Claro que é!!!!!!!!!!
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Do que eu gosto
Fazer uma caminhada, sem ter a obrigação de andar a uma
velocidade X para conseguir fazê-la num tempo Y, faz com que seja sempre um
prazer. Passar pelos mesmos sítios em estações do ano diferentes, com calma, e
“ver” com atenção cada pormenor é um exercício fascinante.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
RARÍSSIMAS....
… eram as vezes, em
que a minha avó via alguém mais pobre chegar ao topo e não dizia “hummmmm dar o mando a um pobre
não é boa coisa”. Eu descodifico: para a minha avó, o topo da hierarquia que
ela conhecia, eram os capatazes dos ranchos de camponeses que por aqui havia.
Eram todos pobres, é certo, mas uns eram ainda mais pobres que os outros.
Certos “mandos”, agora, podem ser outros, mas a merda é a mesma. O
cheiro é que é diferente.
sábado, 16 de dezembro de 2017
Do que me surpreende no bom sentido
Digo muitas vezes,
por ser verdade, que estou muito desiludida com as pessoas em geral. E, infelizmente, não sou só eu. Basta tomarmos atenção às
notícias diárias para ficarmos cada vez mais desencantados. Não vivo angustiada
com isso, sou apenas realista. Mas também sou otimista e gosto sempre de ver o
melhor das coisas e das pessoas e de ser surpreendida no bom sentido. E para me
encantar e voltar a acreditar que há pessoas maravilhosas, não é preciso muito.
E hoje foi dia. Durante a minha caminhada diária, passei a
uma porta que tinha um grande chapéu – de - chuva aberto. Nada de estranhar,
estava a chover. Mas quando vi com mais atenção, reparei que ao abrigo do
chapéu, estavam cinco gatos. Três pequenos e dois grandes que devem ser os
pais. Todos muito juntinhos, porque o chapéu ainda tinha de abrigar a comida, a
água e uma caixa com uma camisola de lã quentinha. De outras vezes, já os tinha
visto e sei que não têm dono. Naquela casa mora, sozinho, um homem. Que eu
conheço ou pensava que conhecia. Ou melhor: que eu passei a conhecer.
Aquele quadro, deu-me
uma alegria que não consigo transcrever.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
O que aos olhos dos outros parece ridículo
Quando passava perto da casa da mãe de um amigo meu que se
mudou para Lisboa muito novo e só ca vinha de vez em quando e via as janelas
abertas e as toalhas de linho a apanhar sol, sabia que nesse fim de semana ele
vinha de certeza. Achava estranho tanto cuidado com um homem feito, e,
francamente, um exagero.
Com Papoila mais crescida quase a chegar para uma semana de
férias, dei comigo a limpar o quarto como se ele estivesse sujo, liguei o
desumidificador para retirar alguma humidade que por lá andasse, escolhi uns
lençóis que ela já conhece, escolhi os brinquedos de que ela mais gosta e
pu-los bem à vista e enquanto andava nesta azáfama, lembrei-me da mãe do meu
amigo.
As mães têm particularidades que só as outras mães
compreendem.
E as avós tambem!
Será do frio?
Tenho andado com uma fome, que só penso em comida. E as
vezes que eu me tenho lembrado do que de melhor me tem passado pela goela? Ai aquela Chanfana em Piódão!!!!E os rojões do Minho? E aquele peixinho grelhado no meu restaurante preferido da
Praia de Mira? E as Misturadas da avó R. regadas com bom azeite? E a galinha caseira da avó T. corada no forno de lenha? E o bacalhau assado com magusto que eu como onde o apanho? E as sandes de presunto com bom queijo caseiro na serra de
Monchique? Agora, até o cozido das Furnas marchava.
Vou já ali comer uma laranjinha! E umas nozes, vá! E um cadinho de chocolate.
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Ilusão e inocência - o melhor da infancia
- O meu dente já caiu, avó!
-Que bom, Papoila! Estás a crescer. Agora já és um bocadinho mais crescida.
- Quando fui pra cama, pus o meu dente debaixo da almofada e de noite a fada dos dentes levou-o e deixou lá uma prenda. Um iô-iô e uma moeda!
- !!!!!!!!!!!!!!!!!!!
-Que bom, Papoila! Estás a crescer. Agora já és um bocadinho mais crescida.
- Quando fui pra cama, pus o meu dente debaixo da almofada e de noite a fada dos dentes levou-o e deixou lá uma prenda. Um iô-iô e uma moeda!
- !!!!!!!!!!!!!!!!!!!
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
Ana (!!!!!!!!)
Agora até à ventania dão nome!
E logo Ana, um nome tão fofinho?
Ou muito me engano ou ainda vai haver uma nortada com o meu nome!
E logo Ana, um nome tão fofinho?
Ou muito me engano ou ainda vai haver uma nortada com o meu nome!
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Realidades
Ia por aquela rua abaixo, deserta, e veio-me à memória o
movimento, a confusão que ia naquela rua noutros tempos aquela hora. Havia
transito nos dois sentidos, havia muitas lojas, havia gente, havia barulho,
havia a “praça”, onde eu comprava, no intervalo da manhã, no tempo delas, a
maior laranja que encontrava à venda. Todos os dias almoçava no mesmo
restaurante, onde também almoçavam os meus amigos Z. V. e G.
Eles traziam comida de casa e só consumiam uma cerveja, mas
o Sr. A. E a D. L. não se importavam que eles ocupassem uma mesa na sala de
cima que tinha sempre poucos fregueses. Eles iam lá de manhã pôr o saco, iam à
sua vida e ao almoço lá estavam. E eu também. Durante anos. Eu comia um prego
no pão, que bem podia comer na escola, mas os donos do restaurante eram amigos
dos meus pais, que lhes tinham dado a incumbência de me “guardarem” no
intervalo do almoço e assim tinha de ser. Passávamos um bom bocado na conversa,
sem assédios, sem merdas, em pura camaradagem.
Eramos os quatro de aldeias ali próximas, cada um de uma.
Depois do almoço, ficávamos um bocado à porta, a ver passar sempre as mesmas
pessoas, que passavam sempre à mesma hora.
Depois, o Z. ia para a retrosaria onde trabalhava e que
agora, já fechada, é a Loja do Cidadão,
o V. que era sapateiro, ia abrir a porta da sapataria mesmo ali em frente, num
rés do chão de um prédio que já não existe e o G, ia para o escritório da
serração onde trabalhava, que foi demolida e onde agora existem vários prédios, e eu ia para a escola.
No dia seguinte, tudo se repetia.
Agora, sem vivalma, na mesma rua, entrei na loja do Z., que
entretanto abriu o seu próprio negócio, o sonho de uma vida, para que me
pusesse seis molas num casaco que fiz para a Papoila mais crescida, e um
ilhoses para umas coisas que tinha pensado fazer. Gosto sempre de ver o Z..
