Ontem. Acordei cedo e fui dar uma volta com os cães. Mal tinha começado, já estava a cair num buraco. Black Mantorras tem feito umas escavações na procura de toupeiras, que este ano tomaram o lugar das formigas. Há lavouras por todo o lado e eles sentem-lhes o cheiro e cavam à procura. O resultado é um sem numero de buracos que com a erva ficam tapados e são autenticas ratoeiras. Lá me levantei e por lá andamos um bom bocado. Como tenho tido muito tempo, não há fungo, ácaro, aranha ou grão de pó que resista a super Helena. É limpinho. E lá fui continuar a fachinar, não sem antes responder ao chamado do homem, que anda numa de D. Quixote e desatou a fazer moinhos de vento como se não houvesse amanhã. Com o meu sobrinho regressado de França há uns dias, a minha mãe mudou-se por uns tempos para casa da minha irmã que fica ao lado. Mas eu tinha MESMO de ir a casa dela. Improvisei um EPI, lá me enrolei da cabeça aos pés e fui sem que o puto sequer desse por mim. Cheguei a casa, desenrolei-me, lavei bem as mãos e fui espreitar o tele. Uma chamada da minha mãe. Que como já disse, está em casa da minha irmã a cinco metros da minha. Achei irónica a situação de estarmos a falar assim mas ela lá me foi dizendo que o irmão tinha tido um AVC mas como os médicos não o quiseram no hospital, tinham-no mandado pra casa. Mijado mas a andar. Menos mal, respondi eu. E lá fomos almoçar. Grão com bacalhau, regado com um bom copo de tinto, às tantas feito de tudo menos de uvas mas com um grau de alcoolémia suficiente para me desinfetar a guela. Antes do almoço, ainda fui ao contentor pôr o lixo e combinei uma passeata com a M. para as quatro e meia. Pode parecer que não ligamos às recomendações mas como não nos íamos tocar ou cuspir pareceu-nos bem, depois de alguns dias enfiadas em casa. Pouco passava das três já eu estava em frente à casa dela. Ia abrir o portão como de costume, mas verifiquei com espanto, que ela tem uma campainha. Nunca a tinha visto antes. Toquei e ela apareceu, contente por eu ter chegado mais cedo. Se fosse no tempo em que havia papel higiénico, eu entrava porta adentro, dava um abraço bem apertado à tia N., um beijo bem repenicado e ainda dávamos dois dedos de conversa. Agora, lá fomos, uma atrás da outra, como se houvesse muito transito na "nossa" estrada e não pudéssemos ir ao lado uma da outra. Fomos ao multibanco. Em casa tinha-me lembrado que devia levar luvas, mas entretanto tinha-me esquecido. Mas meti a mão no bolso do casaco e não é que tinha lá dentro uma luva do LIDL, daquelas de usar no pão? Coincidência feliz. A seguir fomos à nova mercearia. Ainda nunca lá tinha ido e quando cheguei à porta vi que lhe tinham posto o nome de Mercearia Alecrim. Gostei. À porta estavam duas ou três pessoas que eu não conheci, longe umas das outras(!), a olharem uns pra cada lado e lá vou eu escada acima a entrar na mercearia quando o dono me diz que tinha de ir pra fila (?) porque só podia entrar uma pessoa de cada vez. Apeteceu-me dar-lhe uma dentada, mas sorri e pedi desculpa.. Enquanto esperava, ajudei a D. A. a descer a escada e ali ficamos a conversar um pouco, ela a falar quase de boca fechada pra não lhe cair a placa. Quando chegou a minha vez, ela lá foi andando, devagar, amparada na bengala, com um restício de altivez de outros tempos, embrulhada no casaco de viúva salpicado de pelos de gato e cão, a denunciar cumplicidades.
Já no caminho de regresso a casa, ainda a apanhamos, sentada a descansar da pequena caminhada mas imensa para a suas já poucas posses e levei-lhe o carrinho até à porta. O vento estava tão frio, que comentei com a M. que quando chegasse a casa, em vez do meu habitual duche diário de água fria, iria tomar um banho bem quentinho porque estava a sentir-me gelada. E assim fiz. Enchi a banheira, e, como tinha feito com as Papoilas uns sais de banho, lá fui toda lampeira despejar uma boa mão cheia de sal cheiroso e vermelho. Quando a água começou a arrefecer, puxei a minha alva toalha e limpei-me ainda a cheirar à essência do sal. Vou a olhar pra toalha e o que foi que eu vi? Tudo cor de rosa. A porra do sal tinha tingido a água, que me tingiu a toalha.
De maneiras que é melhor nem continuar, porque até ao fim do dia decorreu tudo mais ao menos na mesma linha.
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