quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Poias de quem não sai do gabinete


Todos sabemos que mais de 90% dos incêndios têm origem criminosa. E também é verdade que é preciso aprendermos a gerir a nossa relação com a natureza e com os outros e aceitarmos que as boas práticas são para pessoas íntegras que queremos ser. Mas isto de a poda da minha glicínia ser considerada uma atividade florestal e que se eu quiser queimar o sobrante tenho de “avisar” uma carrada de gente, deixa-me com o cabelo em pé. Então e se no dia combinado estiver o vento viradinho para a roupa que a minha vizinha tem no estendal? E se chove? E se me aparece uma diarreia e eu não consigo sair do penico? E se o Presidente Marcelo tem alguma coisita pra fazer aqui por perto e eu tenho de lá ir tirar uma selfie ? E se na véspera estou fora e há uma greve e me cancelam o voo? E se fico com uma dor no lombo e não encontro um enfermeiro que me dê uma injeção por estarem todos de greve? E se enfio uma espinha na goela ao almoço e a fogueira está marcada para a tarde? E se me confundem com uma milionária qualquer e me raptam? Pois é!!! Imponderáveis acontecem!
Pode parecer ironia. E não é coincidência. É que é mesmo irónico!!
Os incêndios florestais, são um assunto sério demais para sobre eles se fazer ironia. Mas há tanto exagero e ignorância sobre o que é a vida no campo que parece que anda tudo a gozar com o Zé Povinho. Será que ainda ninguém se lembrou que a melhor forma de prevenção é A DIVULGAÇÃO DO CASTIGO DADO AOS INCENDIÁRIOS? Não há milhares de incêndios no Verão? Não há horas de imagens de incêndios em televisões e páginas inteiras com fotos chocantes nos jornais e na internet? Não é isso que os incendiários pretendem? Espectáculo? Então e a divulgação dos nomes dos incendiários e mandantes? Onde estão? O que me parece, é que nós, os “bem comportados” é que somos castigados pelos comportamentos criminosos dos outros.
Não seria mais eficaz e razoável, os municípios terem equipamento próprio para transformação dos resíduos florestais em biomassa, em vez de obrigarem os munícipes a fazerem fogueirinhas ridículas? E ainda lucravam com isso!
É pena, que saiam leis para o mundo rural, de cabecinhas brilhantes de legisladores que não levantam a peida da cadeira para saber o que é, efetivamente, necessário e viável.

 

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