quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Tenho sonhos que parecem filmes

Cheguei já cansada e encostei-me ao muro, já a ver a minha avó e a criação da ti F. com o galo pedrês de pescoço pelado da cor do fogo a comandar a galinhagem.
Os Bordões de S. José já estavam em flor debaixo da figueira, mas as tangerinas já maduras (no verão!!!!!) debruçavam-se amontoadas ao meu lado como se estivéssemos todas a posar para uma foto. O tio J., de barrete e grosso casaco preto, enrolava um cigarro encostado à cantaria da porta enquanto a tia F. despejava para a rua um alguidar de água. Cumprimentei-os com um beijo e a tia mandou-me entrar pra comer um bolo de noivo daqueles que ela tinha sempre em casa e que davam cheiro aquela cozinha (a tia era cozinheira em casamentos). Como sempre, tinha massarocas  penduradas na parede e uma toalha branca, bordada, no lavatório de ferro. Atrás da porta, uma saca de linhagem dobrada em forma de capote que guarda o sol no verão e a chuva no inverno. Peguei no bolo, saí e já o meu avô estava à porta da adega a compor o barrete, acabadinho de se levantar da arca grande da adega onde tinha estado a descansar. A avó, de lenço cinzento e ainda com a rodela na cabeça com que tinha ido buscar água à fonte, levou-me para a casa do forno. No pequeno terraço, estava a cadeirinha baixa pintada de verde e o açafate dela ainda com uma camisa do avô por acabar de cerzir. Cheirava a café (como sempre, havia café acabado de fazer). No lastro da lareira, o alguidar com a loiça lavada ao lado da vassoura de urze. A mesa, baixa e com um linóleo castanho aos losangos, estava posta para mim e o avô. Ela bebia só café com pão sem nada. Peguei num púcaro de esmalte e fui à cantareira tirar água da bilha acabada de chegar da fonte.. Jantamos e pouco falamos. A avó era de poucas falas. Mas o avô fez-me cócegas e brincou comigo, pouco, já a imaginar a cama onde o cansaço de um dia puxado de trabalho chamava por ele, apesar de ainda não ser noite cerrada.
Fui fazer a minha higiene na bacia de esmalte onde lavávamos tudo, mandei a água para a estrumeira e a avó levou-me ao quarto, o melhor da casa, que ela guardava para as visitas. Disse que me deitasse e dormisse bem, enquanto fechava as portadas da janela por onde se viam aos montes a grandes rosas de açafate, que já tinham perfumado o quarto. Antes de adormecer, a avó ainda veio, de candeia na mão e com o longo cabelo branco solto, compor a roupa e fechar a porta. Acordei com o galo a cantar e o cheiro a café e..................
acordei sem ter a certeza se tinha sido um sonho ou apenas uma lembrança.
E juro, cheirava-me a café!

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Nós e o cocó

Pra quem mora no campo esta é, sem duvida, uma relação de (grande) proximidade.


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Marselha

A mais antiga cidade francesa, das Calanques, do Cours Julien, do Panier, do Conde de monte Cristo e que encanta à primeira vista.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

É verdade...

... e todos nós sabemos, que, muitas vezes, a desgraça de uns é a sorte de outros.
Também é certo, que todos sabemos que os incêndios , ou grande parte deles, começando às tantas da noite, não são causados pelo luar e imaginamos que haverá interesses de alguém em que eles aconteçam.
Mas ouvir falar de "época dos incêndios", negócios dos "incêndios" e que à custa dos mesmos há quem ganhe milhões (MILHÕES), dá para perceber que isto não é coisa de meninos.
É chocante e vergonhoso!

sábado, 18 de novembro de 2017

Almost everything about me

"Nem sempre tenho as melhores atitudes, nem sempre faço o que está certo, mas o que sai de mim é genuíno, é tudo o que tenho para dar."

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Ouvi-o chegar...

... e começar a forçar a fechadura. Cheia de medo, fui para o quarto e fechei-me no roupeiro. Mas tinha tanto frio, que batia os dentes e ele ouviu. Quando abriu a porta, de pistola apontada à minha boca aberta de medo....acordei!
Livra! Safei-me de morte certa. Se não morresse com um tiro nas amígdalas, morria de hipotermia.
É o que faz, ver (tentar)  series violentas antes de ir pra cama e adormecer no sofá.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Memórias

