Não têm conta, as vezes que eu ouvi esta frase às minhas avós. Elas que, tendo nascido pobres, ainda mais empobreceram com a guerra. Passaram fome, assumidamente. Quando depois da revolução, elas próprias começaram a ter "regalias" inimagináveis, nunca acreditaram que tanta fartura aparecia assim de graça. Era certo que alguem tinha que pagar tamanha abundância. Ora, não sendo elas, tinham que ser os filhos ou os netos. E isto está a compôr-se no sentido de eu ter de dar-lhes razão numa altura em que pensava que a dívida era a fundo perdido. Estamos, mesmo nós os pobres, mal habituados. Com a inflação a subir, a guerra à porta, o clima a mudar, o planeta a rebentar pelas costuras, na iminência de sermos obrigados a mudar hábitos, comportamentos, mentalidades. Sem que nos dessemos conta, viviamos numa fartura desnecessária e fútil, que está a dar razão às minhas avós.
Dou-me conta desta realidade, quando as gatas vêm a correr da rua e me entram porta adentro pra cagarem em casa em "areia" absorvente e perfumada. Ai se as minhas avós vissem uma coisa destas!
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