Disse-lhe ao que ia, e enquanto ele foi tratar do assunto, fiquei por minutos à
porta da loja, à espera. A loja do Z., fica mesmo, mesmo em frente à antiga
praça e era em tempos uma mercearia. E lembro-me que tinha um velho moinho de
café onde se moia o grão na hora e que dava a todo o espaço um cheirinho a café
que chegava à rua. Onde antes havia confusão, barulho, movimento, há agora
solidão, quietude, silencio. Por momentos, pareceu-me ver tudo como antes, os
carros a passarem devagar, com folhas de couve ainda agarradas aos pneus, os pregões das peixeiras, o cacarejar
das galinhas vivas e os pregões das vendedoras de fruta. Quando o Z. voltou com
as molas postas no casaco, olhou pra mim e tenho a certeza que adivinhou o que
eu estava a lembrar.
Perguntei-lhe se o negócio ia bem e ele encolheu os ombros e
respondeu-me que não há clientes. Logo……
Despedi-me e fui pôr o casaco no carro e buscar umas coisas
de que precisava para o que ia fazer a seguir. Abri o carro ainda de longe e
reparei que lá perto estava uma “feira” de natal montada. Com carrocel e tudo.
Com tudo isto, passei pelo carro e segui já esquecida do que ia fazer. E o que
foi que eu vi? Uma carrocel a andar à volta…..sozinho, um vendedor de farturas
à espera de clientes e mais uns vendedores de umas barraquitas por ali a olhar pra mim como se vissem um fantasma.
A cidade, que antes era vila, cresceu a olhos vistos. Mas
onde estão as pessoas?
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Ir...
Ir, de avião ou até mesmo de carro, é rápido. Como se fossemos a fugir ou a correr de encontro ao que esperamos encontrar.
Sair de barco, não. É sair devagar. E conjugar lentamente o verbo ir, dá-nos tempo de sentirmos um nó no estomago, um aperto no peito, um orvalho no olhar.
É termos vontade de esticar o braço e agarrar com força a mão dos que ficam.
É temos saudades antecipadas do que vai ficando, lentamente, pra tás.
E termos a certeza de qual é o nosso chão!
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
Época de Natal...
... arvore de natal, jantares de natal, iluminações de natal, promoções de natal, pais natal, ementas de natal, montras de natal, musicas de natal, caridadezinha de natal, cores de natal, livros de natal......
Porra! Não deve faltar muito, para a parafernália de natal se impor logo a seguir ao Ano Novo!|
Porra! Não deve faltar muito, para a parafernália de natal se impor logo a seguir ao Ano Novo!|
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
Cerejeira em flor......em Dezembro
Isto quer dizer muitas coisas. Graves. Mas pra já, digo apenas, que não é ainda na próxima primavera que eu vou comer cerejas.
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Património imaterial
Depois deste sonho que me pareceu tão real, já que tudo isto aconteceu tantas vezes, tenho pensado nestas quatro pessoas. Verdadeiros exemplares de agricultores ribatejanos dos anos sessenta.
A tia F. era azeda. Diziam que era por não ter filhos, mas eu, apesar de achar que a maternidade adoça as mulheres, penso que era mesmo o mau feitiozinho dela. Parece que a estou a ver, de sapatos de couro, meias de algodão canelado, sempre a limpar as mãos ao avental de riscado. Usava óculos de aros dourados, que eu sempre pensei que eram mesmo de ouro, e um carrapito no cucuruto da cabeça mirrada em cima do pescoço comprido, como se fosse uma cabeça de fósforo. Tinha sempre galinhas e galos bem gordos e de boas cores e muitas vezes ouvia "Que rico galo, ó Ti F. Há de dar uma bela canja". " Não o cagas, ó rapaz", respondia ela prontamente. Orgulhava-se de ser uma boa cozinheira e tinha sempre em casa guloseimas que trazia dos casamentos onde trabalhava. "Anda cá ó nina". E eu lá ia, toda contente. Dava-me um bolo e mandava-me logo embora. Chamava ninas e ninos a todas as crianças, porque nem queria ter o trabalho de nos chamar meninas ou meninos. Era uma figuraça.
O Tio J. era um homem que eu nunca vi fazer nada depressa. Tudo pra ele tinha de ser com muita calma. Andar, trabalhar, falar, enrolar o cigarro. Usava barrete e roupa muito escura. Era feio e na boca tinha apenas um dente que mais parecia um menir. Mas quando sorria, o que era raro, parecia-me até bonito. Era irmão do avô. Nunca vi este casal ter o mais pequeno gesto de ternura um com o outro.
O avô C. era um pandego. Baixo e gordo, andava sempre a rir e a brincar. Usava colete todos os dias, mesmo que fosse a cavar a vinha. No bolso, sempre, o relógio com corrente de prata. Na cabeça, de verão chapéu e de inverno o barrete. Quando saia, trajava como um verdadeiro camponês e nunca esquecia a bengala.Tinha a porta da adega sempre aberta como se fosse de venda ao publico, sendo que o publico eram os amigos a quem obsequiava com quantos copos eles quisessem.
A avó T. era de poucas falas e pouco riso. Não tinha mãe desde o dia em que nasceu e foi criada aos trambolhões, como ela dizia. Nunca festejava ou falava do dia de aniversário, porque nesse dia lhe tinha morrido a mãe que tanta falta lhe tinha feito. Era uma mulher rude, sem ser áspera. Criou sobrinhos órfãos como se fossem filhos, talvez por lhes conhecer o infortúnio. E todos os sobrinhos em geral gostavam dela. Não era de missas, à exceção do dia 8 de Setembro na capela da Escusa.
Ajudava quem podia, como se fosse uma obrigação. Quando me lembro dela, vejo-a de candeia na mão, de roupa de dormir e cabeleira alva desatada do carrapito que usava durante o dia, quando me compunha a roupa ao deitar ou a por o bacio dentro da mesinha de cabeceira. Ou a abrir o velho baú de onde tirava as mantas com que me tapava. Ou de almotolia na mão, a tirar o azeite da pia de pedra.
Hoje, todos já morreram. E com eles, as casas e quase todos os pertences.
A casa dos tios, foi demolida e os sobrinhos construíram uma nova que ainda não foi vendida.
A dos meu avós, está moribunda,
Agora, o muro e a tangerineira são meus. Também o relógio de bolso do avô agora é meu.
Salvei ainda da morte certa, a pia do azeite, a mesa de cabeceira em madeira e ardósia com, garantidamente, mais de cem anos, o baú e a mesa da cozinha grande que nunca era usada.
E mais do que tudo isto, guardo as minhas memórias.
