Tenho a sorte de dormir bem e raramente ter sonhos menos bons.
Mas esta noite, tive um tão bom que até fiquei aborrecida quando acordei. Queria mais.
Estava em casa da minha avó. Na cozinha. Que estava igual.
A mesma porta grande, que aberta deixava entrar o sol até ao armário azul turquesa com prateleiras forradas de folhas de jornal.
A arca pequena, logo à entrada, coberta com uma cortina de chita (nem sei como consegui lembrar-me dos pormenores da chita, já que no sonho era igualzinha, mesmo), a caixa da costura, que mais não era do que a gaveta de uma máquina antiga que por lá havia em tempos e que o meu avô vendeu a um cigano qualquer por uns dez tostões, para poder comprar mais uns copos de vinho, a cadeira pequena, pintada de azul, e o cheiro.
O cheiro da casa da minha avó.
A ela, não a vi. Mas estava lá. Eu sentia-a.
Tive tanta pena de acordar.
Sem comentários:
Enviar um comentário