Há muitos anos atrás, fomos convidados para um fim de ano em Bragança.
Como anfitriã, a D. Carmen. Local, Donai.
Dormimos nesta casa com tantas mantas na cama que mal nos podíamos mexer.
Eram mantas de lã, feitas em tear com lã de ovelha.
Na cozinha, os enchidos emanavam um cheiro a sabores autênticos e apetecíveis.
Na loja (rés do chão), as vacas aqueciam as dependências superiores com o seu bafo quente.
Na época, não havia telemóveis. E para meu espanto, o telefone publico era (literalmente) dentro de um curral. Era uma cabine de telefone normal, mas dentro de um curral. E completamente às escuras. Foi hilário estarmos num curral a falar ao telefone com dezenas de lanternas (os olhos dos bichinhos) apontadas para nós.
Ficamos vários dias e foi engraçado presenciar hábitos tão diferentes dos nossos.
Era a nossa primeira vez em Tás os Montes e ainda hoje as minhas filhas recordam com entusiasmo aqueles dias.
Como não tinha uma máquina boa e queria registar tudo, pedi uma máquina emprestada ao meu amigo A. que foi super simpático e me emprestou uma máquina como deve ser, marca boa e toda XPTO.
Mas ambos nos esquecemos de uma coisa fundamental: ele ensinar-me, e eu aprender a lidar com aquilo.
Claro que tirei dezenas de fotos.
Quando cheguei fui logo mandar revelar os rolos e...para meu espanto, não ficou nem uma que se aproveitasse.
Passados mais de vinte anos, voltei lá.
À porta, a D. Carmen e a filha, agora mulher feita.
Foi visita rápida mas muito agradável a comprovar a amizade adquirida há muito.
A casa, segunda habitação, está praticamente em ruínas.
Mas agora já com uma máquina minha, pude captar imagens daquela casa onde me senti tão aconchegada e bem recebida.
Obrigada D. Carmen.
Donai fica a poucos quilómetros de Bragança e merece uma visita.
Hoje, com este calor, lembrei-me de Trás os Montes e deste cantinho perdido no tempo.