Há lugares que tomamos como nossos porque lá nos sentimos "em casa", porque gostamos deles, das pessoas que lá vivem, da luz que emanam, dos cheiros, dos monumentos, da história, dos sabores, das cores, dos "nadas" que por insignificantes que sejam, para nós são tanto que não só sentimos que nos pertencem, como nos sentimos também pertença deles.
Quantas vezes, dou por mim a dizer o "meu Alentejo", o "meu Talasnal", a" minha Sortelha" e tantos outros meus e minhas que me são queridos. Talvez o que nos prenda a um lugar, sejam as nossas memórias. E quando voltamos, gostamos de os encontrar tal e qual. Uma pedra, a sombra de uma árvore, uma porta sem fechadura, um museu, um vaso na janela, um resto de um castelo, um restaurante tosco, são uma referencia, e gostamos que assim continuem porque foi assim que aquele lugar nos cativou. Pertencem à nossa memória. Se voltarmos e encontrarmos diferenças significativas, sentimos que nos roubaram qualquer coisa.
 E sentimos isto, em relação a espaços de outros, onde vamos apenas de vez em quando. Ou onde estivemos apenas uma vez e nos ficaram entranhados. Quando falamos da nossa casa, o nosso lar, então faz parte de nós, como a nossa pele. "São" a nossa memória.
Os três canais generalistas, uniram-se ontem, numa ação de solidariedade para com as vitimas dos incêndios. E, do pouco que vi, verifiquei que algumas casas já estão em reconstrução ou a nascer de raiz. E perguntei-me o que sentirão aquelas pessoas, quando voltarem para os "seus espaços".
As casas  deles morreram. E não só as casas. As árvores, os animais e tudo o que era vivo e formava a "casa". Ficaram apenas com as memórias. Essas, não arderam. Mas ficaram órfãs.
Vão habitar um espaço novo mas estranho. E criar novas memórias.
É assim.
Tem de ser assim.


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Cat gameball...

... é um jogo em que se utilizam varias bolas (quantas mais, melhor), que são manipuladas por gatos brincalhões (neste caso, gatas), que não gostam de ser fotografados ou filmados e que consiste em enfiar as ditas, nos sítios mais recônditos da casa. É um jogo que não exige árbitro mas onde um(a) apanha bolas é indispensável.



Fim da primeira parte com imensos golos para cada lado. Intervalo por tempo indeterminado.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

domingo, 12 de novembro de 2017

A encantar desde 2012

Papoila mais crescida para a professora de ballet.
-Oh Xana, obrigada! Obrigada por fazeres o meu dia tão feliz!

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Inverno

Apesar do calor que se faz sentir durante o dia, à noite, por aqui, já é inverno.
Já cheira ao fumo das lareiras.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

" A musica e a poesia, são duas pernas do mesmo corpo"

"O Poesia a Sul, uma iniciativa da autarquia de Olhão, comissariada pelo poeta Fernando Cabrita, entra na sua 3ª edição com um cariz cada vez mais internacional, com a presença de convidados de Marrocos, Cuba, Espanha, Brasil, República Dominicana, França, Irlanda, México, Porto Rico, Holanda, Vietname, Turquia, Argentina, Chile, Venezuela e, naturalmente, Portugal."
Algarve Primeiro

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Perfeição...

.. pode ser uma cadeira com uma perna partida, um livro com folhas soltas, um vestido desbotado, um olhar vesgo, um sorriso desdentado, um prato de azeitonas, uma manhã de nevoeiro, um dia de chuva, um passeio na lama, uma viagem imaginária.....

... ou isto...



... ou isto...
 
... ou ...............
................

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O Facebook...

... essa entidade divina, acabou de me informar que talvez eu conheça.......uma das minhas filhas.
E numa atitude de absoluta entrega à nobre causa da amizade, esse querido, ainda me propôs que alterássemos a nossa parentalidade  (upa upa)  e eu a adicionasse como amiga.
Estou certa de que seria um up grade na nossa relação familiar. Mas adições, implicam subtrações e eu nisto da matemática cibernética sou absolutamente leiga e não arrisquei.
Por isso, filha, continuarei no patamar de baixo e serei apenas a tua mãe.

domingo, 5 de novembro de 2017

Cada amanhecer...

... ,É uma tela em branco, uma página por escrever, uma musica por compor, um ato por representar...enfim, viver é uma arte. Cada um, em cada dia, faz o que pode. Ou deve faze-lo. Eu, gosto de assinar os meus dias com mão firme. Mas, confesso, há dias em que os assino com alguma hesitação e outros ainda que não assino. Passo por eles, apenas.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Tais mães, tais filhas

Estava eu a ver uma "Visita Guiada" ao Teatro Nacional de S. Carlos, quando recebi uma mensagem.
No preciso momento em que um funcionário explicava como se faz, em teatro, a simulação do som de um trovão, fiquei a saber que Papoila mais crescida já tem um dente a abanar.
Enquanto se me fez luz  (tás velha melheri), pareceu-me que o tempo tem passado à velocidade do som.
E depois, a vê-la, tão crescida, pareceu-me mentira que tivesse nascido ontem e que pequena Papoila já lhe chegue aos ombros.
Mas olhei pra mãe e pra tia, nascidas anteontem, e tudo encaixou na perfeição.
Como não acredito em Deuses, agradeço à vida, as coisas boas que me tem dado.