A tia F. era azeda. Diziam que era por não ter filhos, mas eu, apesar de achar que a maternidade adoça as mulheres, penso que era mesmo o mau feitiozinho dela. Parece que a estou a ver, de sapatos de couro, meias de algodão canelado, sempre a limpar as mãos ao avental de riscado. Usava óculos de aros dourados, que eu sempre pensei que eram mesmo de ouro, e um carrapito no cucuruto da cabeça mirrada em cima do pescoço comprido, como se fosse uma cabeça de fósforo. Tinha sempre galinhas e galos bem gordos e de boas cores e muitas vezes ouvia "Que rico galo, ó Ti F. Há de dar uma bela canja". " Não o cagas, ó rapaz", respondia ela prontamente. Orgulhava-se de ser uma boa cozinheira e tinha sempre em casa guloseimas que trazia dos casamentos onde trabalhava. "Anda cá ó nina". E eu lá ia, toda contente. Dava-me um bolo e mandava-me logo embora. Chamava ninas e ninos a todas as crianças, porque nem queria ter o trabalho de nos chamar meninas ou meninos. Era uma figuraça.
O Tio J. era um homem que eu nunca vi fazer nada depressa. Tudo pra ele tinha de ser com muita calma. Andar, trabalhar, falar, enrolar o cigarro. Usava barrete e roupa muito escura. Era feio e na boca tinha apenas um dente que mais parecia um menir. Mas quando sorria, o que era raro, parecia-me até bonito. Era irmão do avô. Nunca vi este casal ter o mais pequeno gesto de ternura um com o outro.
O avô C. era um pandego. Baixo e gordo, andava sempre a rir e a brincar. Usava colete todos os dias, mesmo que fosse a cavar a vinha. No bolso, sempre, o relógio com corrente de prata. Na cabeça, de verão chapéu e de inverno o barrete. Quando saia, trajava como um verdadeiro camponês e nunca esquecia a bengala.Tinha a porta da adega sempre aberta como se fosse de venda ao publico, sendo que o publico eram os amigos a quem obsequiava com quantos copos eles quisessem.
A avó T. era de poucas falas e pouco riso. Não tinha mãe desde o dia em que nasceu e foi criada aos trambolhões, como ela dizia. Nunca festejava ou falava do dia de aniversário, porque nesse dia lhe tinha morrido a mãe que tanta falta lhe tinha feito. Era uma mulher rude, sem ser áspera. Criou sobrinhos órfãos como se fossem filhos, talvez por lhes conhecer o infortúnio. E todos os sobrinhos em geral gostavam dela. Não era de missas, à exceção do dia 8 de Setembro na capela da Escusa.
Ajudava quem podia, como se fosse uma obrigação. Quando me lembro dela, vejo-a de candeia na mão, de roupa de dormir e cabeleira alva desatada do carrapito que usava durante o dia, quando me compunha a roupa ao deitar ou a por o bacio dentro da mesinha de cabeceira. Ou a abrir o velho baú de onde tirava as mantas com que me tapava. Ou de almotolia na mão, a tirar o azeite da pia de pedra.
Hoje, todos já morreram. E com eles, as casas e quase todos os pertences.
A casa dos tios, foi demolida e os sobrinhos construíram uma nova que ainda não foi vendida.
A dos meu avós, está moribunda,
Agora, o muro e a tangerineira são meus. Também o relógio de bolso do avô agora é meu.
Salvei ainda da morte certa, a pia do azeite, a mesa de cabeceira em madeira e ardósia com, garantidamente, mais de cem anos, o baú e a mesa da cozinha grande que nunca era usada.
E mais do que tudo isto, guardo as minhas memórias.
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Tenho sonhos que parecem filmes
Cheguei já cansada e encostei-me ao muro, já a ver a minha avó e a criação da ti F. com o galo pedrês de pescoço pelado da cor do fogo a comandar a galinhagem.
Os Bordões de S. José já estavam em flor debaixo da figueira, mas as tangerinas já maduras (no verão!!!!!) debruçavam-se amontoadas ao meu lado como se estivéssemos todas a posar para uma foto. O tio J., de barrete e grosso casaco preto, enrolava um cigarro encostado à cantaria da porta enquanto a tia F. despejava para a rua um alguidar de água. Cumprimentei-os com um beijo e a tia mandou-me entrar pra comer um bolo de noivo daqueles que ela tinha sempre em casa e que davam cheiro aquela cozinha (a tia era cozinheira em casamentos). Como sempre, tinha massarocas penduradas na parede e uma toalha branca, bordada, no lavatório de ferro. Atrás da porta, uma saca de linhagem dobrada em forma de capote que guarda o sol no verão e a chuva no inverno. Peguei no bolo, saí e já o meu avô estava à porta da adega a compor o barrete, acabadinho de se levantar da arca grande da adega onde tinha estado a descansar. A avó, de lenço cinzento e ainda com a rodela na cabeça com que tinha ido buscar água à fonte, levou-me para a casa do forno. No pequeno terraço, estava a cadeirinha baixa pintada de verde e o açafate dela ainda com uma camisa do avô por acabar de cerzir. Cheirava a café (como sempre, havia café acabado de fazer). No lastro da lareira, o alguidar com a loiça lavada ao lado da vassoura de urze. A mesa, baixa e com um linóleo castanho aos losangos, estava posta para mim e o avô. Ela bebia só café com pão sem nada. Peguei num púcaro de esmalte e fui à cantareira tirar água da bilha acabada de chegar da fonte.. Jantamos e pouco falamos. A avó era de poucas falas. Mas o avô fez-me cócegas e brincou comigo, pouco, já a imaginar a cama onde o cansaço de um dia puxado de trabalho chamava por ele, apesar de ainda não ser noite cerrada.
Fui fazer a minha higiene na bacia de esmalte onde lavávamos tudo, mandei a água para a estrumeira e a avó levou-me ao quarto, o melhor da casa, que ela guardava para as visitas. Disse que me deitasse e dormisse bem, enquanto fechava as portadas da janela por onde se viam aos montes a grandes rosas de açafate, que já tinham perfumado o quarto. Antes de adormecer, a avó ainda veio, de candeia na mão e com o longo cabelo branco solto, compor a roupa e fechar a porta. Acordei com o galo a cantar e o cheiro a café e..................
acordei sem ter a certeza se tinha sido um sonho ou apenas uma lembrança.
E juro, cheirava-me a café!
