Ontem, fiquei mais de meia hora na fila para entrar num estabelecimento comercial. À minha frente, estava uma mãe com um filho de três anos. Como (quase) todas as crianças daquela idade, também aquela estava impaciente. Chorava, esperneava, esmurrava a mãe e dizia palavrões.
As minhas memórias mais remotas, são de quando eu tinha dois anos. Idade que eu nem gostava de dizer que tinha. Dois anos era idade de bebé e eu não era um bebé. Quando fiz três anos, fiquei tão contente que me punha na rua a jeito de me perguntarem a idade e eu poder dizer que já era uma miúda crescida. Para meu desgosto demorou muito alguém fazer-me essa pergunta e eu sentia-me envergonhada por pensar que toda a gente ainda pensava que eu tinha dois anos. Lembro-me perfeitamente dos meus pensamentos naquela idade. E não eram de bebé! Tinha sonhos e ambições de pessoa crescida e uma visão da realidade que, agora, à distância de mais de cinquenta anos, chego a pensar que nunca fui criança.
Ontem, ao olhar para aquele menino, tive vontade de falar com ele, como eu, quando tinha três anos, gostaria que falassem comigo.
Só não sei se ele iria gostar!!!!!!!
Daqui a cinquenta anos, do que será que ele se vai lembrar de quando tinha três anos?
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