
domingo, 30 de março de 2014
sexta-feira, 21 de março de 2014
Dia mundial da poesia
Aos Poetas
Somos nós
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos...
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar...
Somos nós, e só nós podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.
E vos digo e conjuro que canteis.
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.
Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.
Homens do dia-a-dia
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.
Miguel Torga, in 'Odes'
Somos nós
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos...
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga
Ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar...
Somos nós, e só nós podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem, mas que ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.
E vos digo e conjuro que canteis.
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.
Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.
Homens do dia-a-dia
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.
Miguel Torga, in 'Odes'
quinta-feira, 20 de março de 2014
Tudo tem um preço
Os meus cães eram abandonados até eu ficar com eles, e por isso, andavam por aqui a vaguear, a fujir dos carros, a dormir à chuva, a levar porrada e a comer só o que conseguiam roubar.
Quando eles e eu decidimos que eu seria a sua dona tudo mudou.
Passaram a ter cama quente, mimo, comida, um lugar a que rapidamente se habituaram a sentir como seu, um passeio todos os dias, mas... passaram a ficar presos o resto do dia.
É o preço que pagam por tudo o resto que têm.
Se andassem soltos, certamente já teriam morrido. debaixo de um carro ou com veneno no bucho.
São extremamente meigos e adoram-me, mas se pudessem escolher... talvez preferissem andar à vontade mesmo que isso lhes custasse a vida.
E lembro-me do meu amigo J.
O J. viveu sempre como quis. Sem regras nem amarras mas ao sabor das suas vontades.
Morreu há uns anos, antes dos cinquenta, vítima do modo desregrado em que vivia.
Nunca deixou de fumar até conseguir segurar um cigarro e mesmo já bi-amputado dos membros inferiores, e no hospital, encontrava sempre maneira de fumar um cigarrito.
No funeral, disse-me a filha com um sorriso de compreensão "morreu novo mas ainda viveu umas coisas, não achas?".
E eu concordei.
Morrer novo foi o preço que ele teve coragem de pagar para ser ele mesmo e fazer o que lhe dava na gana.
É assim...tudo na vida tem um preço!
Quando eles e eu decidimos que eu seria a sua dona tudo mudou.
Passaram a ter cama quente, mimo, comida, um lugar a que rapidamente se habituaram a sentir como seu, um passeio todos os dias, mas... passaram a ficar presos o resto do dia.
É o preço que pagam por tudo o resto que têm.
Se andassem soltos, certamente já teriam morrido. debaixo de um carro ou com veneno no bucho.
São extremamente meigos e adoram-me, mas se pudessem escolher... talvez preferissem andar à vontade mesmo que isso lhes custasse a vida.
E lembro-me do meu amigo J.
O J. viveu sempre como quis. Sem regras nem amarras mas ao sabor das suas vontades.
Morreu há uns anos, antes dos cinquenta, vítima do modo desregrado em que vivia.
Nunca deixou de fumar até conseguir segurar um cigarro e mesmo já bi-amputado dos membros inferiores, e no hospital, encontrava sempre maneira de fumar um cigarrito.
No funeral, disse-me a filha com um sorriso de compreensão "morreu novo mas ainda viveu umas coisas, não achas?".
E eu concordei.
Morrer novo foi o preço que ele teve coragem de pagar para ser ele mesmo e fazer o que lhe dava na gana.
É assim...tudo na vida tem um preço!
quarta-feira, 19 de março de 2014
Dia do pai
Quando eu era criança, não se ligava ao dia do pai.
Na escola não se faziam presentes para o pai e em casa, o meu pai, homem rude, pobre e pouco habituado a mimos não cobrava a lembrança da efeméride.
Mais tarde, já adulta e de pazes com o passado, sempre fiz questão de lhe mostrar que estava ali, que era filha e me lembrava que era dia do pai.
Lembro de um ano em só pude ligar mais tarde do que era habitual e ele me dizer "pensei que já te tinhas esquecido". Percebi que gostava que me lembrasse.
Agora, tantos anos passados, tenho sempre medo que seja o ultimo.
E mesmo não gostando de comemorações de dias especiais, queria tanto comemorar com o meu pai tantos mais dias do pai...
Na escola não se faziam presentes para o pai e em casa, o meu pai, homem rude, pobre e pouco habituado a mimos não cobrava a lembrança da efeméride.
Mais tarde, já adulta e de pazes com o passado, sempre fiz questão de lhe mostrar que estava ali, que era filha e me lembrava que era dia do pai.
