Ouve-se muitas vezes dizer que as crianças agora são mais espertas!
Eu não concordo.
O que se passa é que hoje, e já há alguns anos, felizmente, as crianças têm com os seus pais, professores e demais educadores, uma relação de confiança que lhes dá autonomia para se expressarem de forma natural.
Quando eu era criança isso não acontecia.
A relação que tínhamos com os adultos era de medo.
E não me digam que era respeito. Era medo mesmo.
Em casa tínhamos de obedecer aos nossos pais e ser como eles queriam que fossemos. Sem perguntas nem conversas indesejáveis que a resposta logo vinha pronta "NÃO SÃO CONVERSAS PARA A TUA IDADE". Tínhamos de beijar tudo o que era velha chata para que a esmerada educação que recebíamos ficasse à vista. Vestir as roupas mais ridículas porque o que tapava o frio, tapava o calor.
Ir à missa todos os domingos com muitas confissões pelo meio, para nos limpar dos "pecados".
As mais velhas, por isso mesmo, passavam a ser velhas mesmo que só tivessem três anos, e era-lhes exigido que tivessem um comportamento de adultos em relação aos irmãos mais novos.
Não podíamos dizer o que queríamos fazer quando fossemos grandes, porque seríamos o que eles decidissem.
Na escola tínhamos de nos levantar e ficar em sentido de cada vez que a professora entrava.
Se eramos pobres, tínhamos de ter notas muito superiores às dos ricos se queríamos ser tratados com alguma consideração pela professora. Se não, a régua entrava em ação.
Não tínhamos desculpa para atrasos de cinco minutos, mesmo que morássemos a cinco quilómetros da escola e fossemos a pé com chuva, geada ou qualquer outra intempérie.
Tudo isto sem roupa ou calçado apropriados, entenda-se.
Muitos, ainda tinham de trabalhar, e muito, quando chegavam a casa.
Na catequese, tínhamos de decorar o catecismo mesmo que não entendêssemos patavina daquilo.
Cumprimentar o padre com uma grande vénia, mesmo que no momento anterior o tivéssemos visto dar uma grande bofetada a uma criança, apenas porque ela estava sentada numa posição "pouco digna" ou a brincar de modo pouco apropriado.
E era isto.
Medo em casa, medo na escola, medo na catequese...porque as nossas tristes vidas se resumiam a isto: casa, escola e catequese.
Nada de outras distrações que o diabo estava sempre à espreita.
Agora felizmente nada é assim. As crianças podem ser crianças e mostrar que o são.
Podem seu curiosas, fazer perguntas...
Claro que há as exceções. As de antes e as de agora.
Mas não me venham dizer que dantes é que era bom, que as crianças eram muito educadas, que tinham respeito pelos mais velhos....
A mim, parece-me que são saudades da idade infantil , e só da idade. De se ser novo. De se ser bonito. De ter a pele fresca. E de pensar, hipocritamente, que se voltássemos a ser crianças eramos muito mais felizes.
sábado, 29 de junho de 2013
sexta-feira, 28 de junho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Incómodo...ou talvez não
Gosto de pensar que para os outros é normal eu não pintar as unhas dos pés ( nem as das mãos), não usar maquilhagem, não gostar de café, não gostar de refrigerantes, não ir à missa, não frequentar o café da aldeia, ler compulsivamente, cagar para conversas de mulheres chatas, não gostar de plantas dentro de casa, ser magra depois dos cinquenta...e mais umas esquisitices.
Mas não.
Não acham normal.
Acham-me estranha.
E isso às vezes incomoda-me.
Mas só às vezes!
Mas não.
Não acham normal.
Acham-me estranha.
E isso às vezes incomoda-me.
Mas só às vezes!
quarta-feira, 26 de junho de 2013
A frescura dos Açores
Com este calor que me deixa a menos de 30% de mim, apeteceu-me voltar aos Açores.
Plantação de chá em S. Miguel
terça-feira, 25 de junho de 2013
Verão
A tarde de hoje faz-me lembrar verões de outros tempos.
Quando o verão eram três meses de calor a sério.
Lembro-me de fazer uma "cazinha" no monte de molhos de vides que o meu avô A. fazia debaixo da oliveira.
Conseguia fazer uma entrada e lá dentro ficar completamente à sombra.
E enquanto lá estava, ouvia os "hó" "hó" dos cavadores que todos juntos formavam uma melodia estranha que soava a desabafo, a dor.
E era-o, certamente.
A estrada era de terra e se víssemos o rasto de uns pés descalços, já sabíamos que tinha passado cigana.
