quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Que venha então um novo ano

"Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de si que o Ano Novo dorme e espera desde sempre."
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

wonderful world

E não é que eu ouvi um grilo a cantar em Dezembro???
E bem afinado. O pobre ou ainda não morreu de frio, ou resistiu e inaugurou os espetáculos mais cedo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Papoila na vó

Durmo com ela para a tapar durante a noite.
E porque gosto de adormecer com a mão dela na minha. A mesma mão que, nas curvas do sono, me esborracha o nariz e me esmurra os olhos.
E porque gosto que durante a noite me abrasse com força.
E porque gosto (muitooo) de acordar e vê-la olhar para mim, abraçar-me e dizer-me que gosta muito de mim e de aqui estar.
E porque gostaria que ela se lembrasse sempre disto, como eu me lembrarei.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Qual Pai Natal, qual quê!!!!!!!!!

Numa visita a Óbidos àquela coisa que eles chamam Vila Natal, Papoila mais crescida não quis saber do Pai Natal e foi direitinha à corda de Slide.  E só não fez, porque o equipamento lhe ficava demasiado grande e isso punha em causa a sua segurança. Chorou esperneou e disse que podia muito bem ir porque ia de capacete. E quando lhe disseram que não podia mesmo ser, gritou que esperava lá até poder ir. Com quatro anos ainda incompletos, esta miúda é mesmo radical.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Isto...

... e muito mimo de neta. Uma semana inteira, como prenda de Natal antecipada.

domingo, 18 de dezembro de 2016

A culpa pode ser das mães

A B. anda angustiada porque o filho se separou depois de mais de vinte anos de casamento.
E eu digo-lhe que, se eles se separaram de comum acordo, foi, certamente, porque chegaram à conclusão de que separados ficariam melhor. Mas ela diz que não, que mesmo que não se entendessem muito bem deviam continuar juntos. Porque assim o pobre do filho não tem uma mulher que lhe faça as "coisinhas". Nem o filho, nem o neto, coitadinho (um matulão com 23 anos) que ficou com o pai.
Lembra-me uma mãe, que, a propósito da toxicodependência dos filhos, dizia que tinha muita pena que se drogassem mas que vergonha era se fossem "panelêros". Esta mãe perdeu os dois filhos. E chorou-os, certamente com muita mágoa. Mas sempre se livrou de os chorar com vergonha, já que não eram "panelêros".
Este paralelismo é constante noutros estigmas. O que nos leva a concluir que, nós, mãezinhas queridas que adoramos os nossos ricos filhinhos, somos capazes de os inquinar com preconceitos bárbaros.
É que nós, pais, não fazemos os nossos filhos apenas no momento da conceção. Continuamos a "faze-los" ao longo da vida. Essencialmente nos primeiros anos, em que somos a sua principal referencia.
Fazer filhos, não é, afinal, uma coisa fácil.

sábado, 17 de dezembro de 2016

A vida real

Lembro-me que as drogas, pelo menos aqui na província (talvez na capital e nas cidades maiores tivesse chegado mais cedo), chegaram no pós revolução. Estava tudo em ebulição com tanta novidade, tantas coisas novas, a chegada de "retornados", de novos hábitos, da tão aclamada liberdade. Felizmente nunca fui aliciada para essas práticas. A ingenuidade, certamente ter-me-ia tramado. Mas muitos dos meus colegas não resistiram  e deixaram-se atar por esse nó cego. Alguns, já morreram. Outros, são, ainda hoje, reféns.
Lembro-me de, aqui em família, termos há muitos anos um Natal diferente. A L. foi presa precisamente a 24 de Dezembro, por posse de droga em quantidade considerada superior à atribuída ao consumo. Foi condenada por tráfico. A L. entretanto regenerou-se. Tem uma relação feliz e uma filha que adotou porque as sequelas  dos anos de vida errante a impediram de ter filhos biológicos. Hoje, a filha da L. é adolescente, precisamente com a idade que ela tinha quando se deixou enfeitiçar. E ela protege-a ferozmente com as mesmas garras que a puta da droga um dia a garrou. Oxalá as dela sejam mais fortes e consiga proteger a sua menina.
Hoje, na comunicação social, vi mais um caso em que um miúdo novo foi morto por alegadamente ter dívidas com traficantes.
E lembrei-me que criei as minhas filhas com tanto medo da maldita.
E hoje tenho duas netas e o medo não adormeceu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

... ainda que no inverno...

