Tínhamos um terreno com uma casa em ruínas e queríamos vende-la. A nós dava despesa e trabalho, as filhas têm a vida noutros sítios e não fazia sentido termos aquilo ali só porque sim. Foi herança, sim, mas não havia apego, não me dizia nada. Assim que pusemos à venda, eu sempre disse que se conseguíssemos vender nunca mais lá ia. E conseguimos! Há dois ou três anos, inesperadamente, apareceram interessados. E com tanto interesse, que depois da escritura, a senhora foi ao carro e apareceu-me com uma planta linda e uma caixa de bombons. Achei inusitado mas o mais surpreendente foi quando a sra. olhou pra mim e disse: "D. Helena, obrigada por nos dar a possibilidade de adquirirmos a casinha dos nossos sonhos". Quê??????? Aquela casa velha? De sonho??? Dois hectares de terreno? Fiquei abesbilica!!! Bem, passados estes anos, tenho a dizer que nunca fui tantas vezes aquele sitio, que a casa está em reconstrução e que de cada vez que lá vamos, já que ficamos amigos dos novos proprietários, eu sinto que aquele sitio sempre foi deles e que apenas por acaso tinha sido minha. Ajudamos na logística que podemos, já que o casal mora fora de Portugal e há sempre alguma coisa a resolver, receber, enviar, fazer. Os sonhos têm medidas imensuráveis. Ainda bem. Que o deles os faça muito felizes.
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