Os Bordões de S. José já estavam em flor debaixo da figueira, mas as tangerinas já maduras (no verão!!!!!) debruçavam-se amontoadas ao meu lado como se estivéssemos todas a posar para uma foto. O tio J., de barrete e grosso casaco preto, enrolava um cigarro encostado à cantaria da porta enquanto a tia F. despejava para a rua um alguidar de água. Cumprimentei-os com um beijo e a tia mandou-me entrar pra comer um bolo de noivo daqueles que ela tinha sempre em casa e que davam cheiro aquela cozinha (a tia era cozinheira em casamentos). Como sempre, tinha massarocas penduradas na parede e uma toalha branca, bordada, no lavatório de ferro. Atrás da porta, uma saca de linhagem dobrada em forma de capote que guarda o sol no verão e a chuva no inverno. Peguei no bolo, saí e já o meu avô estava à porta da adega a compor o barrete, acabadinho de se levantar da arca grande da adega onde tinha estado a descansar. A avó, de lenço cinzento e ainda com a rodela na cabeça com que tinha ido buscar água à fonte, levou-me para a casa do forno. No pequeno terraço, estava a cadeirinha baixa pintada de verde e o açafate dela ainda com uma camisa do avô por acabar de cerzir. Cheirava a café (como sempre, havia café acabado de fazer). No lastro da lareira, o alguidar com a loiça lavada ao lado da vassoura de urze. A mesa, baixa e com um linóleo castanho aos losangos, estava posta para mim e o avô. Ela bebia só café com pão sem nada. Peguei num púcaro de esmalte e fui à cantareira tirar água da bilha acabada de chegar da fonte.. Jantamos e pouco falamos. A avó era de poucas falas. Mas o avô fez-me cócegas e brincou comigo, pouco, já a imaginar a cama onde o cansaço de um dia puxado de trabalho chamava por ele, apesar de ainda não ser noite cerrada.
Fui fazer a minha higiene na bacia de esmalte onde lavávamos tudo, mandei a água para a estrumeira e a avó levou-me ao quarto, o melhor da casa, que ela guardava para as visitas. Disse que me deitasse e dormisse bem, enquanto fechava as portadas da janela por onde se viam aos montes a grandes rosas de açafate, que já tinham perfumado o quarto. Antes de adormecer, a avó ainda veio, de candeia na mão e com o longo cabelo branco solto, compor a roupa e fechar a porta. Acordei com o galo a cantar e o cheiro a café e..................
acordei sem ter a certeza se tinha sido um sonho ou apenas uma lembrança.
E juro, cheirava-me a café!
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Marselha
A mais antiga cidade francesa, das Calanques, do Cours Julien, do Panier, do Conde de monte Cristo e que encanta à primeira vista.
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
É verdade...
... e todos nós sabemos, que, muitas vezes, a desgraça de uns é a sorte de outros.
Também é certo, que todos sabemos que os incêndios , ou grande parte deles, começando às tantas da noite, não são causados pelo luar e imaginamos que haverá interesses de alguém em que eles aconteçam.
Mas ouvir falar de "época dos incêndios", negócios dos "incêndios" e que à custa dos mesmos há quem ganhe milhões (MILHÕES), dá para perceber que isto não é coisa de meninos.
É chocante e vergonhoso!
Também é certo, que todos sabemos que os incêndios , ou grande parte deles, começando às tantas da noite, não são causados pelo luar e imaginamos que haverá interesses de alguém em que eles aconteçam.
Mas ouvir falar de "época dos incêndios", negócios dos "incêndios" e que à custa dos mesmos há quem ganhe milhões (MILHÕES), dá para perceber que isto não é coisa de meninos.
É chocante e vergonhoso!
sábado, 18 de novembro de 2017
Almost everything about me
"Nem sempre tenho as melhores atitudes, nem sempre faço o que está certo, mas o que sai de mim é genuíno, é tudo o que tenho para dar."
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Ouvi-o chegar...
... e começar a forçar a fechadura. Cheia de medo, fui para o quarto e fechei-me no roupeiro. Mas tinha tanto frio, que batia os dentes e ele ouviu. Quando abriu a porta, de pistola apontada à minha boca aberta de medo....acordei!
Livra! Safei-me de morte certa. Se não morresse com um tiro nas amígdalas, morria de hipotermia.
É o que faz, ver (tentar) series violentas antes de ir pra cama e adormecer no sofá.
Livra! Safei-me de morte certa. Se não morresse com um tiro nas amígdalas, morria de hipotermia.
É o que faz, ver (tentar) series violentas antes de ir pra cama e adormecer no sofá.
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Memórias
Há lugares que tomamos como nossos porque lá nos sentimos "em casa", porque gostamos deles, das pessoas que lá vivem, da luz que emanam, dos cheiros, dos monumentos, da história, dos sabores, das cores, dos "nadas" que por insignificantes que sejam, para nós são tanto que não só sentimos que nos pertencem, como nos sentimos também pertença deles.
Quantas vezes, dou por mim a dizer o "meu Alentejo", o "meu Talasnal", a" minha Sortelha" e tantos outros meus e minhas que me são queridos. Talvez o que nos prenda a um lugar, sejam as nossas memórias. E quando voltamos, gostamos de os encontrar tal e qual. Uma pedra, a sombra de uma árvore, uma porta sem fechadura, um museu, um vaso na janela, um resto de um castelo, um restaurante tosco, são uma referencia, e gostamos que assim continuem porque foi assim que aquele lugar nos cativou. Pertencem à nossa memória. Se voltarmos e encontrarmos diferenças significativas, sentimos que nos roubaram qualquer coisa.
E sentimos isto, em relação a espaços de outros, onde vamos apenas de vez em quando. Ou onde estivemos apenas uma vez e nos ficaram entranhados. Quando falamos da nossa casa, o nosso lar, então faz parte de nós, como a nossa pele. "São" a nossa memória.
Os três canais generalistas, uniram-se ontem, numa ação de solidariedade para com as vitimas dos incêndios. E, do pouco que vi, verifiquei que algumas casas já estão em reconstrução ou a nascer de raiz. E perguntei-me o que sentirão aquelas pessoas, quando voltarem para os "seus espaços".
As casas deles morreram. E não só as casas. As árvores, os animais e tudo o que era vivo e formava a "casa". Ficaram apenas com as memórias. Essas, não arderam. Mas ficaram órfãs.
Vão habitar um espaço novo mas estranho. E criar novas memórias.
É assim.
Tem de ser assim.
Quantas vezes, dou por mim a dizer o "meu Alentejo", o "meu Talasnal", a" minha Sortelha" e tantos outros meus e minhas que me são queridos. Talvez o que nos prenda a um lugar, sejam as nossas memórias. E quando voltamos, gostamos de os encontrar tal e qual. Uma pedra, a sombra de uma árvore, uma porta sem fechadura, um museu, um vaso na janela, um resto de um castelo, um restaurante tosco, são uma referencia, e gostamos que assim continuem porque foi assim que aquele lugar nos cativou. Pertencem à nossa memória. Se voltarmos e encontrarmos diferenças significativas, sentimos que nos roubaram qualquer coisa.
