A minha ultima tia avó. Metro e meio de uma enorme mulher. Criou praticamente sozinha os quatro filhos, em tempo de muita pobreza, machismo, alguma violencia e chulice de patrões ditadores. Deu-me os primos mais presentes da minha infancia. Sempre me lembro dela a trabalhar. A lavar grandes alguidares de roupa. A ser criada das "senhoras" onde trabalhava. A cuidar de casa, filhos, marido, horta, azeitona, vindima e o mais houvesse. É verdade que não tinha tempo a perder com outras crianças que não as dela. Mas quando me sorria, era um carinho. Um mimo. Um sorriso de amor como o descreveu o padre nas cerimónias fúnebres. No meio da sua longa caminhada, perdeu um filho. O mais duro golpe para uma mãe. Mas seguiu o caminho de cabeça erguida e o coração partido. Com noventa e cinco anos, morreu inteira. Ela mesma. Lucida, forte e lutadora. A minha tia N.
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