Não há dúvida de que nos últimos anos, com o aparecimento de
novas formas de comunicar, as relações humanas foram alteradas. A todos os
níveis. Os filhos já saem de barrigas que foram alugadas, os amigos são
virtuais, o ensino pode fazer-se à distância, as pessoas conhecem-se nas redes
sociais, há programas de televisão que casam casais que nunca se tinham visto,
e é melhor ficar por aqui. E o mais espantoso, é que há todo um mundo de
experts a ensinar a melhor forma de conviver com tudo isto. Li hoje um artigo,
onde se aprende a seduzir nas redes sociais. O que vestir, a cor que vestir,
como se posicionar, como sorrir, onde se fotografar, como olhar e que de preferência
se deve ter por perto um animal de estimação quando se quer uma foto de perfil altamente
sedutora. Ou seja, a foto de perfil, segundo o artigo, funciona praticamente
como as montras no Bairro da luz Vermelha em Amesterdão.
Dá-me vontade de rir, lembrar-me de como se seduzia quando
eu era moçoila. Se é que se podia chamar sedução a um sorriso tímido, um olhar
envergonhado, umas bochechas vermelhas quando o olhar era correspondido, uma
dança mais apertada no bailarico da Sociedade Recreativa ao som do acordeão do
Pardal, uma saia mais curta que as mães tapavam com o xaile quando nos sentávamos,
uma pasta que caia no chão e deixava os livros todos espalhados no chão para
que alguém nos ajudasse a apanha-los (uma pasta, era uma espécie de capa de livro, só usado
pelos mais “crescidos” que já andavam na escola Comercial , imitava pele, com uma espécie de pirogravura de
caravelas, do Vasco da Gama ou de outra figura qualquer. A minha tinha uma
caravela), um toque fortuito no autocarro e mais umas parvoíces
ridículas.
Caramba! O que isto mudou!