Sou pessoa que gosta de por cá andar e que acha que estar vivo, não é apenas o contrário de estar morto (como dizia a outra).
Vai daí, mesmo com o meu médico de baixa, resolvi procurar maneira de encontrar um médico que me passasse as requisições para os exames que costumo fazer anualmente. Não para descobrir alguma doença encoberta, mas para me certificar de que está tudo bem com a minha saúde.
Depois de me ter levantado às cinco da manhã e me ter posto ao caminho, lá consegui uma consulta com o Dr. J., um cubano matulão, e que, segundo ouvi nas duas horas que fiquei à espera, não é nada simpático, não entende o português e nem se faz entender. Ouvi ainda, que não costuma levantar os olhos para os pacientes e os despacha com a maior rapidez possível. Olhando à minha volta, pareceu-me que quem lá estava para consulta, pessoas idosas (um pouco mais idosas do que eu, entenda-se), não sabiam bem do que se queixar, e, na verdade, o que queriam era que ele lhes tirasse as dores e os anos que têm em cima, o que, digamos, não é fácil de conseguir.
Mas, já pouco contente por ter sido tão difícil conseguir a bendita consulta, não me apetecia nada ter de me aborrecer também com um médico mal humorado.
Vamos lá dar a volta a isto, pensei eu.
E quando chegou a minha vez, já depois de alguns coxos, mancos e mal humorados, abri a porta, pus o meu melhor sorriso e disse ao que ia. Ele levantou-se, olhou pra mim, também sorrio e perguntou-se se estava doente. Eu disse que não, que aquilo era apenas rotina e ele voltou a olhar pra mim e disse: Oh! Helena, ainda bem que não está doente! Pode passar a ser minha paciente!
A seguir, fez o que tinha de fazer, entregou-me tudo, disse-me que gostaria que depois lá fosse mostrar os resultados de todos os exames e eu saí toda contente, porque se há coisa que me encanita é gente mal disposta logo de manhã e o latagão afinal até me saiu melhor que a encomenda.
Chamei o paciente seguinte, que lá foi de má vontade, e percebi que vida de médico não é tão fácil como por vezes imaginamos. Muitas vezes, não são só médicos. São a companhia que os idosos querem e precisam. E nem todos têm paciência pra isso.
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