Vi hoje, por acaso, uma reportagem sobre os habitantes de Ribeira de Baixo que vão ver as suas casas engolidas pela barragem do Alto Tâmega. E apesar de não ser de lágrima fácil, chorei com eles. Para cada uma daquelas pessoas, a sua casa não caiu do céu. Uns, emigrantes, trabalharam duramente e pouparam durante anos para cumprir o sonho de ter um teto seu. Outros, sem coragem de sair da sua aldeia, foram ficando e sobrevivendo com dificuldade, construindo devagar a casa que agora vão ver desaparecer para que alguns ganhem milhões. Chocou-me que por serem tão poucos e tão frágeis sejam tão facilmente esmagados. Não perdem apenas as casas. Perdem o seu espaço, as suas arvores, o seu horizonte. E vão embalando o pertences na maior tristeza, como um castigo pesado. Sem pressa. A adiar o adeus.
A vida daquelas pessoas jamais será a mesma.
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