As grandes superfícies comerciais e as lojas dos chineses, acabaram com o comercio tradicional.
Na pequena cidade onde morava antes, é desolador ver as lojas que antes estavam sempre cheias de clientes, terem agora as portas fechadas ou o dono à porta, como que a dizer que está disponível.
Ainda me lembro da rua principal, quando ao sábado de manhã, até eu que nunca gostei de compras, lá ia, mais para me encontrar com pessoas que sabia que ia lá encontrar e conversar um bocadinho, do que propriamente para fazer compras.
E a mercearia mesmo em frente, que tinha um daqueles moinhos antigos de café, e que deitava cá pra fora um cheirinho que era melhor que qualquer anuncio publicitário?
Mas a melhor, era a da dona E.
Mesmo na minha rua, tinha de tudo. Comprava lá o pão, o leite, um tecido para fazer uma saia ou um chapéu de chuva conforme necessidade. Para alem da proximidade geográfica, havia uma bonita relação de amizade. Eramos amigas, pronto. E também tinha dois filhos gemeos da idade das minhas, o que nos aproximava ainda mais.Se entrasse na porta mais perto da minha casa, passava pelo "escritório". Nome dado pelos estudantes da escola secundária próxima e onde era possível encontrar numa mesa um grupo de jovens na brincadeira e a almoçar, e na do lado dois ou três bêbados que faziam sala horas a fio. A P. ia lá tomar o café depois do almoço e também ficava umas horas e eu, antes de ir trabalhar, passava por lá, quase sempre só para as ver. Gostava muito desta cumplicidade.
Claro que a dona E. teve de fechar portas, depois de muitas tentativas frustradas para manter aquele negócio aberto e hoje, deve estar tudo a cair e talvez até já sem portas.
Esta conversa toda, é só para dizer que, apesar de tudo, é muito prático eu ir a um hipermercado comprar ração para as gatas, uns flocos de aveia ou umas cuecas e de passagem, comprar um livro sem ter de sair dali.
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