domingo, 20 de agosto de 2023

Amarga realidade, em português doce do Brasil

 "UMA TRISTE REALIDADE

No final da tarde fria, recebo a visita inesperada dos meus dois filhos. Um é médico, o outro engenheiro. Ambos bem sucedidos em suas profissões.
Há menos de uma semana, sofri a morte da minha amada esposa. Ainda me sinto abalado pela perda que mudou o rumo e o sentido da vida para mim.
Sentados na mesa da sala de uma casa simples e simples, onde moro agora sozinho, começamos a conversar. O tema é sobre o meu futuro. Um frio está me correndo pelas costas. Logo eles tentando me convencer de que o melhor pra mim é viver em um lar de idosos.
Eu reajo... Argumento que a sombra da solidão não me assusta e a velhice, muito menos. Mas meus filhos insistem "preocupados"? Lamentam, entretanto, que as dependências dos seus amplos apartamentos à beira-mar estejam ocupadas e, portanto, eu não possa estar nem com um, nem com outro... assim dizem eles. Além disso, meus filhos e noras vivem ocupados. Então eles não teriam como me ver. Isso sem contar com meus netos, eles estudam quase o dia todo, impossível.
Em meu favor, argumento já sem muita convicção que, nesse caso, eles bem poderiam me ajudar a pagar uma cuidadora. Na minha frente, o médico e o engenheiro dizem que seria necessário, na verdade, "três cuidadoras em três turnos e todas com carteira assinada". O que seria, em tempos de crise, uma pequena fortuna no final de cada mês.
Me recuso aceitar a proposta de morar em um abrigo. E aqui vem outra sugestão: eles me pedem que eu devo vender a casa.
O dinheiro servirá para pagar as despesas da casa para onde eu vou por um bom tempo, para que ninguém se preocupe. Nem eles, nem eu.
Eu me rendo aos argumentos por não ter mais forças para enfrentar tanta ingratidão e frieza. Fechei meus lábios e não falo do sacrifício que fiz a vida inteira para financiar os estudos de ambos. Não digo que deixei de viajar com a família para algum passeio, frequentar bons restaurantes, ir a um teatro ou trocar de carro para que nada lhes faltasse. Não valeria a pena alegar tais fatos nessa altura da conversa. Daí, sem dizer uma palavra, eu resolvo juntar meus pertences. Em pouco tempo, vejo uma vida inteira resumida em duas malas. Com elas, embarco para outra realidade, muito mais difícil. Um lar para idosos, longe dos filhos e netos.
Hoje nos braços da solidão reconheço que pude ensinar valores morais aos meus filhos.
Mas não consegui transmitir a nenhum dos dois uma virtude chamada GRATIDÃO.
A culpa é nossa pelo quanto sempre lhe estamos dando o que eles querem ou pedem, quando devemos ensinar-lhe que eles devem "ganhar".
O quê? Trabalhando com esforço, ajudando a limpar a casa, cozinhar, lavar louça etc. , para quando chegarem a adultos saibam que as coisas se conseguem com esforço e sejam responsáveis e gratos, amem seus pais por terem ensinado a serem bons filhos.
A juventude atual te procura quando quer algo, quando precisa de você, mas como é lógico existem suas exceções.
A gratidão tem que ser forjada, não vem incluída no coração dos humanos, a não ser que tenha sido incutido amor e temor a Deus em primeiro lugar.
Peço desculpas por manifestar o que penso, mas devem saber que quando se tornarem "velhos" vão querer ser bem tratados pelos seus filhos e/ou netos e isso não se consegue com dinheiro mas sim com a bondade plantada nos seus corações.
Haverá pais que estão a tempo de forjar sentimentos.
Deus tenha misericórdia das novas gerações.
"Para os últimos tempos haverá filhos amadores de si mesmos, indiferentes, egoístas, vangloriosos, desleais que gozam da injustiça e se afastam da verdade"»
(anônimo)
Todas as reaçõe
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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Morreu a D. Nazaré

 Nasceu em pleno Ribatejo, em familia abastada, em S. João da Ribeira. De baixa estatura mas coração imenso, deixou em todos os que com ela privaram, uma lição de cidadania inesquecível. Teve uma vida longa e cheia. De anos, de apego à sua terra e de força e resiliência para a divulgar, de sonhos e vontades, e, essencialmente, de obra feita. Tanto haveria a dizer sobre esta mulher e tanto seria tão pouco. Morreu a ultima "senhora" de S. João da Ribeira. Foi a enterrar, em campa rasa, ao som do Fadinho do Ti Januário, magistralmente tocado ao acordeão pelo João Zambujo. As proximas palavras, são do Grupo de Danças e Cantares de S. João da Ribeira

"IN MEMORIAM

O Grupo de Danças e Cantares de São João da Ribeira soube hoje do falecimento da sua Presidente de muito tempo, a D. Nazaré Varela – desaparecimento que sentimos com muita dor.
A nossa querida Nazaré Varela, ilustre filha de São João da Ribeira, pegou no Grupo de Danças e Cantares de São João da Ribeira na década de 90, transformou-o, integrou-o na Federação do Folclore Português, tornando-o num dos dignos representantes do folclore ribatejano. Líder inata, preocupada com a preservação da memória da terra que a viu nascer, sonhou com um Museu em São João da Ribeira que fosse o guardião dessas memórias. Nasce assim, através da sua liderança, o Museu Rural e Etnográfico de São João da Ribeira, de que todos nós temos muito orgulho.
Acompanhou o grupo até muito recentemente, orientando-o sempre na feitura dos seus trajes, os últimos ainda este ano. As palavras aqui escritas não chegam para descrever o quão importante esta Senhora era para nós, fica aqui a grata lembrança deste grupo que, pode dizer-se, a sente como uma mãe, e que ela, com toda a certeza, sentia como um filho!
Fica a memória daquela referência que envergava o seu trajo, cópia de um de sua avó, com o maior orgulho, interpretação e sentimento. Fica a memória daquela voz materna que apresentava o Grupo em palco, como só ela sabia fazer.
Ouvimos hoje, como ontem, a sua voz a despedir-se, tendo por trás a doce melodia do seu Fadinho do Ti Januário.
O Grupo de Danças e Cantares de São João da Ribeira endereça à família as mais sentidas condolências e um abraço reconfortante nesta hora de despedida.
Nunca com tanta propriedade se pode afirmar: morreu alguém em São João da Ribeira.
Não será esquecida!
Requiescat in pace
O velório realiza-se a partir das 18h de hoje, realizando-se missa de corpo presente às 21 h, na Igreja de São João da Ribeira (segunda-feira). Dia 1 de Agosto (terça-feira), às 9:30h, dá-se a última encomendação, seguindo para o cemitério de São João da Ribeira.
A Direcção"
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