Das poucas coisas boas que guardo da minha infância, umas das melhores é a do meu primo E.
Com mais de dez anos de diferença, era como se fosse um irmão mais velho.
Chamava-me marota e dava-me titos. Tito, era um gesto carinhoso, umas festinha nos olhos com as costas da mão. Quando foi para a Guiné, escrevia-lhe a contar todas as novidades e num dos natais que lá passou, fiquei em transe quando o vi na televisão a mandar beijinhos para todos nós.
Entretanto também eu fiquei adulta e a vida afastou-nos.
Ontem, recebi a notícia de que tinha falecido.
E chorei de saudades e talvez de remorso de não o contactar há tanto tempo.
Porra! Como é que morando a menos de três quilómetros não o via há anos?
Entretanto soube que era boato e fiquei tão aliviada que me apeteceu subir a ladeira de terra batida que em linha reta torna as nossas casas distantes apenas pouco mais de um quilómetro.
Hoje já vou tratar de saber dele e tentar remediar o meu desleixo.
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