domingo, 28 de fevereiro de 2021

Quem anda à chuva...

 Hoje, na saída para a passeata da manhã com os cães, a Linda, na brincadeira, fez-me um afago (!) à bruta, que me chegou à boca. Isto é, as patas dela, que tinham andado sobre mijo e mais o que calhou, passaram-me pelas beiças. A primeira reação foi de nojo e vontade de voltar atrás para me lavar, mas não podia deixar os dois sozinhos à vontadinha, não fossem as pestes fazer o que não deviam. O resultado, foi que, ao contrário do habitual, fizemos uma caminhada sem que eu abrisse a boca, não fosse entrar alguma coisa que não devia. Eles, tadinhos, acharam estranho e olhavam muito pra mim. Despachei a coisa o mais rápido que pude e quando cheguei a casa, esfreguei tanto a zona emporcalhada que parece que andei a por botox. Enfim, coisas fofinhas de quem gosta de se armar ao pingarelho com brincadeiras caninas.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Crónica de uma tarde de domingo

 Depois de um sábado com chuva de manhã à noite, acordar com um domingo solarengo soube mais que bem. Depois de uma pequena caminhada de manhã, combinamos que de tarde iriamos fazer uma extravagância. Desconfinar!| Depois do almoço lã fomos, máscara no pescoço, à tuga, mato adentro, sem encontrarmos ninguem. Mas vimos animais que nunca tinhamos visto, lagos e cascatas que se fizeram na véspera e flores de variadas cores a dizerem-nos que afinal já deve ser primavera. Duas horas depois, cheguei a casa, tirei as galochas, e com elas vieram animais de várias espécies e picos de vários tamanhos. E, contrariamente ao que eu pensava, ainda tinha pés. Pés, um saco cheio da espargos silvestres e uma enorme dor de ouvidos (estava muito vento).

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Dias de inverno

 Eu a descascar as cenouras com um pé no ar para a Mimi se entreter às turras. Com a panela ao lume, e depois de mais de quarenta anos, ainda não sei se pus o sal certo. O sal. E nunca vou saber. Porque não tenho gosto nem apetência para a cozinha. Talvez isto seja genético! A minha mãe tambem nunca gostou. Mas o chamado pecado da gula foi sempre o meu calcanhar de aquiles. Pecado! Mas o que nos dá prazer lá pode ser chamado pecado!Ah! Pecado é ter desejos reprimidos, vontades por satisfazer e ficar infeliz por isso. Depois, comer tem de ser sempre um prazer. Mas isto cada um é para o que nasce. Uns para comer outros para o fazer. Gosto da "moda"que anda por aí que põe os jovens, e até as crianças, a gostar de cozinhar. Ou a fazerem-no porque é moda. Pra mim, a moda, é comer bem. E como com o tempo aprendi que o melhor é o mais simples, cá me vou arranjando com os meus simples mas muito saudáveis cozinhados. Continuo a comer bastante mas muito mais seletiva. Requintada. Simplicidade pode muito bem ser requinte. Mexi  na panela e decidi. Vou fazer um avental para cada Papoila! Uma já gosta, e a outra talvez tambem venha a gostar de mexer em panelas. Vou fazer a minha parte, e incentivar. Até porque, todos temos de comer e é sempre bom sabermos desenrascar-nos. 

Ponho mais ração no prato das gatas, a Mimi esquece-se do meu pé, a Bebé levanta-se com pressa não vá a outra comer tudo. Na rua chove e cheira a fumo das lareiras e eu cá dentro sinto o delicioso conforto do cheiro do meu almoço e desta paz que o tempo me ofereceu.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Ah pois morre!

 Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,

quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Morre lentamente...
Pablo Neruda

E se ela tiver razão?

 E se o melhor for, afinal, aproveitar para viver enquanto há uma réstia de vida, ao invés de apenas respirar, e com medo, à espera que o bicho a leve? 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Ela é que sabe!

