sábado, 10 de dezembro de 2016

A saude que o dinheiro pode (ou não) pagar

Esta semana, tive consulta de rotina com a minha endocrinologista (as hormonas querem-se harmoniosas como uma orquestra).
Como duas boas conversadoras que ambas sabemos que somos, aproveitamos o tempo da consulta para conversar sobre o que cada uma tinha para dizer, e, entre outras coisas, dizia-me ela que se sente frustrada com o tipo de serviço  que é obrigada a prestar no hospital onde trabalha e que se sente uma verdadeira operária da saúde, quando o que ela queria era uma relação de proximidade com os pacientes, fazer com que se sentissem seguros e confiantes, já que de uma maneira quase geral, quem procura um médico vai sempre mais ou menos fragilizado. Dizia ela, que encara a medicina não como uma profissão, mas como uma missão. E que agora, para alem de ter o dobro do trabalho (falava em nome dela e dos colegas que trabalham no SNS), não tem tempo para ser a médica que gostaria de ser e que sempre foi.
E tudo isto, porque o estado, (mas o estado não somos todos nós?) não tem dinheiro para investir mais na saúde.
Efetivamente, com tanta porcaria de tanta informatização, o que antes era apenas do conhecimento do nosso médico, pessoa a quem confiávamos a nossa vida mais intima, agora é do domínio de quem tiver acesso ao nosso cartão. Com isto quero dizer, que, praticamente, qualquer um pode saber qual a duração do meu período menstrual, por exemplo. Porra! Então mas o nosso médico não era como o nosso confessor (lagarto lagarto lagarto)? Um poço sem fundo? Mas isso era antes. Agora, quer queiramos ou não, estamos todos num gigantesco Big Brother. Para alem do aspeto profissional, gosto desta médica também por isto. Por me fazer sentir próxima, informada, e (in)segura.
Quando saí de lá, senti-me mais leve. Primeiro, porque estava tudo bem com a minha saúde, segundo porque fiquei com menos 65 euros na carteira e terceiro, porque podia paga-los e assim ter acesso ao luxo de ser atendida por uma médica como antigamente.


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