sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

(Mais um)Balde de água fria(gelada)

Não sou uma daquelas mulheres que foram mães por acaso. Não tive filhos porque calhou ou porque via os outros tê-los, nem sequer para mostrar aos outros que conseguia ser mãe.
Tive filhos porque quis. E quis o destino que fossem meninas e logo duas de uma vez. Para mim foi o primeiro prémio da lotaria.
No meus tenros e ingénuos vinte anos, estava convicta que seria a mais perfeita mãe do mundo.
Tudo fazia por elas, não só no momento, mas principalmente tendo em conta o futuro. Que eu queria que fosse perfeito e cheio de coisas que o meu presente não tinha. Era esse o meu objetivo na vida.
Mas o trabalho, elas e tudo o resto, roubaram-me o tempo, a energia e o discernimento para conseguir os meus objetivos. Isto sei eu agora. Naquela época  não me dei conta.
Há dias, uma delas disse-me que, na escola tinha sido vitima de buling.Oi?
Fiquei gelada, e tão sem importância, tão nada, que tive vergonha da mãe que fui.
Então como é que eu não percebi?
Porque é que ela não me disse?
Por mais vontade que tenhamos, nenhuma mãe consegue ser perfeita, sem falhas.
Hoje, também ela tem uma filha.
E tenho a certeza que quer ser a melhor mãe do mundo.
E tenho a certeza que tudo vai fazer por isso.
E tenho a triste certeza que não vai conseguir.
E a minha angustia é maior ainda, antevendo o momento em que ela vai descobrir isso.
É a vida!

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