terça-feira, 7 de maio de 2013

Lembranças que me fazem rir

De vez em quando penso seriamente em escrever sobre as minhas viagens.
Não do modo como a maioria escreve, mas relatando apenas as situações caricatas que a mim me acontecem quando ponho o pé fora de casa.
Sim, que situações inesperadas, tal qual anedotas, acontecem-me sempre que viajo, e nem preciso ir muito longe.
Há uns anos , fui com uma amiga num círcuito  pela Cantábria e Asturias que adorei.
Tudo correu bem, melhor ainda do que esperavamos.
Num dos ultimos dias, em plenos Picos da Europa, perto de Fuente Dé, fomos vizitar o Mosteiro de San Toríbio.
Antes da entrada, a guia, super simpática e competente, informou-nos quais os locais do mosteiro que iriamos visitar e, para surpresa minha, informou que de meia em meia hora, se não me engano, havia a cerimónia do beijo à cruz.
Ora isto do beijo à cruz, mais não é do que uma cerimónia em que se beija um pedaço de madeira, que supostamente pertenceu à verdadeira cruz de cristo.
Enfim, cristos e cruzes já me levam a desconfiar, agora pedaços de madeira   que chegaram aquele fim de mundo há mais de dois mil anos, deixaram-me com vontade de ficar cá fora, já que a paisagem era magnífica e o cansaço já tinha tomado conta de mim.
" Não vou beijar um pedaço de madeira com milhões de lambidelas. Nem pensar" disse eu.
" Vamos e ficamos só a ver" disse a minha amiga.
"Pronto, fivamos então só a ver" e lá fomos.
Assim que entramos, os monges, sim que aquilo é um mosteiro com monges, imediatamente fecharam as portas.
Bem, chamar portas àquilo é meiguiçe.
Aquilo são paredes movediças de madeira de meio metro de espessura e ferrolhos maiores de lanças.
"Tou tramada" pensei eu e confesso que não me senti nada confortável.
"Olha que eu não beijo a madeira lambida" repeti à minha amiga.
"Não. Ficamos só a ver. E depois quando quisermos saimos e pronto" Ingénua.
Lá chegamos ao locar da cerimónia, eu já com vontade de voltar para trás mas era completamente impossivel, porque as portas gigantes estavam fechadas e nesse local começava a essa hora uma missa, o que tambem não me agradava. E lá continuei. Sentei-me e imediatamente apareceram umas moçoilas giraças, e que não eram freiras, e circundaram o espaco com fitas, de modo a que, quem quisesse sair dali, e eramos todos, uma vez que só havia uma porta, tinhamos de passar INEVITAVELMENTE pelo monge com a madeira lambida na mão.
" E agora, vês?" disse eu.
"Então, passamos e não beijamos a madeira."
E pronto, assim, talvez pela primeira vez, passaram duas totós pelo orgulhoso monge que segurava tamanho tesouro, sem sequer olhar para o lado. Afinal só nos interessava a porta da rua.
Lembrei-me hoje disto, porque fui à procura de sapatos frescos e  como sou poupadinha, ainda guardo os tamancos que usava nesse dia e que ainda têm colada à sola uma pastilha elástica nojenta que talvez tenha a mesma origem do pedaço de madeira lambido.
E ri-me.

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