Há precisamente 25 anos, um familiar meu muito querido, o J., convidou-me para comemorar o meu aniversário num piquenique no monte de S. Brás, perto da Nazaré.
E lá fomos nós, família e amigos, a caminho da Nazaré, sem sabermos para o que íamos.
Todo o caminho, levei na mão o bolo que a minha a miga P., tão querida (ahahahaha), tinha feito, e que tinha de ir ao colo, para não estragar a cobertura.
Quando chegamos, fiquei espantada com a quantidade de gente que por ali já estava. Milhares mesmo.
Cada um faz a sua fogueirinha, assa o que tem a assar, e confraterniza ali, ao ar livre. Naquele dia estava bom tempo, e depois da comezaina, subimos todos o monte, que não é para todos, mas sabe bem depois de tanto nos empanturrarmos.
Mas o que marcou o dia, e ainda hoje é lembrado, foi o corte do bolo.
A P., como já disse, tinha-me posto o bolo no colo e recomendado até à exaustão, que o levasse bem direitinho e nunca o mexesse. E eu assim fiz, agradecida à P. por ter tido tanto trabalho a fazer um bolo tão bonito e que me fez crescer água na boca todo o caminho. Eu queria lá saber do chouriço ou das febras! Eu queria era ferrar o dente naquele bolo. O meu bolo de aniversário.
Na hora de o partir, começou tudo a ficar um bocadinho estranho.
Como estava tanta gente, apesar de nos agruparmos e de o pinhal ser enorme, estávamos, ainda assim, muito perto de outros grupos.
A P. agarrou no bolo, na faca, e perguntou, alto e bom som, quem queria partir e ficar com a primeira fatia.
Alto! Mas aquilo não era o meu bolo? A aniversariante não era eu? Porque raio é que alguém havia de querer partir o meu bolo e ficar com a primeira fatia?
No grupo ao lado, uma nazarena, de sete saias, muito solicita (leia-se intrometida) gritou logo que podia ser ela, e de faca em riste, lá vai ela direitinha ao meu bolo.
Eu já fazia caretas, que aquilo já me estava a fazer azia, mas quando a fulana, com toda a gana, tentou enfiar a faca no meu bolo, quem começou a fazer caretas foi ela. E tentava outra vez e nada! O raio da faca não entrava. E tentava novamente e nada. Até que começamos todos a rir, já a perceber o que tinha acontecido: o bolo era falso. A sério mesmo, só a cobertura. Acabamos todos à gargalha, não comemos bolo, mas ninguém ficou incomodado. Estavamos no carnaval, e a P. tinha feito uma partida das dela. Foi divertido e ainda hoje nos rimos.
Livra! Ainda bem que a parva da nazarena se prontificou a cortar a primeira fatia, a gulosa, senão quem tinha feito um papel ridículo tinha sido eu.
Rimos o resto da tarde, e por onde eu passava, só ouvia "lá vai a do bolo falso".
Hoje também há festa de S. Brás, no mesmo sitio, e o J. bem me convidou. Mas está tanto frio!!!!!
A quem for, um bom dia.