Quando somos jovens e passamos a ter a nossa casa, há uma certa preocupação com a decoração. Isto é piroso ou não está na "moda", aquilo é demasiado ostensivo, aqueloutro foi alguem por quem não temos grande simpatia que nos deu, lá vamos (íamos) nós todos lampeiros, comprar revistas de decoração pra ficarmos com umas "luzes" do que era mais correto. Nós os pelintras! Porque quem tem posses contrata um decorador e tem o assunto resolvido. Hoje olhei com atenção pra minha sala e pus-me a pensar o que resta do inicio da nossa primeira casa. Nada!!! Porquê, pergunto-me eu? Não preciso de pensar muito na resposta, claro. O que compramos pra nossa primeira casa, esforçámo-nos por que se enquadrasse nos "parâmetros" da época. Agora, mais de quarenta anos depois, que se lixem os parâmetros. Tantos anos depois, tanta vida depois, tantas pessoas depois, gosto de me sentir rodeada de coisas, que para alguns serão apenas tralha, mas que me abraçam com lembranças especialmente boas. Aquilo que alguem muito querido me ofereceu, ou o que foi comprado naquele sitio especial e me trás boas memórias, aquela peça que me encantou porque foi obra de uma pessoa especial, os móveis que fui herdando, os que fui encontrando no lixo e recuperei, outras coisas com outras histórias mas que me aconchegam. Me fazem feliz e sempre acompanhada pela "vida" de cada uma. Adoro a minha casa!
Aqui, não há decoração. Há aconchego!