 
QUANDO VIER A PRIMAVERA
.............
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

............
 

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Para memória futura

"A felicidade está nas coisas simples"


Afetos genuínos. Ainda os sufoco. Com tanto mimo.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Matemática da vida

Soube hoje que um vizinho recém chegado aqui ao campo, foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica. Uma doença fatal e tremendamente cruel.
Ele, o meu vizinho, nunca vai comer pinhões dos pinheiros que plantou, nunca se vai sentar à sombra dos sobreiros, talvez nem coma das couves que tem a crescer na horta porque em breve será alimentado por uma sonda e nada lhe vai saber a nada, não brincará mais com as duas cadelas abandonadas que acolheu, não usufruirá do sol ou da sombra das enormes varandas da casa que construiu, não verá outro inverno......porque vai deixar de viver. Mesmo que morra daqui a seis meses (triste equação matemática), o tempo que lhe resta, será para sofrer. Apenas para sofrer.
E os meus problemazinhos ridículos tornaram-se de um momento para o outro menos que pó. Apenas uma pequena nuvem de fumo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

sábado, 10 de dezembro de 2016

A saude que o dinheiro pode (ou não) pagar

Esta semana, tive consulta de rotina com a minha endocrinologista (as hormonas querem-se harmoniosas como uma orquestra).
Como duas boas conversadoras que ambas sabemos que somos, aproveitamos o tempo da consulta para conversar sobre o que cada uma tinha para dizer, e, entre outras coisas, dizia-me ela que se sente frustrada com o tipo de serviço  que é obrigada a prestar no hospital onde trabalha e que se sente uma verdadeira operária da saúde, quando o que ela queria era uma relação de proximidade com os pacientes, fazer com que se sentissem seguros e confiantes, já que de uma maneira quase geral, quem procura um médico vai sempre mais ou menos fragilizado. Dizia ela, que encara a medicina não como uma profissão, mas como uma missão. E que agora, para alem de ter o dobro do trabalho (falava em nome dela e dos colegas que trabalham no SNS), não tem tempo para ser a médica que gostaria de ser e que sempre foi.
E tudo isto, porque o estado, (mas o estado não somos todos nós?) não tem dinheiro para investir mais na saúde.
Efetivamente, com tanta porcaria de tanta informatização, o que antes era apenas do conhecimento do nosso médico, pessoa a quem confiávamos a nossa vida mais intima, agora é do domínio de quem tiver acesso ao nosso cartão. Com isto quero dizer, que, praticamente, qualquer um pode saber qual a duração do meu período menstrual, por exemplo. Porra! Então mas o nosso médico não era como o nosso confessor (lagarto lagarto lagarto)? Um poço sem fundo? Mas isso era antes. Agora, quer queiramos ou não, estamos todos num gigantesco Big Brother. Para alem do aspeto profissional, gosto desta médica também por isto. Por me fazer sentir próxima, informada, e (in)segura.
Quando saí de lá, senti-me mais leve. Primeiro, porque estava tudo bem com a minha saúde, segundo porque fiquei com menos 65 euros na carteira e terceiro, porque podia paga-los e assim ter acesso ao luxo de ser atendida por uma médica como antigamente.


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

... de cores e de poesia

...

Quando a sílaba das cores
abre as pernas às palavras
os poetas têm dores
como crianças que ladram.
E fazem sulcos na carne
golpes dentro da ternura
até chegarem ao cerne
da primavera mais dura.


Então, acendem-se os poemas
feitos de poesia pura

José Carlos Ary dos Santos

domingo, 4 de dezembro de 2016

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Simplesmente poesia


De Brecht...

"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem".