E sentimos isto, em relação a espaços de outros, onde vamos apenas de vez em quando. Ou onde estivemos apenas uma vez e nos ficaram entranhados. Quando falamos da nossa casa, o nosso lar, então faz parte de nós, como a nossa pele. "São" a nossa memória.
Os três canais generalistas, uniram-se ontem, numa ação de solidariedade para com as vitimas dos incêndios. E, do pouco que vi, verifiquei que algumas casas já estão em reconstrução ou a nascer de raiz. E perguntei-me o que sentirão aquelas pessoas, quando voltarem para os "seus espaços".
As casas deles morreram. E não só as casas. As árvores, os animais e tudo o que era vivo e formava a "casa". Ficaram apenas com as memórias. Essas, não arderam. Mas ficaram órfãs.
Vão habitar um espaço novo mas estranho. E criar novas memórias.
É assim.
Tem de ser assim.
terça-feira, 14 de novembro de 2017
Cat gameball...
... é um jogo em que se utilizam varias bolas (quantas mais, melhor), que são manipuladas por gatos brincalhões (neste caso, gatas), que não gostam de ser fotografados ou filmados e que consiste em enfiar as ditas, nos sítios mais recônditos da casa. É um jogo que não exige árbitro mas onde um(a) apanha bolas é indispensável.
Fim da primeira parte com imensos golos para cada lado. Intervalo por tempo indeterminado.
Fim da primeira parte com imensos golos para cada lado. Intervalo por tempo indeterminado.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
domingo, 12 de novembro de 2017
A encantar desde 2012
Papoila mais crescida para a professora de ballet.
-Oh Xana, obrigada! Obrigada por fazeres o meu dia tão feliz!
-Oh Xana, obrigada! Obrigada por fazeres o meu dia tão feliz!
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Inverno
Apesar do calor que se faz sentir durante o dia, à noite, por aqui, já é inverno.
Já cheira ao fumo das lareiras.
Já cheira ao fumo das lareiras.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
" A musica e a poesia, são duas pernas do mesmo corpo"
"O Poesia a Sul, uma iniciativa da autarquia de Olhão, comissariada pelo poeta Fernando Cabrita, entra na sua 3ª edição com um cariz cada vez mais internacional, com a presença de convidados de Marrocos, Cuba, Espanha, Brasil, República Dominicana, França, Irlanda, México, Porto Rico, Holanda, Vietname, Turquia, Argentina, Chile, Venezuela e, naturalmente, Portugal."
Algarve Primeiro
Algarve Primeiro
terça-feira, 7 de novembro de 2017
Perfeição...
.. pode ser uma cadeira com uma perna partida, um livro com folhas soltas, um vestido desbotado, um olhar vesgo, um sorriso desdentado, um prato de azeitonas, uma manhã de nevoeiro, um dia de chuva, um passeio na lama, uma viagem imaginária.....
... ou isto...
... ou isto...
... ou isto...
... ou isto...
... ou ...............
................
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
O Facebook...
... essa entidade divina, acabou de me informar que talvez eu conheça.......uma das minhas filhas.
E numa atitude de absoluta entrega à nobre causa da amizade, esse querido, ainda me propôs que alterássemos a nossa parentalidade (upa upa) e eu a adicionasse como amiga.
Estou certa de que seria um up grade na nossa relação familiar. Mas adições, implicam subtrações e eu nisto da matemática cibernética sou absolutamente leiga e não arrisquei.
Por isso, filha, continuarei no patamar de baixo e serei apenas a tua mãe.
E numa atitude de absoluta entrega à nobre causa da amizade, esse querido, ainda me propôs que alterássemos a nossa parentalidade (upa upa) e eu a adicionasse como amiga.
Estou certa de que seria um up grade na nossa relação familiar. Mas adições, implicam subtrações e eu nisto da matemática cibernética sou absolutamente leiga e não arrisquei.
Por isso, filha, continuarei no patamar de baixo e serei apenas a tua mãe.
domingo, 5 de novembro de 2017
Cada amanhecer...
... ,É uma tela em branco, uma página por escrever, uma musica por compor, um ato por representar...enfim, viver é uma arte. Cada um, em cada dia, faz o que pode. Ou deve faze-lo. Eu, gosto de assinar os meus dias com mão firme. Mas, confesso, há dias em que os assino com alguma hesitação e outros ainda que não assino. Passo por eles, apenas.
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Tais mães, tais filhas
Estava eu a ver uma "Visita Guiada" ao Teatro Nacional de S. Carlos, quando recebi uma mensagem.
No preciso momento em que um funcionário explicava como se faz, em teatro, a simulação do som de um trovão, fiquei a saber que Papoila mais crescida já tem um dente a abanar.
Enquanto se me fez luz (tás velha melheri), pareceu-me que o tempo tem passado à velocidade do som.
E depois, a vê-la, tão crescida, pareceu-me mentira que tivesse nascido ontem e que pequena Papoila já lhe chegue aos ombros.
Mas olhei pra mãe e pra tia, nascidas anteontem, e tudo encaixou na perfeição.
Como não acredito em Deuses, agradeço à vida, as coisas boas que me tem dado.
No preciso momento em que um funcionário explicava como se faz, em teatro, a simulação do som de um trovão, fiquei a saber que Papoila mais crescida já tem um dente a abanar.
Enquanto se me fez luz (tás velha melheri), pareceu-me que o tempo tem passado à velocidade do som.
E depois, a vê-la, tão crescida, pareceu-me mentira que tivesse nascido ontem e que pequena Papoila já lhe chegue aos ombros.
Mas olhei pra mãe e pra tia, nascidas anteontem, e tudo encaixou na perfeição.
Como não acredito em Deuses, agradeço à vida, as coisas boas que me tem dado.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
sábado, 28 de outubro de 2017
Papoila "motista"
.............................................
.....e eu quero uma roupa para andar de mota.
Mas porquê, Papoila?- perguntei eu.
Porque eu quero ser motista!
.....e eu quero uma roupa para andar de mota.
Mas porquê, Papoila?- perguntei eu.
Porque eu quero ser motista!
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Emoções
Fui criada por aqui, à sombra das oliveiras, a ver todos os trabalhos do campo mas nunca percebi muito bem todo o processo de obtenção do azeite. Tenho uma ideia, mas gostava de ver tudo, do principio até à saída do azeite. Este ano, quis ir ao lagar tentar, finalmente, ficar a saber como se extrai o ouro liquido.
