sábado, 6 de março de 2021

Viajar? Só na lembrança!

 Ontem entornei vinagre na cozinha. Limpei, lavei, mas hoje de manhã quando entrei, cheirou-me à Rua Gascona em Oviedo, a rua das Sidrerías, no fim de uma noite de verão. Para quem não sabe, a Sidra é uma bebida de maçã, que nas Astúrias tem a particularidade de ser tomada em grupo, onde várias pessoas socializam num ritual único de degustação. Partilha-se a garrafa e até o copo. Quem bebe em primeiro lugar (e de uma vez só) a bebida que um hábil escanção tira da garrafa a uma altura considerável (dizem eles que é para oxigenar)e que, curiosamente cai dentro do copo, deixa sempre um pouco no fundo. Assim, o escanção antes de encher novamente o copo, para o proximo bebedor, deita fora o restinho que ficou pelo sitio em que o anterior bebeu para "desinfetar" e a seguir manda-o para o chão. Para devolver à terra o que ela nos deu. Ora, com tanta dádiva à terra, e com tantas Sidrerías na cidade,  no fim de uma noitada cheira mais a vinagre que a Sidra. Escorre vinho de maçã pela calçada e até dentro das Sidrerías. Mas, curiosamente, na manhã seguinte, as ruas apresentam-se impecavelmente lavadas sem vestigios de maus cheiros. Até a Gorda de Botero reluz. Será que esta tradição vai sobreviver ao Covid? Será que ainda vai haver coragem para partilhar copos desta bebida e manter a tradição? Quero acreditar que sim. Já fui muito feliz em Oviedo. Olé!   

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