As ciganas passavam muito por aqui. Vendiam tecidos e compravam cabelo.
Lembro-me de a minha mãe me fazer uma trança e depois cortá-la. Fiquei triste, mas essa trança foi trocada por um tecido que deu para um vestido e esqueci-me rapidamente de como tinha ficado ridícula com o corte de cabelo com que fiquei.
As tardes eram longas para uma criança, quando o que havia para fazer era quase nada.
Não havia televisão, nem computador...
Deve ser praticamente impossível para as crianças de hoje, imaginarem as férias grandes das crianças daquela época.
Restavam os livros. Que não eram nossos. Não havia dinheiro para esses luxos.
Eram requisitados na biblioteca itinerante da Gulbenkian.
Lia os meus num instante e depois lia os dos outros que não tinham paciência para leitura.
Há noite havia tantos pirilampos na rua que nem dávamos pela falta de luz elétrica.
E brincávamos até tarde. Na rua.
Outros tempos!
Quando o verão eram três meses de calor a sério.
Lembro-me de fazer uma "cazinha" no monte de molhos de vides que o meu avô A. fazia debaixo da oliveira.
Conseguia fazer uma entrada e lá dentro ficar completamente à sombra.
E enquanto lá estava, ouvia os "hó" "hó" dos cavadores que todos juntos formavam uma melodia estranha que soava a desabafo, a dor.
E era-o, certamente.
A estrada era de terra e se víssemos o rasto de uns pés descalços, já sabíamos que tinha passado cigana.
As ciganas passavam muito por aqui. Vendiam tecidos e compravam cabelo.
Lembro-me de a minha mãe me fazer uma trança e depois cortá-la. Fiquei triste, mas essa trança foi trocada por um tecido que deu para um vestido e esqueci-me rapidamente de como tinha ficado ridícula com o corte de cabelo com que fiquei.
As tardes eram longas para uma criança, quando o que havia para fazer era quase nada.
Não havia televisão, nem computador...
Deve ser praticamente impossível para as crianças de hoje, imaginarem as férias grandes das crianças daquela época.
Restavam os livros. Que não eram nossos. Não havia dinheiro para esses luxos.
Eram requisitados na biblioteca itinerante da Gulbenkian.
Lia os meus num instante e depois lia os dos outros que não tinham paciência para leitura.
Há noite havia tantos pirilampos na rua que nem dávamos pela falta de luz elétrica.
E brincávamos até tarde. Na rua.
Outros tempos!
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Cuco
E também talvez por este mundo andar de pernas para o ar, o cuco este ano esqueceu-se de aparecer.
Não é só o S. Pedro que anda baralhado!
Não é só o S. Pedro que anda baralhado!
Papoilinha
Faz hoje seis meses que nasceu a minha Papoilinha.
E outros tantos que eu experimentei este sentimento novo...tão bonito.
Para BENS, minha neta.
E outros tantos que eu experimentei este sentimento novo...tão bonito.
Para BENS, minha neta.
Mundo ao contrário
Parece que estas flores se chamam Despedidas de Verão.
E costumam florir precisamente no fim do verão.
Coitadas....este ano estão baralhadas!!!
E costumam florir precisamente no fim do verão.
Coitadas....este ano estão baralhadas!!!
domingo, 23 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Castelos
"Se você já construiu castelos no ar, não tenha vergonha deles. Estão onde devem estar. Agora, dê-lhes alicerces."
quinta-feira, 20 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Profissão extinta
A propósito do post anterior, lembrei-me de outro apito daquele tempo.
Era o do capador.
O capador era o carrasco que capava os porquinhos machos de cada ninhada.
Por aqui quase todas as famílias tinham a sua porca, que de vez em quando paria para que o dinheiro feito na venda dos leitões ajudasse na economia da casa.
E eram tão lindos os leitõezinhos. Cor de rosa e brincalhões. Eu tremia quando ouvia aquele apito só de pensar em tamanha mutilação.
E os pobres guinchavam tanto que mesmo que me fechasse no quarto era obrigada a ouvir aquele sofrimento.
Ora aí está uma lembrança que ainda hoje me dá náuseas.
Era o do capador.
O capador era o carrasco que capava os porquinhos machos de cada ninhada.
Por aqui quase todas as famílias tinham a sua porca, que de vez em quando paria para que o dinheiro feito na venda dos leitões ajudasse na economia da casa.
E eram tão lindos os leitõezinhos. Cor de rosa e brincalhões. Eu tremia quando ouvia aquele apito só de pensar em tamanha mutilação.