Mas, com tanta modernice que os lagares agora têm, ainda vi menos do que imaginava e só consegui ver a azeitona entrar num buraco e o azeite sair noutro. Quando começamos a ver sair o azeite, a minha amiga Maria C. , que também tinha ido para ver e que tinha azeitona dela misturada com a minha, agarrou-se a mim quase a soluçar. Pensei que lhe tinha mordido uma vespa, ou que tinha escorregado naquela nhanha gorda do chão, e, a muito custo (depois de quatro dias a apanhar azeitona, doía-me tudo até às unhas dos pés), levantei os braços e segurei-a, quando percebi que aquilo afinal era emoção.
-Lenaaaaa!!!!!!!!!! O nosso azeite!!!!!!!!!!
Engoli em seco, fiquei mais descansada e guardei a minha emoção para quando, descansada e sem dores, pudesse apreciar o sabor do meu azeite.
A Maria C., essa, chegou a casa quase a dançar com dez litros de azeite, um garrafão em cada mão, e de certeza absoluta, ainda o provou naquele dia.
Gosto de pessoas assim, emotivas. Mas compreendi a aparente rudeza dos trabalhadores do campo. O cansaço tolda-nos os sentimentos, tolhe-nos o sorriso.
Mas, com tanta modernice que os lagares agora têm, ainda vi menos do que imaginava e só consegui ver a azeitona entrar num buraco e o azeite sair noutro. Quando começamos a ver sair o azeite, a minha amiga Maria C. , que também tinha ido para ver e que tinha azeitona dela misturada com a minha, agarrou-se a mim quase a soluçar. Pensei que lhe tinha mordido uma vespa, ou que tinha escorregado naquela nhanha gorda do chão, e, a muito custo (depois de quatro dias a apanhar azeitona, doía-me tudo até às unhas dos pés), levantei os braços e segurei-a, quando percebi que aquilo afinal era emoção.
-Lenaaaaa!!!!!!!!!! O nosso azeite!!!!!!!!!!
Engoli em seco, fiquei mais descansada e guardei a minha emoção para quando, descansada e sem dores, pudesse apreciar o sabor do meu azeite.
A Maria C., essa, chegou a casa quase a dançar com dez litros de azeite, um garrafão em cada mão, e de certeza absoluta, ainda o provou naquele dia.
Gosto de pessoas assim, emotivas. Mas compreendi a aparente rudeza dos trabalhadores do campo. O cansaço tolda-nos os sentimentos, tolhe-nos o sorriso.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Mar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Manuel Alegre
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
A Paixão de Van Gogh
A Paixão de Van Gogh
- Título original:
- Loving Vincent
- De:
- Dorota Kobiela, Hugh Welchman
- Com:
- Saoirse Ronan (Voz), Jerome Flynn (Voz), Aidan Turner (Voz)
- Género:
- Animação, Biografia
- Outros dados:
- GB/POL, 2017, Cores, 95 min.
"Este "biopic" sobre Vincent Van Gogh apresenta-se como a primeira longa-metragem "completamente pintada do mundo". Para animar o filme, foram pintados e repintados 853 quadros a óleo, feitos por mais de 100 artistas diferentes, a partir de 130 obras do lendário pintor holandês. Ao todo, 65 mil fotogramas. A história foca-se mais na morte do que na vida do artista, com a acção a desenrolar-se um ano após a sua morte e pessoas a tentarem perceber o que é que aconteceu ao certo a Van Gogh. "
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Eu sei...
... que sou senhora já duma certa idade, e, admito, os meus neurónios já não são o que eram. Mas ainda me lembro, que as anedotas que faziam muita gente rir, eram brejeiras e quando metiam armas, eram de brincadeira. Agora, ouço por aí dizer, que o texto que se segue, e que até foi publicado nos jornais e noutros meios de comunicação ( e, aqui só pra nós, até já ouvi dizer que podia dar na demissão de um ministro), é a anedota do momento.
Ora vejamos:
"A PJM intercetou na região da Chamusca, material roubado na Base Militar de Tancos. As autoridades agiram depois de uma chamada anónima, tendo intercetado 44 armas de guerra, granadas e explosivos. De acordo com fontes locais, o material terá sido encontrado espalhado no mato."
JN
Ora vejamos:
"A PJM intercetou na região da Chamusca, material roubado na Base Militar de Tancos. As autoridades agiram depois de uma chamada anónima, tendo intercetado 44 armas de guerra, granadas e explosivos. De acordo com fontes locais, o material terá sido encontrado espalhado no mato."
JN
Será que cada vez que ouvir chover me vou lembrar disto?
Estava eu a deitar-me toda contente (eu gosto de chuva e de adormecer a ouvir chover), quando me lembrei que naquele mesmo instante, havia pessoas a deitarem-se numa cama que não é a sua, numa casa que não é a sua porque ficaram sem ela, outras na sua própria cama, para quem chover ou não tanto faz, porque ficaram sem pessoas queridas e outras que nunca mais vão ver chover, porque morreram, tendo, quem sabe, como ultimo desejo, que chovesse torrencialmente.
E perdi o sono.
E perdi o sono.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Chocada, esmagada e muda! Mas esta frase diz tudo.
"Portugal está a arder! Basta de discursos e boas intenções! É imperioso apurar responsabilidades e agir."
Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga
Há quase quarenta anos a treinar...
... e ainda não sei utilizar em modo segurança, os mais elementares objetos domésticos.
Uma tesoura, uma faca, uma panela com água a ferver ou até um simples banco, podem ser, nas minhas mãos, utensílios potencialmente perigosos.
Vai daí, ando sempre com uma queimadura, um corte ou uma espinhela caída.
Mas já me conformei. Hoje até me queimei a tirar o buço (bigode).
Uma tesoura, uma faca, uma panela com água a ferver ou até um simples banco, podem ser, nas minhas mãos, utensílios potencialmente perigosos.
Vai daí, ando sempre com uma queimadura, um corte ou uma espinhela caída.
Mas já me conformei. Hoje até me queimei a tirar o buço (bigode).
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
A importancia de um sorriso
Sou pessoa que gosta de por cá andar e que acha que estar vivo, não é apenas o contrário de estar morto (como dizia a outra).
Vai daí, mesmo com o meu médico de baixa, resolvi procurar maneira de encontrar um médico que me passasse as requisições para os exames que costumo fazer anualmente. Não para descobrir alguma doença encoberta, mas para me certificar de que está tudo bem com a minha saúde.
Depois de me ter levantado às cinco da manhã e me ter posto ao caminho, lá consegui uma consulta com o Dr. J., um cubano matulão, e que, segundo ouvi nas duas horas que fiquei à espera, não é nada simpático, não entende o português e nem se faz entender. Ouvi ainda, que não costuma levantar os olhos para os pacientes e os despacha com a maior rapidez possível. Olhando à minha volta, pareceu-me que quem lá estava para consulta, pessoas idosas (um pouco mais idosas do que eu, entenda-se), não sabiam bem do que se queixar, e, na verdade, o que queriam era que ele lhes tirasse as dores e os anos que têm em cima, o que, digamos, não é fácil de conseguir.
