quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Ano Novo

 Ficção de que começa alguma coisa!

Nada começa: tudo continua.
Na fluida e incerta essência misteriosa
Da vida, flui em sombra a água nua.
Curvas do rio escondem só o movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento
Ano Novo - Fernando Pessoa

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Salinas - Mediação

 


Conheço o Luis há mais de trinta anos. E na época, até tinhamos uma grupeta jeitosa prá rambóia e muito nos divertimos. Era um rapaz com sonhos e ambições mas com uma timidez e insegurança que atrapalhavam. O tempo, esse grande aliado, foi passando e acrescentando autoconfiança.  Agora, gosto tanto de o ver com sonhos concretizados e confiança no futuro. Gosto tanto do Luis!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Inverno



"Apagou-se a fogueira.
Que frio na lareira
Do coração!
Neva
Na solidão
Da vida.
E o vento traz e leva
Um recado de eterna despedida.

Amor! Amor!
Sei ainda o teu nome redentor,
Chamo ainda por ti a cada hora!
Arde outra vez em mim
Como ardias outrora,
Os dias de ventura.
Não me deixes assim
Nesta algidez de morte prematura."

Há pessoas que é bom receber nos nossos sonhos

 Vi o Xico Gaivota a subir a arriba e esperei por ele. Dois dedos de conversa e segui para ver Bordalo II concluir um trabalho gigante. Piquei um pé numa borda de alguidar azul e enterrei o outro na lama enquanto seguia ao encontro da D. Josefina de Penha Garcia. E lá estava ela, ainda a cheirar aos seus filhós sem açucar, naquela conversa doce e sábia que nos cativa. Seguimos as duas, lado a lado, beira rio, que afinal era o Vez, ali nos Arcos, estávamos nós junto ao Hotel Ribeira. Abri os olhos (e os ouvidos) e estava a cantar um jovem tambem tocador de concertina, com a dança de um rancho folclórico a acompanhar. A seguir veio uma miuda cantar fininho, até esganiçada, dentro de um jogo de luzes que a prendia como se a castigasse. Voltei a fechar os olhos, na esperança de ainda apanhar a D. Josefina nos passadiços. E lá iamos as duas até ao Soajo, não fosse eu acordar com mais umas esganiçadelas.

sábado, 19 de dezembro de 2020

Poesia...


 

"Para as águas poder remar

A poesia do pescador

É o silêncio

É esperar

É o peixe pra pescar"

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

No cemitério (!!!!!!)

 Durante uma caminhada com a M., fui à veterinária comprar um medicamento para os cães e ela ficou à minha espera no cemitério. Fiquei de ir lá ter com ela. Meia hora depois, lá estava eu à procura dela e já a pensar que tinha desistido de esperar e tinha ido pra casa. Mas afinal, lá andava ela, debruçada nas campas a ver fotos e datas de nascimento e de morte. Quando me viu disse-me "caramba! Já sou mesmo muito velha. Conheci esta malta toda! olha esta que nasceu em 1899? Lembro-me bem dela". Perante estas inesperadas curiosidades, dei por mim, tambem à procura (e a encontrar) pessoas que morreram de velhas, há imenso tempo, mas das quais me lembro bem. E andamos nisto, até olharmos uma pra outra e nos desmancharmos a rir já com medo que começasse a chover e estarmos na iminência de ficarmos encharcadas. Ainda andamos nisto mais de uma hora. Que programão!!!!!!!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Algumas horas e muitas lágrimas

 

Dois livros, uma história. Muitas histórias. Gosto desta escrita em que a ficção e a realidade se misturam.
Dois livros imperdíveis. Porque nunca é demais falarmos do holocausto!

sábado, 12 de dezembro de 2020

Em tempo de pandemia

 -Então Papoila, achas que o Pai Natal te vai dar o que tu lhe pediste?

-Sim, penso que sim. Ele até já me escreveu. Sabe tudo sobre mim.....

-Escreveu? Não sabia que ele tinha tempo pra responder às cartas das crianças! Deve andar muito cansado, coitado.

-Pois deve! E pertence ao grupo de risco!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Chove

 


Chove.

Mas, afinal, já chove há muitos anos...
O mundo dos meus pés nunca se move
Sem chuva, tristeza e desenganos...
Apesar disso,
Lembro-me perfeitamente bem
Do luminoso sol de certo dia...
Um lindo sol que doirava
Num toco que rebentava
Uma folha nascia.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

domingo, 6 de dezembro de 2020

Dia negro!

 Hoje morreu a F. Lembro-me do dia em que ela e o S. chegaram com os dois filhos mais velhos. Os outros nasceriam depois. Na verdade, não os vi nesse dia. O que tenho na memória, são os bancos e a mesa que alguma carroça tinha trazido e deixado na curva antes da casa que viria a ser a deles. Pintados de azul turquesa, em monte com mais uns trainecos. Eles ficaram amigos dos meus pais e, mesmo quando mais tarde sairam do país atrás de uma vida um pouco melhor, era na nossa casa que vinham passar as férias de verão. Eram para nós como familia. O S. já morreu há alguns anos. Agora foi a F. Fazem parte da minha história. Para sempre!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Este Natal...

 

... talvez não haja presépio cá em casa, nem árvore, nem outros adereços natalícios. Mas um raminho de gilbardeira haverá sempre. Apanhá-la, cada vez mais difícil, sempre foi um ritual de Natal dos pobres. 
E para mim, é mesmo o símbolo desta quadra.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Outra das coisas menos más que a Covid impôs...

 ... e que eu acho maravilhosa, foi o fim dos cumprimentos com dois beijinhos a todos e mais alguns. Eu cá, mesmo se o bicho sucumbir, nunca mais vou cumprimentar com beijinhos pessoas de quem não gosto. Tenho escrito!