A Antonio Aleixo

"Vejo a arte definida
Na forma de descrever
O bem ou o mal que a vida
Nos faz gozar ou sofrer".






segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Nem de mais, nem de menos.


Quando tinha uns catorze ou quinze anos, tive uma professora de Historia que nunca mais esqueci.
Era mais velha que qualquer outra professora e usava umas meias de algodão castanho e uns sapatos de couro iguaizinhos aos que a minha avó usava nos trabalhos do campo. Era bondosa, compreensiva, humilde e bonacheirona, o que fazia com que todos pensássemos que estávamos na sala de aula com a nossa avó. Era culta, e muito inteligente. Por isso, mesmo parecendo que não, não se deixava levar pelas palavras ardilosas de alguns alunos espertinhos que tentavam a todo o custo tirar partido da sua bondade.
Um dia, e nunca mais me esqueci, disse que " um excesso de benevolência, passa a ser parvoíce".
Naquela altura fiquei a pensar naquilo, e com o passar do  tempo fui compreendendo melhor o que ela queria dizer.
O ideal, era que pudéssemos ser benevolentes, sem que aos olhos dos outros, fossemos uns parvalhões.
Ando à procura desse equilíbrio.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Ser ou não ser

Acontece-me algumas vezes, ir a casa de algumas pessoas que têm na sala estantes cheias de livros e, vá-se lá saber porquê, tenho quase a certeza que nunca eles foram lidos ou sequer folheados, assim como não quer a coisa, só passar com os olhos em algumas páginas ou, loucura das loucuras, sentir-lhes o cheiro (isto de gostar de cheirar tudo, deve ser mania só minha por ter um grande nariz).
claro que isto é apenas o que eu penso. Posso não estar certa.
Ora bem, há uns quinze dias, comprei um livro, mas tinha outros na frente e ainda não o li. Pu-lo em cima da mesa da sala, tadinho, à espera de vez.
Ontem, olhei pra ele e de repente.......tu queres ver??????
Não é que o raio do livro tem uma capa que combina na perfeição com a decoração da minha sala?
Agarrei no gajo e fui empilha-lo entre outros para afastar ideias parvas.
De mim, e de alguém que aqui apareça e tenha uma imaginação como a minha.

domingo, 13 de novembro de 2016

Mea culpa

Por distração (culpa) minha, o meu cão deu umas voltas pelas redondezas durante não sei quanto tempo.
Quando voltou, tinha duas grandes queimaduras, feias e graves. A veterinária diz que foram provocadas por uma fonte de calor ou ácido.
Eu, que sou pessoa otimista e tenho ainda alguma fé nos outros, quero acreditar que foi um acidente.
Mas por mais voltas que dê, tenho imensa dificuldade em fazer filmes em que ele se tenha queimado sozinho.
E é assim.

Carpe diem

Resultado de imagem para frases sobre sorriso

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

... do frio que me aquece

Cá dentro, um bom livro, o aconchego da manta, aquela musica...
Lá fora, a chuva e o vento batem com força na vidraça, numa cadencia frenética, como que a escrever... e logo depois apagar, as palavras de um poeta inquieto.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O melhor, do pior

