segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Muita água vai passar por cima daquelas casas

Vi hoje, por acaso, uma reportagem sobre os habitantes de Ribeira de Baixo que vão ver as suas casas engolidas pela barragem do Alto Tâmega. E apesar de não ser de lágrima fácil, chorei com eles. Para cada uma daquelas pessoas, a sua casa não caiu do céu. Uns, emigrantes, trabalharam duramente e pouparam durante anos para cumprir o sonho de ter um teto seu. Outros, sem coragem de sair da sua aldeia, foram ficando e sobrevivendo com dificuldade, construindo devagar a casa que agora vão ver desaparecer para que alguns ganhem milhões. Chocou-me que por serem tão poucos e tão frágeis sejam tão facilmente esmagados. Não perdem apenas as casas. Perdem o seu espaço, as suas arvores, o seu horizonte. E vão embalando o pertences na maior tristeza, como um castigo pesado. Sem pressa. A adiar o adeus.
A vida daquelas pessoas jamais será a mesma.

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