Nasci, e passei a minha adolescência e parte da juventude neste lugarejo para onde voltei há uns anos.
Quando cá morava com os meus pais, não havia luz elétrica nem água canalizada. Mas isso não nos impedia de termos casa de banho e água nas torneiras (só era preciso algum engenho). Também sem luz, nunca deixei de ler um livro num serão ou tricotar uma camisola numa noite, se me apetecesse vesti-la no dia seguinte. Todos sabíamos que ter "luz e água" era bem melhor, mas vivíamos normalmente sem grandes problemas.
Entretanto o tempo passou, eu saí daqui, e a luz e água chegaram. E como tudo o que é bom, tornaram-se imprescindíveis.
Ontem, ironicamente, faltou a luz. E era curioso ver a aflição desta gente.
Uns, aflitos porque já tinham os pés frios. Outros, indignados por não poderem ver "a quinta" não sei de quem. Outros ainda, preocupados porque não tinham micro-ondas para aquecer os restos do almoço. Eu, que já não sei viver às escuras, confesso que também não achei graça nenhuma. Mas fartei-me de rir, da nossa aflição a procurar o numero para ligarmos para a EDP.
Foi meia hora diferente.
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