domingo, 31 de dezembro de 2023

Desabafos de uma totó

 Para uma agnóstica como eu, o Natal, é apenas uma grande confusão, luzinhas, musiquinhas, prendinhas, hipocrisiazinhas, merdinhas, e coiso e tal. Exceção ao aniversário de Papoila mais crescida que teve a pontaria de nascer a 24 de Dezembro e faz a data ter outra cor. Mas, espiritualidades à parte, as festas (como se costuma dizer), são uns dias tramados pra saudade. Talvez pela idade avançada, já tenho muitas lembranças, muitos natais tão diferentes dos de agora. Se eu bem entendo, o presépio, símbolo do natal, é a autentica representação da humildade. Não da ostentação. Que saudades de quando não havia pai natal! Daquela noite interminável até à manhã em que íamos à chaminé com tanta emoção ver o que o menino jesus nos tinha trazido. Até das simples couves com bacalhau da ceia. E da azáfama dos fritos à lareira. Dos coscurões da tia D, das azevias da tia N. Cheirava a Natal. A simplicidade. No dia 25, o meu pai vestia as calças de terilene, a camisa de tv, o melhor casaco e ia à missa tão sério, tão solene, como se o menino jesus fosse da nossa família e todos estivéssemos de luto. O almoço era melhorado, sem exageros. Comia-se a melhor galinha, com sorte um arroz doce feito sem vontade pela minha mãe e os chocolates que o aniversariante nos tinha enfiado chaminé abaixo. À tarde, como bons cristãos, distribuíamos as nossas guloseimas pelos ainda mais pobres a quem jesus não tinha descoberto a morada. Ou a chaminé, vá.

E agora fico-me por aqui, não vá isto dar chuva de lágrimas. E não é por hoje me ter esparrameirado no chão e ainda levado uma mocada com um tijolo na tola. É que me faltam as pessoas que já foram. E nesta altura, vá-se lá saber porquê, estão ainda mais ausentes.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Deve ter uns vinte anos

 

Mas é, das três, a mais brincalhona. E não é à toa que dorme bem perto dos seus pompons.
Querida Mimi! Estou a aproveitar todos os momentos com ela, consciente de que não será por muito mais tempo.