As grandes superfícies comerciais e as lojas dos chineses, acabaram com o comercio tradicional.
Na pequena cidade onde morava antes, é desolador ver as lojas que antes estavam sempre cheias de clientes, terem agora as portas fechadas ou o dono à porta, como que a dizer que está disponível.
Ainda me lembro da rua principal, quando ao sábado de manhã, até eu que nunca gostei de compras, lá ia, mais para me encontrar com pessoas que sabia que ia lá encontrar e conversar um bocadinho, do que propriamente para fazer compras.
 E a mercearia mesmo em frente, que tinha um daqueles moinhos antigos de café, e que deitava cá pra fora um cheirinho que era melhor que qualquer anuncio publicitário?
Mas a melhor, era a da dona E.
Mesmo na minha rua, tinha de tudo. Comprava lá o pão, o leite, um tecido para fazer uma saia ou um chapéu de chuva conforme necessidade. Para alem da proximidade geográfica, havia uma bonita relação de amizade. Eramos amigas, pronto. E também tinha dois filhos gemeos da idade das minhas, o que nos aproximava ainda mais.Se entrasse na porta mais perto da minha casa, passava pelo "escritório". Nome dado pelos estudantes da escola secundária próxima e onde era possível encontrar numa mesa um grupo de jovens na brincadeira e a almoçar, e na do lado dois ou três bêbados que faziam sala horas a fio. A P. ia lá tomar o café depois do almoço e também ficava umas horas e eu, antes de ir trabalhar, passava por lá, quase sempre só para as ver. Gostava muito desta cumplicidade.
Claro que a dona E. teve de fechar portas, depois de muitas tentativas frustradas para manter aquele negócio aberto e hoje, deve estar tudo a cair e talvez até já sem portas.
Esta conversa toda, é só para dizer que, apesar de tudo, é muito prático eu ir a um hipermercado comprar ração para as gatas, uns flocos de aveia ou umas cuecas e de passagem, comprar um livro sem ter de sair dali.





quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Fraquinha da mona

Quando eu era mais nova e ainda tinha algum tino, parece que me lembro de o natal ser a 25 de Dezembro e o carnaval lá para fevereiro ou Março.
Agora, senhora de uma certa idade, não é que tenho tido umas alucinações e tenho visto, em Outubro, montras cheinhas de máscaras e outros atavios de carnaval, lado a lado com outras já apinhadas de enfeites de natal?
Isto devo ser eu que já não ando boa da pinha!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Pra quem gosta de poesia, de praia no inverno e, já agora, de Bob Dylan

"Quantas estradas um homem precisará andar
Antes que possam chamá-lo de homem?
Quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar
Antes que possa dormir na areia?......."
 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Crescer e....(não) aprender.

Quando era miúda, queria saber tudo sobre TUDO.
Coisinha que me passou, quando fui crescendo (ainda que pouco), e fui descobrindo que nunca iria saber tudo sobre coisa nenhuma. E foi um desgosto perceber que nunca iria saber tudo sobre plantas, minerais, português, historia, matemática, tudo sobre lobos, elefantes, burros, camelos, pessoas e por ai fora. Teria de viver uma vida para cada escolha. Descoberta dolorosa a par com a chegada da idade adulta. Resignei-me e passei a ficar atenta a tudo ainda que sem a pretensão de tudo saber.
Ora, falando apenas de pessoas, mais não quero do que delas saber o suficiente para escolher entre defender-me ou entregar-me (de modo mais ou menos egoísta) ao prazer de aprender, ensinar, dar, receber, enfim, conviver do modo mais sincero e pleno que me for possível.
E assim há-de ser. Que de outra maneira, duvido que ainda consiga aprender.



terça-feira, 18 de outubro de 2016

Eufemismos......

"Morre-se muito da morte, lamento; mas morre-se mais ainda da ausência de um motivo para viver. A preocupação não deve ser o preocupante; antes, isso sim, a ausência de preocupações. Estar vivo é estar, de um certo ponto de vista, preocupado. Preocupa-nos o que nos envolve, e é precisamente isso que nos mantém alertas - eufemismo clássico para vivos."

Pedro Chagas Freitas

E a montanha pariu.... um rato. E cego!

Atualização de dez euros prevista para agosto deverá chegar a pensões mínimas que não foram atualizadas nos últimos anos
O Governo diz que há 250 mil pensões abaixo dos 275 euros que poderão beneficiar da atualização extraordinária de 10 euros prevista para agosto na proposta de Orçamento do Estado para 2017 (OE2017).
DN
 
Isto é a brincar, não é??????????

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

"O LUGAR DAS ARTES"

 
 
Um "Lugar" que vale a pena.
Uma visita que vale a pena.
S. João da Ribeira - Rio Maior
 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Robôs de cozinha(!!!!!!!!!!!!)