 Ontem, a minha mãe que já tem mais de oitenta anos recebeu a visita de uma amiga (que mora com uma filha que trabalha todos os dias com muitas pessoas e perto de outra que faz o mesmo) e fizeram um lanche bem conversado como se não estivéssemos em pandemia e tudo estivesse normal. Não quis armar em filha ditadora e lá as deixei confraternizar. Quando a outra se foi embora, fui perguntar à minha mãe se o lanchinho tinha sido agradável e se não tinha pena de que, por causa de atitudes como a delas,  muitos profissionais de saude não tinham lanchado nem conversado com amigos, não iriam jantar em família nem dormir na sua própria cama. Se não vê todos os dias as notícias e se não lhe expliquei já o que é um confinamento. Se não ouve todos os domingos, o carro da proteção civil a pedir-nos que fiquemos em casa. Se não sabe que se ela precisar, pode não ter um médico que lhe valha. Nem pra ela nem para as amigas dela. Se depois de quase um ano nisto, ainda não entendeu que é a sério. E ainda lhe perguntei se tinha noção de que a amiga não tinha a mínima consideração por ela. Lá me disse que foi a outra que apareceu sem ligar antes e que ficaram a conversar muito longe uma da outra, as duas com máscara. Peta das grandes. Perguntei se para comerem não tinham tirado a máscara e ela, a sorrir ainda a chamar-me parva, lá me disse que sim. Apetecia-me chorar. Senti medo que aquele deslise tenha sido fatal. E impotente. Como é que eu a vou  fazer entender a gravidade da situação sem parecer ela quando eu era criança?  Durante uns dias vou ficar ansiosa e apetece-me confina-la à força. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Coisas estranhas da pandemia

 Hoje, depois de três semanas, fui às compras à cidade. Aproveitei e fui fazer uma coisas chatas que estavam pendentes. Burocracias. Neste confinamento ainda não tinha lá ido. Foi muito estranho! Ninguem na rua, parecia uma cena de filme de ficção. Já no hipermercado, tudo como sempre. Cheio! Quero acreditar que vamos voltar à nossa vida de antes. Quero muito-

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Diz Goethe e eu corroboro

 "Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas."

 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Faz hoje dois anos...

... tinhamos acabado de chegar a Cracóvia para uns dias  fantásticos e inesquecíveis.. Os quatro. Hoje, fui ao ecoponto e dar uma voltinha com os cães. 

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Hoje, escolhi poesia

 De todas as palavras escolhi água,

"porque lágrima, chuva, porque mar
porque saliva, bátega, nascente
porque rio, porque sede, porque fonte.
De todas as palavras escolhi dar.
De todas as palavras escolhi flor
porque terra, papoila, cor, semente
porque rosa, recado, porque pele
porque pétala, pólen, porque vento.
De todas as palavras escolhi mel.
De todas as palavras escolhi voz
porque cantiga, riso, porque amor
porque partilha, boca, porque nós
porque segredo, água, mel e flor.
E porque poesia e porque adeus
de todas as palavras escolhi dor."

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Hoje fui despedir-me do T

Mas ainda não quero acreditar que foi pra sempre. Quero continuar a pensar que as nossas tertúlias vão continuar, que a porta daquele casarão com mais de quatrocentos anos, continua aberta. Pra mim e quem mais me acompanhar. Que os cavalos vão continuar no pasto, que vamos ter longas conversas com as nossas fuças refletidas na água do tanque, que ainda vamos dançar mais uma valsa desajeitada E, acima de tudo isso, que ainda o vou continuar a ver vestido de agrobeto, à minha espera, enquanto desço a estreita estrada até chegar à casa, me abre a porta do carro, me cumprimenta e pergunta com aquele vozeirão "Atão cachopinha, tás bem? e as miúdas?"

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

De uma Papoila...

 

... para uma avó babada! Muito babada! Há alegrias que nem o vìrus nos consegue tirar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Hoje perdi um amigo. Mais um

 E de cada vez que perco alguem, fico ainda mais pequenina. Mais pobre. Mais frágil. E tão triste. Tão triste por a morte, afinal, ser a sério. Hoje perdi um amigo. O T. . O meu amigo T. que eu tornei da familia quando o fiz padrinho de uma das minhas filhas. O que eu gostava do T.!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Ainda as eleições

 Não sei se aconteceu a mais pessoas, mas eu, se quisesse,  tinha votado com outro nome ou até, mais do que uma vez. Só me pediram o nome completo e nem olharam para o cartão de cidadão. E  não foi por ser um meio pequeno e ser mais provável conhecerem-nos, porque ainda assim, não conheci ninguem que lá estava. E a mim de certezinha que eles tambem não. Saí a rir, com a minha habitual cara de parva, perante tamanha alarvidade.