Com treze anos, e porque há coisas que nunca mudam, eu tambem tinha namorado.
Era o J.C..
Tinha mais nove anos do que eu (se fosse agora seria suspeito de pedofilia), tinha um ar digno, usava barba e parecia meu pai.
Nem sei como chegamos à condição de "namorados". Não sentia nada de especial por ele, mas achava giro ter um namorado que as minhas colegas não conheciam e que era de uma cidade grande.
"Namoravamos" num banco de jardim e nunca sequer trocamos um beijo.
Muito respeitador, pensava eu cheia de orgulho.
Tonta! Ele devia era ter nojo dos meus herpes!
Nas férias grandes, e porque eu só podia sair se fosse para ir à missa, de vez em quando lá o encontrava na igreja. Não falavamos porque o meu pai podia desconfiar e caía o carmo e a trindade.
Então, quando eu lia uma daquelas leituras da missa, olhava para ele como se fosse para os fiéis em geral e era esse o nosso cumprimento. Depois, cada um ia à sua vida e nem olhávamos mais um para o outro.
Bem sei que isto vos interessará tanto como o pêlo encravado que tenho aqui numa virilha, mas é só para dizer que dada a minha falta de interesse (e dele tambem), fiquei até aliviada, quando me trocou por outra com quem mais tarde casou.
Era, efetivamente, outra vida.
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