Mas, já pouco contente por ter sido tão difícil conseguir a bendita consulta, não me apetecia nada ter de me aborrecer também com um médico mal humorado.
Vamos lá dar a volta a isto, pensei eu.
E quando chegou a minha vez, já depois de alguns coxos, mancos e mal humorados, abri a porta, pus o meu melhor sorriso e disse ao que ia. Ele levantou-se, olhou pra mim, também sorrio e perguntou-se se estava doente. Eu disse que não, que aquilo era apenas rotina e ele voltou a olhar pra mim e disse: Oh! Helena, ainda bem que não está doente! Pode passar a ser minha paciente!
A seguir, fez o que tinha de fazer, entregou-me tudo, disse-me que gostaria que depois lá fosse mostrar os resultados de todos os exames e eu saí toda contente, porque se há coisa que me encanita é gente mal disposta logo de manhã e o latagão afinal até me saiu melhor que a encomenda.
Chamei o paciente seguinte, que lá foi de má vontade, e percebi que vida de médico não é tão fácil como por vezes imaginamos. Muitas vezes, não são só médicos. São a companhia que os idosos querem e precisam. E nem todos têm paciência pra isso.
Vai daí, mesmo com o meu médico de baixa, resolvi procurar maneira de encontrar um médico que me passasse as requisições para os exames que costumo fazer anualmente. Não para descobrir alguma doença encoberta, mas para me certificar de que está tudo bem com a minha saúde.
Depois de me ter levantado às cinco da manhã e me ter posto ao caminho, lá consegui uma consulta com o Dr. J., um cubano matulão, e que, segundo ouvi nas duas horas que fiquei à espera, não é nada simpático, não entende o português e nem se faz entender. Ouvi ainda, que não costuma levantar os olhos para os pacientes e os despacha com a maior rapidez possível. Olhando à minha volta, pareceu-me que quem lá estava para consulta, pessoas idosas (um pouco mais idosas do que eu, entenda-se), não sabiam bem do que se queixar, e, na verdade, o que queriam era que ele lhes tirasse as dores e os anos que têm em cima, o que, digamos, não é fácil de conseguir.
Mas, já pouco contente por ter sido tão difícil conseguir a bendita consulta, não me apetecia nada ter de me aborrecer também com um médico mal humorado.
Vamos lá dar a volta a isto, pensei eu.
E quando chegou a minha vez, já depois de alguns coxos, mancos e mal humorados, abri a porta, pus o meu melhor sorriso e disse ao que ia. Ele levantou-se, olhou pra mim, também sorrio e perguntou-se se estava doente. Eu disse que não, que aquilo era apenas rotina e ele voltou a olhar pra mim e disse: Oh! Helena, ainda bem que não está doente! Pode passar a ser minha paciente!
A seguir, fez o que tinha de fazer, entregou-me tudo, disse-me que gostaria que depois lá fosse mostrar os resultados de todos os exames e eu saí toda contente, porque se há coisa que me encanita é gente mal disposta logo de manhã e o latagão afinal até me saiu melhor que a encomenda.
Chamei o paciente seguinte, que lá foi de má vontade, e percebi que vida de médico não é tão fácil como por vezes imaginamos. Muitas vezes, não são só médicos. São a companhia que os idosos querem e precisam. E nem todos têm paciência pra isso.
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Coisas que me tiram o bom humor
Levantar-me de madrugada, madrugada fria, vestir roupa de inverno, calçar botas com meias quentes e dirigir-me ao centro de saúde para marcar uma consulta.
Sair de lá às dez, verão na rua, pés a transpirar dentro das botas, tirar casaco e ainda ficar cheia de calor, chegar a casa e cair em cima do sofá. De sono e de mau humor.
Não marquei consulta. Tinha chegado tarde demais. Só teve vaga quem chegou antes das sete.
Não estou a sonhar e, já resignada, convenço-me de que da próxima, tenho de que ir às cinco da manhã.
É o que temos!!!
Sair de lá às dez, verão na rua, pés a transpirar dentro das botas, tirar casaco e ainda ficar cheia de calor, chegar a casa e cair em cima do sofá. De sono e de mau humor.
Não marquei consulta. Tinha chegado tarde demais. Só teve vaga quem chegou antes das sete.
Não estou a sonhar e, já resignada, convenço-me de que da próxima, tenho de que ir às cinco da manhã.
É o que temos!!!
domingo, 8 de outubro de 2017
sábado, 7 de outubro de 2017
E finalmente...
... tudo voltou à normalidade!
Os políticos deixaram de sorrir, de beijar peixeiras e de comprar(?!) em mercados de rua. As obras - mal amanhadas - terminaram ou foram suspensas até novas eleições. E por agora, acabaram os teatrinhos deprimentes do costume.
Os políticos deixaram de sorrir, de beijar peixeiras e de comprar(?!) em mercados de rua. As obras - mal amanhadas - terminaram ou foram suspensas até novas eleições. E por agora, acabaram os teatrinhos deprimentes do costume.
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
"A arte, é a auto-expressão lutando para ser absoluta" - Fernando Pessoa
Quem passar na aldeia ribatejana de S.João da Ribeira a 18 km de Santarém e 12 de Rio Maior pode parar e visitar no O Lugar das Artes a exposição permanente do autor.
terça-feira, 12 de setembro de 2017
"Amor não se escreve, faz-se"
.........................
-Casámos a semana passada.
-Ah! Então estão em lua de mel!
-Sim. Lua de mel, sol de mel e até as nuvens são de mel!
E lá foram. De mãos dadas. Felizes como dois putos.
Com mais de setenta anos!
-Casámos a semana passada.
-Ah! Então estão em lua de mel!
-Sim. Lua de mel, sol de mel e até as nuvens são de mel!
E lá foram. De mãos dadas. Felizes como dois putos.
Com mais de setenta anos!
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Adenda
No post anterior, por lapso, (ou talvez por ter dificuldade de, em poucas palavras o definir e andar aqui atrapalhada na escolha) não referi a minha gratidão ao Francisco.
É que tanto eu como as minhas filhas já fomos "vítimas" da sua generosidade.
Obrigada Francisco.
Obrigada Tio Xico
É que tanto eu como as minhas filhas já fomos "vítimas" da sua generosidade.
Obrigada Francisco.
Obrigada Tio Xico
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
Francisco, uma pessoa especial
Nasceu avieiro numa aldeia do Ribatejo, mas a vida levou-o para o Algarve ainda jovem e por lá ficou, sem nunca perder as raízes ribatejanas.
Tem amigos entre artistas, pescadores e taberneiros.
Correu mundo, mas não gosta de sair à rua em épocas em que o "seu" Algarve está mais invadido por turistas.