Dizem por aí, que pessoas distraídas, fáceis de convencer e habituadas a realidades virtuais, andam a comprar umas panelas, que fazem tudo mesmo que os proprietários não saibam estrelar um ovo.
Eu, cética, não acredito em nada disso nem vou nessas cantigas. Por acaso o raio da panela vai às compras, limpa, prepara e lava os alimentos que vão lá para dentro? Não, pois não? Então e isso não é a parte pior de cozinhar? depois de isso estar feito, qual é a diferença entre enfiar tudo na panela X ou na panela Y????
A mim, o que me dava um jeitão, era uma porra de um apetrecho que me fosse às compras, preparasse tudo, cozinhasse e servisse.
Ou então, e a sonhar até eu posso ser excêntrica, a paparoca da D. Carmen, cozinhada na panela de ferro ao lume. Ai aquele arroz de couve!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

domingo, 2 de outubro de 2016

Salvaste o meu dia, avó!

Disse-me ela.
Com três anos de inocência e a repetir tudo o que ouve, mesmo parecendo distraída, mal sabia ela que com isso, salvava o meu.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Manhã

 
 
Os contos de fadas são assim
 Uma manhã, a gente acorda
E diz: "era só um conto de fadas..."
E sorrimos de nós mesmos
Mas, no fundo, não estamos sorrindo.
Sabemos muito bem que os contos de fadas
São a única verdade da vida.
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Ainda há pessoas "bonitas"

A Maria C., minha companheira de caminhadas e que faz o favor de ser minha amiga, é uma beirã que veio parar ao ribatejo e que cedo a vida levou para França.
Por lá ficou mais de quarenta anos, mas sempre com vontade firme de voltar para Portugal. Assim que lhe foi possível, tratou de comprar por aqui, terra que a acolheu e que tem como sua, uma casinha e um pedaço de terra para onde vinha sempre que tinha possibilidades.
Agora voltou de vez. E é até emocionante, ver não só o apego que tem pelo que a tanto custo conquistou, como o respeito com que trata todos à sua volta, incluindo animais e plantas. Todos os dias, chova ou faça sol, sozinha ou acompanhada por quem para isso tiver pedalada, lá vai ela, campos fora, sem nunca chegar a casa sem mais uma planta para juntar às "amiguinhas" que já tinha e que trata com um zelo, um cuidado, um respeito e uma sabedoria que me impressionam. Conhece mais plantas daqui, do que eu, aqui nada e criada. Sabe tudo sobre elas e protege-as com um carinho admirável.
Animal que por lá lhe apareça, tem sempre comida e água.
Gosta de conversar com toda a gente e nunca tem pressa.
Com tanta "desfé" nas pessoas como eu tenho tido, sabe-me muito bem ter por perto uma pessoa como a Maria C.


terça-feira, 20 de setembro de 2016

"Des"equilibrio

"Eu sou feita de tão pouca coisa e meu equilíbrio é tão frágil, que eu preciso de um excesso de segurança para me sentir mais ou menos segura."
Clarice Lispector

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Olimpicos/Paralimpicos

Agora que terminaram os jogos paralímpicos, vem a propósito expor aqui a minha opinião sobre o resultado dos jogos Olímpicos para os atletas portugueses.
Como sabemos, estes jogos são a competição desportiva mais importante para qualquer atleta. Participam os melhores dos melhores, os que tiveram melhores condições para conseguir o apuramento e os que, mesmo em desigualdade de circunstancias, ainda assim, conseguiram apurar-se.
A meu ver, aos atletas, e ao contrário do que muitos portugueses manifestaram, não devemos exigir medalhas. Afinal, e como os próprios argumentam, têm condições de trabalho muito inferiores aos seus adversários que são sempre, os melhores dos melhores.
Agora, ver um atleta que ficou quase no fim da tabela numa final, todo contente porque sentia que até tinha ganho uma medalha, isso é que eu nunca vou entender. Que não consigam ficar em primeiro, é até compreensível, agora que se contentem com isso faz-me imensa confusão. Então o objetivo de quem participa numa competição não é sempre ficar em primeiro? Se fosse eu, chorava baba e ranho até se ficasse em segundo, que é o primeiro dos últimos.
Como eu compreendi aquele atleta paralímpico, que perante a derrota chorou e até pediu desculpas por não ter conseguido.....
Não precisava de se desculpar. Porque quem não consegue, não consegue. Paciência. Mas aquela sim, foi a manifestação normal de quem joga para vencer.
Parabéns aos nossos atletas Paralímpicos por serem tão orgulhosamente competitivos.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Será nostalgia?

