Entrei para o ensino secundário no conturbado ano letivo de 74/75.
Todos os dias havia plenários, manifestações, reuniões disto e daquilo e aulas....poucas.
Os professores tinham de aproveitar a liberdade recém adquirida e os alunos mais velhos, seguiam-lhes os passos. Aos mais novos como eu, apanhados naquele turbilhão e parvos de dar dó, restava aproveitar as poucas aulas de professores que não queriam saber de manifestações pra nada.
Logo no inicio do ano, numa dessas raras aulas, um dos professores(ou professora, já não me lembro), perguntou a todos nós o que queríamos ser quando fossemos "grandes".
Eu, nem me lembro o que respondi, mas uma colega, muito espevitada, respondeu que queria ser prostituta.
Mas que raio será isso de ser prostituta?-pensava eu, ingénua, com os meus doze anos.
Penso que nem ela sabia, mas deve ter ouvido ou lido aquela palavra e deve ter achado engraçado.
Quando ficou "grande", escolheu outra profissão, mas muitas vezes eu me lembro disto e é sempre motivo de risota.
E hoje lembrei-me outra vez, porque aqui bem perto há uma casa de putas e os excitados clientes vieram quebrar o silencio e quietude das noites deste lugarejo.
Já não bastavam as melgas e o calor.......