Durante a tarde, olhava para aquele largo e nada resta do reboliço (leia-se vida) que por ali havia. A escola, a minha escola, lá está mas já não é uma escola. Uma sala é dos escuteiros e a outra uma sala de velório. A igreja, antes sempre aberta com beatas a ir e vir com pequenas almotolias com o azeite para as lamparinas ou para dar uma ajuda ao "Sr Prior", está agora trancada não vá aparecer algum meliante amante de arte sacra. O lago, atrás da fonte, pejado de peixes de corres garridas, desapareceu para dar lugar a um palco de betão. O bebedouro dos animais, em frente, é agora uma fonte que nem se percebe se é publica ou pertença da casa onde está "colada". Os fregueses para a mercearia do Varela, já não passam por aquele largo porque já não existe Varela nem loja. Passavam tambem os que iam à mercearia da D. Carmina, mas nem loja, nem D. carmina nem as filhas da D. Carmina existem. Na hora do nosso recreio, passava o Sr. Prior com a grande batina preta ao vento e sandálias nos pés a aterrorizar-me como se fora um fantasma preto. Vinha da casa Paroquial. Agora o padre passa rapidamente de carro. A Taberna do Alcides, antes cheia de amantes da pinga, é agora parte de um amontoado de casario à venda. E em frente, como unico elemento que parece no lugar certo, o museu. Cheio de coisas velhas. Como tudo o que resta daquele largo. Como tão velhas são as minhas lembranças.
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