Desde que as temperaturas baixaram, tenho feito grandes caminhadas a que gosto de chamar passeios. Não têm ritmo obrigatório, itinerário pré estabelecido nem horário rígido.
Ando por aqui a pé, por onde habitualmente passo de carro, e tudo me parece diferente.
Cumprimento as pessoas em vez de apenas acenar, converso um bocadinho com quem ainda encontro a pé( o que é raro), sento-me com elas no "peal" da porta, aqui apanho umas amoras, ali um figo, acolá uns bagos de uva, vejo com atenção os "jardins" (as plantas são tão democráticas. Tão bonitas são nos jardins do palácio de S. Bento, como no jardim da T., emparedadas por pedaços de madeira podre), aceito e muitas vezes até peço, plantas que me fascinam e que nem sabia que existiam, sinto o cheiro do almoço já ao lume, lavo as mãos nas fontes, tiro umas fotos ....
Ontem passei na aldeia da minha mãe. No centro, onde antes havia tanta gente, já só há casas velhas, a cair. Os velhos morreram, os mais novos saíram ou também já morreram e elas lá estão. O largo  onde cabia um reboque de trator como palco, e centenas de pessoas a dançar numa alegria genuína de quem pouco mais pedia à vida, pareceu-me tão pequeno e estava tão triste que me contagiou. Onde naquele tempo faziam o arraial, há agora uma capela tão feia como a que fizeram de novo no monte da E. em substituição da velha que era linda. Na rua, onde se agrupavam os "emigrantes" que tinham ido para Lisboa, e voltavam todos os Setembros para a festa, só passam gatos sorrateiros. A fonte onde a minha avó enchia a bilha de barro e que transbordava tanta agua que chegava para as mulheres lavarem a roupa, já secou. Completamente. Plantaram eucaliptos à volta que acabaram com a água. Os lavadouros públicos, antes sempre cheios de lavadeiras e crianças barulhentas, mais parecem um anexo dos moradores do lado. Onde antes havia vinhas, olivais e searas de trigo há agora eucaliptos.
E ando nisto umas duas ou três horas. Vou continuar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Memorial


Olhando assim de longe para a serra de Montejunto, eu, cheia de fome e já Blimunda, vejo a passarola do Padre Bartolomeu levantar voo em direção ao sol, carregadinha com as minhas duas mil vontades. Chega-me aos ouvidos a musica de Scarlatti.
Até já Sete Sóis.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Azul mais azul

Lindo azul!Verão pra quê??? Venha o Outono "faxavor"!!!!!!!!!!!!
Voltei a respirar!!!!!
Chega de calor!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

O Ti João C. e a Tia E.

