segunda-feira, 10 de março de 2014

Às minhas filhas

Se eu soubesse as noites que ia passar em claro
  • Se eu soubesse a quantidade de fluidos corporais que ia limpar ao longo da infância dos meus filhos
  • Se eu soubesse o quanto o som da palavra “Mãe? Mãe? Mãe?” me ia pôr os nervos à flor da pele ao longo de uma década (mínimo)
  • Se eu soubesse que ia demorar mais na casa de banho, só para ter um tempinho para mim
  • Se eu soubesse que esses momentos roubados na casa de banho iam quase sempre ser interrompidos por algum dos meus filhos a bater ininterruptamente na porta
  • Se eu soubesse a quantidade de vezes que ia ter de repetir as mesmas ordens, os mesmos avisos e as mesmas chamadas de atenção
  • Se eu soubesse que a solução mágica para as queixinhas, choros, desobediências, faltas de respeito, e para a preguiça só ia ser eficaz apenas metade das vezes
  • Se eu soubesse que amar os meus filhos não significava gostar deles o tempo todo
  • Se eu soubesse que às vezes ia chorar no duche por ser o único sítio onde conseguia estar sozinha
  • Se eu soubesse que em determinada altura ia sentir-me, de tal maneira, “num oito” que só de pensar em entrar em ação com o meu marido, me causava arrepios
  • Se eu soubesse que nunca mais ia ser capaz de concentrar-me em nada de alma e coração, senão nos meus filhos
  • Se eu soubesse que a situação não fica mais fácil à medida que os filhos crescem, apenas se complica de formas diferentes
  • Se eu soubesse o quanto me ia preocupar a possibilidade de falhar enquanto mãe
  • Se eu soubesse que ser mãe ia ser, para sempre, um desafio permanente
  • Eu tinha tido os meus filhos na mesma.Porque se não os tivesse…
    • Não saberia o que é o milagre de ter uma vida a crescer dentro de mim
    • Não saberia que o cheirinho da cabeça de um recém-nascido faz-nos sentir no paraíso
    • Não saberia o que é a magia de ter um bebé a dormir nos meus braços, e nunca mais querer pô-lo no berço
    • Não saberia o que é a imensa felicidade de ver um filho a dar os primeiros passos, a comer sozinho, a andar de bicicleta, ou ler um livro inteiro pela primeira vez.
    • Não saberia que o riso dos meus filhos, pode alegrar o pior dos meus dias
    • Não saberia como um simples e inocente olhar de espanto, me derrete o coração
    • Não saberia o quão fantástico é assistir diariamente à evolução de uma criança que eu trouxe ao mundo
    • Não sentiria o orgulho de ver o meu filho a viver situações complicadas, e a desenvencilhar-se com base nos ensinamentos que lhe transmiti
    • Não viveria a alegria desenfreada que é ver os meus filhos a triunfar.
    • Não saberia o gratificante que é desafiar-me diariamente para ser uma mãe melhor.
    • Não saberia que ser mãe ia ajudar-me a entender algumas questões por esclarecer desde a minha infância.
    • Não saberia que ao transformar-me numa mãe ia encontrar uma versão mais profunda, mais forte, e mais verdadeira de mim própria.
    • Não saberia o que é o amor incondicional dos filhos.
    • Não sentiria a energia e a força desta poderosa forma de amar, que só uma mãe/pai conhece.
    • Não saberia que a dor e as armadilhas que nos aparecem no caminho são superadas pela beleza, alegria e pelas maravilha desta viagem.
    Por tudo isto, se eu soubesse na verdade o que era a maternidade, eu teria feito tudo como fiz…!

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