com soda cáustica e o chão de terra
batida das outras divisões da casa com óxido de ferro. As arcas eram abertas
para arejar os cobertores e a seguir enchiam-se de bolas de naftalina. Lavavam-se
as cortinas de chita com sabão azul e branco e as flores de plástico com
“cloreto” e limpavam-se os parcos móveis com óleo de cedro. Lavavam-se no
regato os tapetes e passadeiras de tear, e a roupa branca que corava sobre
moitas de erva. Na “casa do forno” remendava-se a fornalha com barro amassado e
caiava-se. Faziam-se novas vassouras de urze e pintavam-se os “mochos” com
tinta azul- turquesa. Depois de tanto trabalho, os netos sujavam, os maridos
vomitavam borras de vinho, os gatos espezinhavam a cinza e marcavam tudo com
pegadas, os ratos deixavam caganitas nos cantos escondidos, as galinhas
deixavam “presentes” onde calhava e no ano seguinte fazia-se tudo outra vez.
Agora, tudo é diferente. Mesmo por aqui.
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