Lembro de um ano em só pude ligar mais tarde do que era habitual e ele me dizer "pensei que já te tinhas esquecido". Percebi que gostava que me lembrasse.
Agora, tantos anos passados, tenho sempre medo que seja o ultimo.
E mesmo não gostando de comemorações de dias especiais, queria tanto comemorar com o meu pai tantos mais dias do pai...
quinta-feira, 13 de março de 2014
Pode não parecer...
... mas é uma horta.
A minha horta!
Cinco couves, dez alfaces, três pimentos e espinafres e coentros semeados.
Para a semana será acrescentada.
Pena que as minhas gatas gostem tanto deste novo micotório.
A minha horta!
Cinco couves, dez alfaces, três pimentos e espinafres e coentros semeados.
Para a semana será acrescentada.
Pena que as minhas gatas gostem tanto deste novo micotório.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Suculentas
Gosto de plantas. Gosto mesmo muito.
Mas já estou resignada com a minha evidente falta de jeito para a floricultura.
Posto isto, resta-me aceitar tal facto e dedicar-me a plantas pouco exigentes.
E pronto, agora praticamente só moram suculentas por estas bandas.
São, basicamente, catos sem picos.
Versáteis, pouco exigentes em cuidados e água, o que é muito importante, e algumas dão flores belíssimas.
Mas já estou resignada com a minha evidente falta de jeito para a floricultura.
Posto isto, resta-me aceitar tal facto e dedicar-me a plantas pouco exigentes.
E pronto, agora praticamente só moram suculentas por estas bandas.
São, basicamente, catos sem picos.
Versáteis, pouco exigentes em cuidados e água, o que é muito importante, e algumas dão flores belíssimas.
segunda-feira, 10 de março de 2014
Adenda #2
O texto do post anterior, podendo ter sido escrito por mim, não o foi.
Foi retirado da net.
Mas faço minhas todas aquelas frases!
Foi retirado da net.
Mas faço minhas todas aquelas frases!
Às minhas filhas
Se eu soubesse as noites que ia passar em claro
Se eu soubesse a quantidade de fluidos corporais que ia limpar ao longo da infância dos meus filhos
Se eu soubesse o quanto o som da palavra “Mãe? Mãe? Mãe?” me ia pôr os nervos à flor da pele ao longo de uma década (mínimo)
Se eu soubesse que ia demorar mais na casa de banho, só para ter um tempinho para mim
Se eu soubesse que esses momentos roubados na casa de banho iam quase sempre ser interrompidos por algum dos meus filhos a bater ininterruptamente na porta
Se eu soubesse a quantidade de vezes que ia ter de repetir as mesmas ordens, os mesmos avisos e as mesmas chamadas de atenção
Se eu soubesse que a solução mágica para as queixinhas, choros, desobediências, faltas de respeito, e para a preguiça só ia ser eficaz apenas metade das vezes
Se eu soubesse que amar os meus filhos não significava gostar deles o tempo todo
Se eu soubesse que às vezes ia chorar no duche por ser o único sítio onde conseguia estar sozinha
Se eu soubesse que em determinada altura ia sentir-me, de tal maneira, “num oito” que só de pensar em entrar em ação com o meu marido, me causava arrepios
Se eu soubesse que nunca mais ia ser capaz de concentrar-me em nada de alma e coração, senão nos meus filhos
Se eu soubesse que a situação não fica mais fácil à medida que os filhos crescem, apenas se complica de formas diferentes
Se eu soubesse o quanto me ia preocupar a possibilidade de falhar enquanto mãe
Se eu soubesse que ser mãe ia ser, para sempre, um desafio permanente
Eu tinha tido os meus filhos na mesma.Porque se não os tivesse…
- Não saberia o que é o milagre de ter uma vida a crescer dentro de mim
- Não saberia que o cheirinho da cabeça de um recém-nascido faz-nos sentir no paraíso
- Não saberia o que é a magia de ter um bebé a dormir nos meus braços, e nunca mais querer pô-lo no berço
- Não saberia o que é a imensa felicidade de ver um filho a dar os primeiros passos, a comer sozinho, a andar de bicicleta, ou ler um livro inteiro pela primeira vez.