É um artista, mas sempre foi funcionário público.
Para ele, o Algarve é a Ria Formosa. Talvez porque lhe lembra o Tejo.
Amou mulheres de várias latitudes, mas nunca se casou.
Não tem filhos, mas tem sobrinhos, seus e "emprestados", onde se incluem as minhas filhas.
É um conversador de mão cheia, culto, educado, generoso, afável, com uma voz calma mas firme de quem sabe o que diz.
Agora, já reformado, comprou uma velha paliçada na sua aldeia natal, que reconstruiu e se transformou numa "casa fantástica" como diz Papoila mais crescida.
E está a preparar-se para uma nova etapa de vida.
E vai, de certeza, vivê-la como tão bem sabe. Em pleno!
Muito mais haveria a dizer sobre este homem especial. Mas isso, fica só para quem o conhece.
Vida longa, Francisco!
Tem amigos entre artistas, pescadores e taberneiros.
Correu mundo, mas não gosta de sair à rua em épocas em que o "seu" Algarve está mais invadido por turistas.
É um artista, mas sempre foi funcionário público.
Para ele, o Algarve é a Ria Formosa. Talvez porque lhe lembra o Tejo.
Amou mulheres de várias latitudes, mas nunca se casou.
Não tem filhos, mas tem sobrinhos, seus e "emprestados", onde se incluem as minhas filhas.
É um conversador de mão cheia, culto, educado, generoso, afável, com uma voz calma mas firme de quem sabe o que diz.
Agora, já reformado, comprou uma velha paliçada na sua aldeia natal, que reconstruiu e se transformou numa "casa fantástica" como diz Papoila mais crescida.
E está a preparar-se para uma nova etapa de vida.
E vai, de certeza, vivê-la como tão bem sabe. Em pleno!
Muito mais haveria a dizer sobre este homem especial. Mas isso, fica só para quem o conhece.
Vida longa, Francisco!
Tem esta vista fantástica quando abre a porta.
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
Hora da sesta
Coisas lindas de sua dona!
Tirei a foto, e a seguir, não resisti e acordei-as. Com muito mimo e amasso e beijo!
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
Cara e coroa
As novas TIC, são a consumação da informação globalizada, são potencialmente perigosas, suscetíveis de serem utilizadas por pessoas sem escrúpulos e mal intencionadas, acabaram com a nossa privacidade e blá blá blá. Tudo verdade!
Caramba! Mas Agostinho da Silva poder ser visto no Youtube por qualquer cidadão em qualquer parte do mundo, é obra.
Lembro-me que quando o ouvia era com tanta atenção e admiração, que achava uma pena ele não ser ouvido por todas as pessoas. Era minha convicção, e continua a ser, que se toda a gente tivesse o privilégio de contactar, de algum modo, com aquele homem, à primeira vista tão frágil, velho, tão pouco "apresentável", mas tão poderoso, o mundo seria garantidamente melhor.
O bom comunicador, não é aquele que transmite a sua mensagem com técnica e saber. É aquele que, sem saber, cativa a atenção do recetor para que este fique disponível para receber a sua mensagem, mesmo que ela seja uma mensagem de cáca.
Ora, Agostinho da Silva, esse mestre, entre muitas outras coisas, da comunicação, conseguia dispor-nos a ouvir tudo o que ele quisesse, e o que ele tinha para dizer, era tudo menos cáca.
Lembro-me da D. Isilda, minha professora de Religião e Moral na Secundária, que eu admirava e ouvia como se fosse crente até à medula (e eu já naquela época era do mais ateu que podia haver), tal era a facilidade com que ela nos agarrava a atenção. Aquela aula era pra mim tão rápida, que quando tocava para a saída, eu pensava que era a campainha do meu cérebro a lembrar-me que não me deixasse levar na conversa dela, e aprendesse, isso sim, como se comunica de verdade.
Não aprendi grande coisa, porque há coisas que não se aprendem. Ou se tem ou não se tem.
Ah! Tudo isto, para dizer, talvez da pior maneira, que a internet também pode ser uma "arma" do bem, e, bem usada, uma fonte inesgotável de cultura.
Aproveitemos, então!
Caramba! Mas Agostinho da Silva poder ser visto no Youtube por qualquer cidadão em qualquer parte do mundo, é obra.
Lembro-me que quando o ouvia era com tanta atenção e admiração, que achava uma pena ele não ser ouvido por todas as pessoas. Era minha convicção, e continua a ser, que se toda a gente tivesse o privilégio de contactar, de algum modo, com aquele homem, à primeira vista tão frágil, velho, tão pouco "apresentável", mas tão poderoso, o mundo seria garantidamente melhor.
O bom comunicador, não é aquele que transmite a sua mensagem com técnica e saber. É aquele que, sem saber, cativa a atenção do recetor para que este fique disponível para receber a sua mensagem, mesmo que ela seja uma mensagem de cáca.
Ora, Agostinho da Silva, esse mestre, entre muitas outras coisas, da comunicação, conseguia dispor-nos a ouvir tudo o que ele quisesse, e o que ele tinha para dizer, era tudo menos cáca.
Lembro-me da D. Isilda, minha professora de Religião e Moral na Secundária, que eu admirava e ouvia como se fosse crente até à medula (e eu já naquela época era do mais ateu que podia haver), tal era a facilidade com que ela nos agarrava a atenção. Aquela aula era pra mim tão rápida, que quando tocava para a saída, eu pensava que era a campainha do meu cérebro a lembrar-me que não me deixasse levar na conversa dela, e aprendesse, isso sim, como se comunica de verdade.
Não aprendi grande coisa, porque há coisas que não se aprendem. Ou se tem ou não se tem.
Ah! Tudo isto, para dizer, talvez da pior maneira, que a internet também pode ser uma "arma" do bem, e, bem usada, uma fonte inesgotável de cultura.
Aproveitemos, então!
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
Piódão
O que eu aqui estava a ver,...
... foi o que viu Miguel Torga quando escreveu isto.
Chamou-lhe Portugal primevo. Desde a primeira vez que aqui vim, há uns trinta anos, e agora, já houve tantas alterações. Mas quero acreditar que ainda é o remanescente desse Portugal.
Assim se conserve.
A descoberta destas pérolas, e a invasão em massa, pode alterar-lhes o estatuto: de aldeias vivas, a "montras".
domingo, 3 de setembro de 2017
.... ver os aviões!
Porque é que as moscas e as melgas gostam de mim?
Deve ser porque eu ando sempre a dizer que gosto de tudo o que tem asas!!!!!!

Hoje, Porto-Gaia
Deve ser porque eu ando sempre a dizer que gosto de tudo o que tem asas!!!!!!

Hoje, Porto-Gaia
sábado, 2 de setembro de 2017
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