Referir no post anterior a palhada que o Ti João C. dava às vacas, não foi por acaso.
É que tanto ele como a tia E., foram das pessoas mais queridas da minha infância.
Ela, cheia de energia, sempre a falar alto, curvada pelos anos, com os poucos dentes que tinha sempre à mostra ( nunca percebi se era um sorriso, um tique ou uma careta provocada pela dor dos joanetes).
Calçava sempre sapatos uns três números acima. Era generosa e tratava os sobrinhos-netos como se fossem seus netos.
Ele, homem alto e de poucas falas, muito sereno e lento nos gestos, tinha uma calma contagiante. Não ria alto mas tinha sempre um sorriso e um afago para a pequenada. Eram "primos carnais" mas tiveram três filhos "sãos e escorreitos".
A casa, tinha um grande pátio de terra batida e por esta altura, férias grandes, quando nos juntávamos netos e sobrinhos-netos, era uma brincadeira pegada à sombra do enorme sobreiro. Cheirava a rosas, pão quente e bosta de vaca. A minha avó, irmã da Tia E. ia lá muitas vezes costurar na velha máquina de costura e enchia a canela de barco ( as coisas de que eu me lembro) à mão.
A casa de costura era grande. Tinha uma cama de ferro com uma colcha de retalhos feita pela tia, as talhas do azeite, a das azeitonas ( conduto frequente ), a arca do trigo, outras arcas onde guardava as mais variadas coisas e nas paredes, tinha penduradas maçarocas e o sobretudo do tio. A máquina, ficava mesmo em frente da janela por onde podíamos entrar e sair porque era baixa. Lembro-me com perfeição do quadro com pássaros com uma moldura muito brilhante, que agora penso que seria de madrepérola.
À hora do lanche, havia pão caseiro com banha ( a que eu chamava manteiga branca) ou com alguma compota que a tia tivesse feito. Quando a víamos chegar com um prato tapado com a ponta do avental, já sabíamos que também havia bolachas, biscoitos e rebuçados de meio tostão, embrulhados em papel às bolinhas, cada sabor com sua cor.
Enfim, era uma casa farta.
Albergou sobrinhos casados à pressa e amigos recém chegados das ex-colónias.
Quando o tio ia tratar as vacas, juntavamo-nos todos à volta da pia redonda feita por  ele e viamo-lo preparar a palhada com muita atenção: palha, sêmeas de trigo que sobravam da peneira da tia, milho ou outro cereal. Juntava água e misturava tudo já com a barulheira das bichas que berravam e tocavam os enormes chocalhos já a intuir a proximidade da refeição. Foi lá, que vi pela primeira ( e única ) vez, nascer um bezerro e fiquei espantada quando o vi levantar-se quase de seguida.
Quando ficava fresco, lá íamos numa gritaria para a grande figueira que por esta altura estava pejada de figos-rei. Os meninos subiam mas as meninas, não. Ficavamos no chão porque tínhamos vestidos e mostrávamos as cuecas. E era feio. Eram dias de brincadeira e alegria.
Com o tempo, ai o tempo, tudo mudou.
Os tios morreram e dois dos seus filhos também.
Agora, os portões sempre fechados, guardam apenas as minhas lembranças e o que os ratos já desistiram de roer. Debaixo do telhado da adega, que já caiu, jaz o carro de bois com varais de pau verticais e onde eu gostava de me empoleirar, as ferramentas do tio, que era pedreiro, carpinteiro e mais umas sete artes para alem de boieiro, os tonéis, o lagar, a prensa, a lareira onde a tia curava os enchidos e o que restava, à sua morte , do que lá armazenava.
O pátio, gigantesco, pelo menos na minha memória de criança, já deve ter mato. Das janelas, já saem silvas, sinal de invasão interior. A figueira, tapada de mato, já não dá figos ( era agora). Só as rosas, uma ou outra, teimam em espreitar por entre as ervas que tapam a roseira. Se passar a pé ainda lhes sinto o cheiro. Se passo de carro, não olho. Faz-me pena. E saudade.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Comer... mas só com os olhos

Pululam  por aí, fotos de todo o tipo de doces "saudáveis", feitos à base de flocos de aveia, farinha de centeio integral de outras farinhas igualmente integrais ( agora é moda saber ou finjir cozinhar)com frutos vermelhos e tão bonitas e apetitosas que apetece lamber o ecrã.
Vai-se a ler..... e não têm açucar!
A bem dizer, devem ser tão boas como a palhada que o Ti João C. dava às vacas.
Ora eu, absolutamente inábil na arte de confecionar alimentos, pensava que os doces eram isso mesmo: doces.
Mas já percebi!! Elas não comem aquilo. Náah! É mesmo só pra fotografia.
Comer... só se for com os olhos.

sábado, 27 de agosto de 2016

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O tempo

"O tempo não passa. Está parado. Nós é que passamos por ele."
Pedro Paixão em A noiva Judia