sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O tempo e os tempos

 É curioso como com o avançar da idade (coisa linda de se escrever), o nossa noção de tempo vai variando. Como eu me lembro, se lembro, como há quarenta e tal anos a meia hora do telejornal durava uma eternidade e a Gabriela nunca mais chegava. Naqueles trinta minutos, eu jantava e corria para a casa da M que tinha uma televisão a bateria.  Quando lá chegava ainda o jornal não tinha acabado. Entretanto, se a bateria ficava fraca, lá via o Nacib e o Mundinho desmaiados e todos torcidos, mas ainda assim ficavamos ali coladinhas (o aparelho era minúsculo) até aquilo acabar. 

Ora bem, telejornal de trinta minutos. Trinta minutos!!!!!!!!!!! Mai nada! E já era uma eternidade. Mas ficavamos a saber as noticias todas e fresquinhas. Até porque só havia um por dia e no dia seguinte tambem só durava trinta minutos e as noticias não se repetiam. Não se repetiam! 

Mandões dessas coisas das noticias dos canais todos, ide ao museu da RTP, ponde os olhinhos nos antigos telejornais e imitai os vossos camaradas desse tempo. Dai, por favor, a mesma notícia no maximo umas vinte vezes por dia. Vá lá, vinte vezes. Agora telejornais de duas horas com noticias esticadas até não serem noticias e ficarem uma parvoíce,  repetidas em todos os serviços informativos, enfiai-as naquele sítio por onde saem os flatos e o resto, combinados? E canais só de noticias??? Pois podeis pô-los exatamente no mesmo sítio! Pelo mesmo motivo. Dão vómitos porque uma pessoa fica enjoada de ouvir a mesma coisa centenas de vezes da maneira mais parva possível.

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