E os pobres guinchavam tanto que mesmo que me fechasse no quarto era obrigada a ouvir aquele sofrimento.
Ora aí está uma lembrança que ainda hoje me dá náuseas.
terça-feira, 18 de junho de 2013
A dormir...ou acordada?
Hoje acordei indisposta.
Tensão arterial baixíssima, sono de cair para lado...
Depois da terapêutica habitual, fiz a vontade ao corpo e deitei-me. E dormi.
Penso, com algumas dúvidas, que já estava acordada quando ouvi aquela buzina.
Uma buzina que me transportou até à minha infância.
Era a buzina do Zé Domingos.
O Zé Domingos era o centro comercial daquela época, nestas terriolas perdidas do resto do mundo.
Vendia de tudo: elásticos, tecidos, botões, linhas, palmilhas, chapéus de chuva e mil e outras coisas.
E comprava ovos, galinhas, coelhos, peles...
Tudo isto seria normal, não fosse tudo transportado numa bicicleta.
Claro que a bicicleta era só para a mercadoria, que o pobre nem conseguia perceber onde estava o selim. Tinha de puxar por ela quando subia, e segura-la, e bem, quando descia.
Parece que o estou a ver. De mitra, e suspensórios. Era anafado e simpático e tinha o ponto de venda à sombra da oliveira da minha avó R.
Já não me lembro a que dia da semana vinha. Mas era sempre no mesmo.
E no dia que vinha, transformava o dia habitualmente pacato, num dia cheio de novidades.
Umas trazidas por ele, outras pelas clientes que se juntavam ali à volta tinham sempre alguma coisa para dizer.
É claramente uma das figuras marcantes da minha infância.
E hoje, não sei bem se a buzina que ouvi era real, ou a do Zé Domingos da minha infância.
Real mesmo foi o bem que me fez aquele sono.
Tensão arterial baixíssima, sono de cair para lado...
Depois da terapêutica habitual, fiz a vontade ao corpo e deitei-me. E dormi.
Penso, com algumas dúvidas, que já estava acordada quando ouvi aquela buzina.
Uma buzina que me transportou até à minha infância.
Era a buzina do Zé Domingos.
O Zé Domingos era o centro comercial daquela época, nestas terriolas perdidas do resto do mundo.
Vendia de tudo: elásticos, tecidos, botões, linhas, palmilhas, chapéus de chuva e mil e outras coisas.
E comprava ovos, galinhas, coelhos, peles...
Tudo isto seria normal, não fosse tudo transportado numa bicicleta.
Claro que a bicicleta era só para a mercadoria, que o pobre nem conseguia perceber onde estava o selim. Tinha de puxar por ela quando subia, e segura-la, e bem, quando descia.
Parece que o estou a ver. De mitra, e suspensórios. Era anafado e simpático e tinha o ponto de venda à sombra da oliveira da minha avó R.
Já não me lembro a que dia da semana vinha. Mas era sempre no mesmo.
E no dia que vinha, transformava o dia habitualmente pacato, num dia cheio de novidades.
Umas trazidas por ele, outras pelas clientes que se juntavam ali à volta tinham sempre alguma coisa para dizer.
É claramente uma das figuras marcantes da minha infância.
E hoje, não sei bem se a buzina que ouvi era real, ou a do Zé Domingos da minha infância.
Real mesmo foi o bem que me fez aquele sono.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Açores
Desde criança que tinha o sonho de visitar os Açores.
Pensava até que a minha primeira viagem de avião seria aos Açores.
Mas a vida e os aviões levaram-me sempre para outros destinos e só agora concretizei o meu velho desejo.
Em boa hora!
Fiquei fascinada. Não só pela paisagem arrebatadora mas por encontra-la praticamente intacta.
No arquipélago o turismo é sustentado e pouco alterou o que a natureza construiu.
Quem puder, visite este óasis.
Rapidamente!
Não vá isto mudar tudo, e quando lá chegarem nada estar como agora.
Pensava até que a minha primeira viagem de avião seria aos Açores.
Mas a vida e os aviões levaram-me sempre para outros destinos e só agora concretizei o meu velho desejo.
Em boa hora!
Fiquei fascinada. Não só pela paisagem arrebatadora mas por encontra-la praticamente intacta.
No arquipélago o turismo é sustentado e pouco alterou o que a natureza construiu.
Quem puder, visite este óasis.
Rapidamente!
Não vá isto mudar tudo, e quando lá chegarem nada estar como agora.
domingo, 16 de junho de 2013
Avosiçes
E receber um sorriso da menina mais linda do mundo?
