Quem me conhece, sabe que sou pouco (nada) dada à espiritualidade. Recentemente, fui desafiada a fazer uma peregrinação a Fátima. Pessoa que gosta de desafios e conhecer os seus limites, anuí, não sem algumas reservas. Reservas, apenas, em relação à minha capacidade fisica para tão grande empreitada. Dois dias antes, fiquei um dia sem comer, por conta de uma grande lambarice. Comi uma quantidade enorme de nêsperas e fiquei com as entranhas às voltas sem conseguir engolir nadinha. No dia seguinte, uma constipação das grandes, dores no corpo, indisposição desgraçada tudo junto com duas noites mal dormidas. Mas no dia combinado lá fui. Diminuída nas minhas capacidades físicas e anímicas, lá vou eu, convencida de que nos primeiros quilómetros cairia pro lado. Ná!!!! Primeiros dez quilómetros num ápice e sem nenhuma dificuldade. Subir serra e descer serra, já com a lingua quase de fora, mas muito bem acompanhada e cheia de vontade de superar o papão da distância. Até aos vinte quilómetros a coisa foi andando. Até que, a malta quis parar para comer e descansar durante mais tempo do que até ali. E foi o nirvana! Comer, beber, despejar a bexiga, rir, brincar, malta SÓ faltam pouco mais de dez quilómetros! É verdade que nos deu algum ânimo, mas tambem é verdade que, fisicamente, não foi fácil voltar a "aquecer". A partir dali, foi a dificuldade. E mais dificil ainda foi chegar è entrada de Fátima, ali mesmo a tirar foto à placa e ter pela frente quase três quilómetros. Até ali, apesar de termos seguido trilhos assinalados para peregrinos e não termos avistado nem um ponto de apoio ou até, no mínimo, um banco de pedra pra nos sentarmos a beber água, chegados a Fátima, tudo se repetiu. Da placa até ao santuário, nem um banco. Precisamente quando os peregrinos mais necessitam de um pequeno descanso. Nalguns sítios, nem passeio. Só terra com pedras soltas, o caus para os nossos pés já tão doridos e cansados. Já no santuário, não há trocos pra quem comprar velas. Se quiser pode enfiar a porra da nota dentro da greta, mas "AQUI NÃO HÁ TROCOS". Fiquei com a convicção de que em Fátima, tudo gira à volta do lucro à custa de quem, em sofrimento pelos mais variados motivos, ali procura apoio e ajuda. Deceção completa.
Mas, apesar de tudo, afirmo com o maior orgulho, que foi um dos melhores dias da minha vida. Partilhar dificuldades, superar medos e espectativas, criar uma relação de união tão peculiar, fez aumentar entre nós uma certeza de que juntos somos mesmo mais fortes. Apertamos laços e ficamos mesmo com a certeza de que deviamos ter sempre presente UM POR TODOS E TODOS POR UM. Obrigada filhas! Obrigada Sr. A! Foi um dia de boas aprendizagens. E muitas certezas.
E conseguimos ❤️
ResponderEliminar