Já aqui escrevi como é poético viver no campo.
Mas para que fosse ainda mais perfeito, teria eu de conseguir comunicar, fazer-me entender, pela bicheza que me cerca.
Ora vejamos: ao parvo do sapo verde que me veio aqui parar, sabe-se lá porquê, convencia-o de que essas coisas do acasalamento, ou pretensão ao mesmo, devem ser uma coisa íntima, mais silenciosa, quem sabe resultava melhor e eu, coitadinha, podia dormir tranquilamente toda a noite, sem ter de ouvir tamanho ruído, vindo de um ser tão minúsculo.
As moscas, tentava convencê-las a irem procurar um sítio mais badalhoco e com bostas com fartura (nem tinham de voar muito), e onde poderiam viver e reproduzir-se à vontade, já que por aqui há uma máquina de destruição implacável.
As melgas, essas tontas, com tantos lares de carnes tenras, teimam em não sair daqui, onde só há carnes duras.
Os caracóis, essas lebres disfarçadas, bem faziam, se ficassem no terreno do vizinho a comer a erva tenra, em vez de me subirem pelas paredes e serem dizimados pela minha arma de destrição massiva.
Os cães, bem podiam ficar bem caladinhos toda a noite, deixando dormir sua dona toda noite, já que podem ladrar à vontade que eu nem me mexo para me certificar do porquê de tanta algazarra. E mesmo que sejam larápios, bem podem calar a matraca, não vão levar com um balázio na tola.
As gatas, essas tolas, nem se lembram que já foram pelintras e esfomeadas, por isso com um estômago pequenino. Assim que se levantam, toca a encher o bamdulho até não caber mais, e a seguir vomitam tudo. Lá teria eu de lhes explicar que comendo pouco de cada vez ficava tudo lá dentro, e sua dedicada dona não teria necessidade de limpar vomitado das fofas por causa de sua gula.
Era isso, e deixarem de cagar mesmo ao pé das minha alfaces.