Só comparável ao cheirinho a bebé do seu pescoço!
Só comparável ao cheirinho a bebé do seu pescoço!
Saudade #.............
"Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos."
Coisas VERDADEIRAS da vida
Foi comovente o modo como os meus animais me receberam depois de alguns dias de ausência.
O cão e a cadela, de modo efusivo e sem pudor de demonstrarem uma alegria imensa.
As gatas, sorrateiras, a aproveitarem a oportunidade de a porta se abrir para retomarem a posse das suas camas na cozinha, sem antes me mimarem com uma roçadela nas pernas.
Tão bons os sentimentos verdadeiros!
O cão e a cadela, de modo efusivo e sem pudor de demonstrarem uma alegria imensa.
As gatas, sorrateiras, a aproveitarem a oportunidade de a porta se abrir para retomarem a posse das suas camas na cozinha, sem antes me mimarem com uma roçadela nas pernas.
Tão bons os sentimentos verdadeiros!
sábado, 15 de junho de 2013
domingo, 9 de junho de 2013
sábado, 8 de junho de 2013
E...
...quando queremos mostrar uma foto da neta no telemóvel, e já a babar...constatamos que não temos os óculos à mão?
Pois...
Pois...
Tretas
...e que a idade está na cabeça.....e que o que interessa é o espirito jovem...e blá blá blá...
O catano!!!!!!!!!!!
E quando temos de fazer uma assinatura e afinal nos esquecemos dos óculos em casa?????????
À pois é.......
O catano!!!!!!!!!!!
E quando temos de fazer uma assinatura e afinal nos esquecemos dos óculos em casa?????????
À pois é.......
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Espectativas
Gosto destes dias que antecedem uma viagem. Mesmo que seja pequena.
E esta é tão desejada há tanto tempo...
Estou expectante.
E não vou ficar dececionada. De certeza.
E esta é tão desejada há tanto tempo...
Estou expectante.
E não vou ficar dececionada. De certeza.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Avosiçes
Isto de ser avó tem tanto que se lhe diga...
Ou talvez não!
Não se diz, sente-se.
E sentem-se coisas indizíveis...
Quando as minhas filhas nasceram, e enquanto eram pequenas, eu tinha tanto medo de lhes faltar que vivia centrada em fazer delas pessoas o mais independentes possível.
Burra!
Perdi tanto delas. Não perdi, apenas não saboreei.
Quando fizeram dezoito anos, e apesar de ser um ano complicado com a entrada no ensino superior e tudo o que isso acarreta, senti um misto de dever cumprido e de saudades de quando eram crianças.
Quando saíram de casa já independentes, senti que as tinha criado para o mundo e não para mim.
E resignei-me. Afinal era o que eu sempre tinha desejado.
Vê-las independentes e a não precisarem de mim.
Mas meu amor por elas ficou ainda maior e talvez nessa altura eu tenha começado a ser uma mãe despreocupada e muito mais emotiva. Sem obrigações. Só emoções.
Agora tenho uma neta e como não tenho obrigações de mãe, sou só emoção.
É tão bom ser avó.
Adoro-te E.
Ou talvez não!
Não se diz, sente-se.
E sentem-se coisas indizíveis...
Quando as minhas filhas nasceram, e enquanto eram pequenas, eu tinha tanto medo de lhes faltar que vivia centrada em fazer delas pessoas o mais independentes possível.
Burra!
Perdi tanto delas. Não perdi, apenas não saboreei.
Quando fizeram dezoito anos, e apesar de ser um ano complicado com a entrada no ensino superior e tudo o que isso acarreta, senti um misto de dever cumprido e de saudades de quando eram crianças.
Quando saíram de casa já independentes, senti que as tinha criado para o mundo e não para mim.
E resignei-me. Afinal era o que eu sempre tinha desejado.
Vê-las independentes e a não precisarem de mim.
Mas meu amor por elas ficou ainda maior e talvez nessa altura eu tenha começado a ser uma mãe despreocupada e muito mais emotiva. Sem obrigações. Só emoções.
Agora tenho uma neta e como não tenho obrigações de mãe, sou só emoção.
É tão bom ser avó.
Adoro-te E.
terça-feira, 4 de junho de 2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
domingo, 2 de junho de 2013
Das coisas boas da vida
Calor, caracóis, cerveja bem fresquinha, boa companhia......
Hum! Que bom!
Venham mais dias assim.
Hum! Que bom!
Venham mais dias assim.
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