"Meu testamento de Poeta, quero
Que fique na pureza destas ilhas,
Gravado pelas ondas sem sossego.
Para que o leia o sol,
E o vento,
E quem gosta da Vida em movimento,
– Só escrito
Nestas folhas de espuma e de granito.
Em versos com medida das marés,
Rodeado de cor e solidão:
Talvez tenha beleza a doação,
E sentido…
Talvez que finalmente eu seja ouvido,
E cada herdeiro queira o seu quinhão.
( A riqueza que tenho,
Só em fraga despida
E com velas à vista
A posso dar a alguém…
Sou artista
Por humana conquista
E por me ter parido minha mãe. )
Mas se ninguém quiser o meu legado,
Nestes penedos, recusado,
Terá asas em cima…
Asas abertas sobre cada rima
De silêncio salgado.
Aqui, portanto, fique,
Como um ovo num ninho de saudade.
E que ninguém o modifique.
Só este texto indique
A minha última vontade.
*
Deixo…
(os poetas, coitados,
Têm quintais de papéis arrumados
E barras de oiro… quando a tarde cai… )
Deixo…
Mas a herança aqui vai.
*
Nenhum de nós desista, se é verdade!
Ligado às próprias achas da fogueira,
Mantenha-se por toda a eternidade
Senhor da sua inteira liberdade
..................... "
Sem comentários:
Enviar um comentário