terça-feira, 24 de outubro de 2017

Emoções

Fui criada por aqui, à sombra das oliveiras, a ver todos os trabalhos do campo mas nunca percebi muito bem todo o processo de obtenção do azeite. Tenho uma ideia, mas gostava de ver tudo, do principio até à saída do azeite. Este ano, quis ir ao lagar tentar, finalmente, ficar a saber como se extrai o ouro liquido.
Mas, com tanta modernice que os lagares agora têm, ainda vi menos do que imaginava e só consegui ver a azeitona entrar num buraco e o azeite sair noutro. Quando começamos a ver sair o azeite, a minha amiga Maria C. , que também tinha ido para ver e que tinha azeitona dela misturada com a minha, agarrou-se a mim quase a soluçar. Pensei que lhe tinha mordido uma vespa, ou que tinha escorregado naquela nhanha gorda do chão, e, a muito custo (depois de quatro dias a apanhar azeitona, doía-me tudo até às unhas dos pés), levantei os braços e segurei-a, quando percebi que aquilo afinal era emoção.
-Lenaaaaa!!!!!!!!!! O nosso azeite!!!!!!!!!!
Engoli em seco, fiquei mais descansada e guardei a minha emoção para quando, descansada e sem dores, pudesse apreciar o sabor do meu azeite.
A Maria C., essa, chegou a casa quase a dançar com dez litros de azeite, um garrafão em cada mão, e de certeza absoluta,  ainda o provou naquele dia.
Gosto de pessoas assim, emotivas. Mas compreendi a aparente rudeza dos trabalhadores do campo. O cansaço tolda-nos os sentimentos, tolhe-nos o sorriso.

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