domingo, 24 de julho de 2022

A gente podia...

A gente podia poder costurar o tempo,
Bordando em cima dos erros
Para que eles sumissem.
Costurar as pessoas
Que gostamos pertinho.
Costurar os domingos,
Um mais perto do outro.
Costurar o amor verdadeiro no peito
De quem a gente ama.
Costurar a verdade
Na boca dos seres.
Costurar a saudade
No fundo de um baú
Para que ela
De lá não fuja.
Costurar a auto estima bem alto,
Pra que nunca ela caia.
Costurar o perdão na alma
E a bondade na mão.
Costurar o bem no bem
E o bem sobre o mal.
Costurar a saúde na enfermidade
E a felicidade em todo lugar ...
(Janaína Cavallin--)

quarta-feira, 20 de julho de 2022

De Joaquim Pessoa

 O amor é um poema.

Dói e canta cá dentro.
Tem a filosofia das árvores, a lição do mar,
os ensinamentos que as aves recolhem
quando migram para lá dos desertos,
de onde hão-de regressar mais sábias e seguras.
O amor é uma causa.
Uma luta excessiva com a divindade dos dias
e a sua fogueira obscura.
Mas também contra o mistério de si mesmo,
uma paz que nos dá o cansaço e a loucura infeliz da felicidade, esse primitivo terror dos sinos que tocam
como um aviso aos densos nevoeiros súbitos do mar.
O amor é uma casa.
Erguida com os beijos,
com os versos da noite
e o gemido das estrelas.
Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo,
a nossa intuição,
a nossa vontade,
sobretudo o nosso instinto e a nossa sabedoria.
Onde se acende e brilha a luz suplicante da pele comprometida dos amantes.
O amor é um gigantesco pequeno mistério,
uma estranha generosidade que faz com que,
quanto mais damos, com mais ficamos para dar.
Só o amor é o elixir da juventude.
Não esse que sempre se procurou
nas indecifráveis fórmulas dos antigos livros de magia
e de alquimia,
mas aquele que está tão perto de nós
que por vezes o pisamos sem reparar."



quinta-feira, 14 de julho de 2022

Ontem..

 ... a ouvir as recomendações da DGS (refeições leves e mais frequentes, muitos liquidos.. ), à hora do lanche, dei por mim a comer uma sandes com duas boas fatias de presunto. Não era a gozar com eles, claro. Era a gozar comigo!

segunda-feira, 11 de julho de 2022

quarta-feira, 6 de julho de 2022

"Não será no meu tempo, mas isto vai pagar-se tudo!"

 Não têm conta, as vezes que eu ouvi esta frase às minhas avós. Elas que, tendo nascido pobres, ainda mais empobreceram com a guerra. Passaram fome, assumidamente. Quando depois da revolução, elas próprias começaram a ter "regalias" inimagináveis, nunca acreditaram que tanta fartura aparecia assim de graça. Era certo que alguem tinha que pagar tamanha abundância. Ora, não sendo elas, tinham que ser os filhos ou os netos. E isto está a compôr-se no sentido de eu ter de dar-lhes razão numa altura em que pensava que a dívida era a fundo perdido. Estamos, mesmo nós os pobres, mal habituados. Com a inflação a subir, a guerra à porta, o clima a mudar, o planeta a rebentar pelas costuras, na iminência de sermos obrigados a mudar hábitos, comportamentos, mentalidades. Sem que nos dessemos conta, viviamos numa fartura desnecessária e fútil, que está a dar razão às minhas avós. 

Dou-me conta desta realidade, quando as gatas vêm a correr da rua e me entram porta adentro pra cagarem em casa em "areia" absorvente e perfumada. Ai se as minhas avós vissem uma coisa destas!