- Não saberia que o riso dos meus filhos, pode alegrar o pior dos meus dias
- Não saberia como um simples e inocente olhar de espanto, me derrete o coração
- Não saberia o quão fantástico é assistir diariamente à evolução de uma criança que eu trouxe ao mundo
- Não sentiria o orgulho de ver o meu filho a viver situações complicadas, e a desenvencilhar-se com base nos ensinamentos que lhe transmiti
- Não viveria a alegria desenfreada que é ver os meus filhos a triunfar.
- Não saberia o gratificante que é desafiar-me diariamente para ser uma mãe melhor.
- Não saberia que ser mãe ia ajudar-me a entender algumas questões por esclarecer desde a minha infância.
- Não saberia que ao transformar-me numa mãe ia encontrar uma versão mais profunda, mais forte, e mais verdadeira de mim própria.
- Não saberia o que é o amor incondicional dos filhos.
- Não sentiria a energia e a força desta poderosa forma de amar, que só uma mãe/pai conhece.
- Não saberia que a dor e as armadilhas que nos aparecem no caminho são superadas pela beleza, alegria e pelas maravilha desta viagem.
segunda-feira, 3 de março de 2014
Só isto? E o resto?
Há poucos dias, vi na tv uma imagem semelhante a esta.
E lembrei-me da primeira vez que fui ao Palácio de Mateus e a primeira coisa que procurei, foi exatamente esta escultura de Cargaleiro .Tinha a informação, de que se encontrava no lago fronteiriço ao palácio.
Afinal, a dita cuja descansa no espelho de água, mas para a descobrir muito tive de a procurar.
De tão pequena, podia ser confundida com uma folha de nenúfar.
Linda, efetivamente, mas ridiculamente pequena para aquele lugar. E pensei cá pra mim: só isto? E o resto?
Já me aconteceu noutras ocasiões, pensar o mesmo, quando as espectativas são muito altas!
Um dos meus sonhos de consumo (vá-se lá saber porquê, talvez de tanto ver o Dartacão), era dar uma voltinha de balão de ar quente. Gosto de aventura e pensei que devia ser o máximo.
E lá fui eu (obrigada filha linda da mãe).
Mas a desilusão foi maior que a dimensão do balão, que é muito maior do que eu pensava e onde íamos mais de vinte pessoas.
Adrenalina? Onde? Uma grande pasmaceira para quem gosta de emoções mais fortes. E pensei cá pra mim: só isto? E o resto?
Outra ainda, foi da primeira vez que fui aos pastéis de Belem.
Fila enorme, tarde de muito calor, eu pequena a cheirar o sovaco de turistas ávidos de provarem uma iguaria que lhes vendem como única, entrada no espaço e nem uma mesa disponível, compra de meia dúzia, pagamento que me fez uma enorme azia, e prova da coisa nos jardins de Belem, espaço meu preferido da capital e logo ali à mão, que aquilo tinha de ser provado rapidamente tal era a espectativa.
Nem sei que mais diga.....alem dos amargos de boca que o preço me deixou, direi que quando tiver vontade de comer pastéis de nata com vista para a torre de Belem, vou ao Mini Preço, compro um palheiro deles pelo preço de meia dúzia dos tais, e vou deliciar-me a come-los com as devidas precauções, não vá alguma gaivota acrescentar-lhes mais nata.
Mas os Pastéis de Belem são só isto? E o resto?
Há mais, mas fica para a próxima.
domingo, 2 de março de 2014
... da treta
Engraçado como os interesses económicos se sobrepõem às convicções religiosas.
Há umas décadas, era impensável um desfile de carnaval durante a quaresma.
Este era um tempo de reflexão, recolhimento e sacrifício.
Agora, e por culpa do S. Pedro, parece que, para não perderem tudo, algumas organizações de folias carnavalescas, vão adiar os desfiles desta semana para a próxima.
Ai se a minha avó fosse viva!
Há umas décadas, era impensável um desfile de carnaval durante a quaresma.
Este era um tempo de reflexão, recolhimento e sacrifício.
Agora, e por culpa do S. Pedro, parece que, para não perderem tudo, algumas organizações de folias carnavalescas, vão adiar os desfiles desta semana para a próxima.
Ai se a minha avó fosse viva!
sábado, 1 de março de 2014
Cada galo no seu puleiro
Pra quê por Jorge Palma a falar?
Deixem-no compor e cantar ( e beber, já agora) que é o que ele sabe fazer bem, mas não o deixem falar!
Deixem-no compor e cantar ( e beber, já agora) que é o que ele sabe fazer bem, mas não o deixem falar!
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