Quando as minhas filhas eram pequenas, moravam na nossa rua um casal de gémeos mais ou menos da idade delas.
Eram filhos da D.E. e do Sr. J. de quem gosto muito e já aqui falei.
Ora bem, como os pais tinham uma mercearia os putos entupiam-se de doces, claro!
Espertos, chegaram a ir a minha casa enquanto eu estava na loja dos pais, as minhas filhas abriam-lhes a porta e quando eu chegava, saltavam pela janela para que não os visse lá dentro. A mãe, atarefada nem dava pela falta deles, mas eu, penca grande e boa memória olfativa, detetava o cheiro a sugos imediatamente.
Eles cheiravam a sugos.
Uns doces que nem sei se ainda existem, mas cujo cheiro de aroma sintético e enjoativo os impregnava.
Adiante!
No fim de semana comprei um champoo novo, marca conhecida, que, dizem eles, não deixa que esta humidade persistente deixe o cabelo em carapinha e pegajoso.
Ontem foi a primeira vez que o usei.
E o cheiro do raio do champoo fazia-me lembrar qualquer coisa...
Quando me deitei, toda a cama, aliás, todo o quarto, ficou com aquele cheiro enjoativo e eu continuava a achar que já o conhecia e que alguém tinha aquele cheiro.
E pensei que talvez fosse alguém que usasse o mesmo champoo e passasse as melenas perto do meu nariz.
Mas foi preciso adormecer para que se fizesse luz.
Sonhei com o I. e a B.
E quando acordei fiquei com saudades.
Não sei se do cheiro a sugos, se de ter menos vinte anos, se de ter as minhas filhas ainda crianças....
E pela primeira vez, gostei do raio do cheiro dos sugos.
Beijinhos B. e I.
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